Em seu primeiro filme de longa- metragem, François Truffaut buscou
referencias em sua própria biografia.
Em “Os Incompreendidos”
(Les quatre cents coups), Truffaut buscou contar a sua historia de vida, para
isso criou um alter- ego, Antoine Doinel, um jovem que como a própria
tradução já aponta é incompreendido principalmente por duas das
principais instituições da sociedade: A escola e a família.
O primeiro aspecto a ser analisado é a trilha
sonora, Truffaut utilizou da música incidental para criar uma
criar a atmosfera presente no filme durante grande parte do filme, este
elemento contribui para que os telespectadores embarquem no universo fílmico em
sua totalidade. A música acompanha o personagem principal de modo que podemos
observar outros elementos tais como a Montagem.
A utilizar a montagem narrativa linear, Truffaut permite
que conhecêssemos o enredo sobre a perspectiva do jovem Antoine (Jean-Pierre Léaud),
suas angustias e sentimentos.
Neste momento, Truffaut utiliza outro
artifício: O movimento de câmera panorâmica acompanha o protagonista,
descrevendo o ambiente em que ele se encontra.
Para evidenciar o sentimento de inadequação vivido
pelo protagonista, principalmente nas cenas ocorridas no ambiente escolar
neste momento é utilizada a câmera alta (plongeé) para demonstrar a
opressão de Antoine perante seu professor.
Outro momento em que esse recurso é utilizado é
quando a mãe de Antoine (interpretada por Claire Murier vai ao reformatório visitá-lo,
para dizer a ele que desistiu dele.
Por outro lado nas cenas em que Antoine aparece
cometendo pequenos delitos ou faltando aula, acompanhado pelo amigo René,
é utilizado a câmera baixa (contra-plongeé), com o intuito de
demonstrar o espírito livre e rebelde de Antoine.
A cena final é no mínimo instigante: Antoine foge
do reformatório, a câmera Panorâmica acompanha o seu trajeto,
até que ele entra no mar, brinca e o filme termina com Antoine “encarando”
o telespectador. É realmente uma maneira singular de terminar o filme.
Segunda parte da análise:
Incorporar e
entender os elementos:
O filme “Os Incompreendidos” é claramente uma
obra com um sentido emocional antes de tudo. Ele (O filme) arrebata o
espectador pela identificação com o universo fílmico e neste aspecto, a
música tem papel fundamental no sentido de que ela “Guia” o protagonista e
exprime através do som seus sentimentos e questionamentos.
Porém a música não trabalha sozinha, em conjunto
com a montagem (a organização da cena, os planos...) para alcançar o objetivo desejado.
A montagem neste caso é linear, o que permite que acompanhamos a vida de Antoine
em “tempo real”, a música então funciona como um “apoio” a montagem e
sobretudo ao enredo. A música é um dos principais (se não o principal)
responsáveis pelo processo de imersão do espectador no filme.
Com o espectador tendo comprado a idéia (assistir
ao filme) , é necessário ambientá-lo.
Para isso entra em ação o movimento de câmera panorâmica
que descrevendo os ambientes pelos quais Antoine passa
nos permite compreendê-lo com mais clareza.
Os ângulos de câmera plongeé e
contra-plongeé são utilizados para evidenciar os momentos de inadequação ,tanto
na escola , quanto na família (plongeé) e os momentos de liberdade ao lado do
amigo René . Assim conhecemos as “duas faces” da personalidade de Antonie :
por um lado um jovem “rebelde” por outro um adolescente comum a fim de
estabelecer laços.Todos estes elementos constituem juntos a beleza de “Os Incompreendidos”.
De modo geral podemos dizer que a trilha “nos
convida” a assistir , a montagem “nos arrebata” , os movimentos de câmera nos
introduz a historia e os movimentos de câmera nos geram compaixão e
carinho pela historia
.
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