sábado, 10 de dezembro de 2011

When You´re Strange



O cinema tem a capacidade de eternizar as coisas. Foi com esse pensamento que os integrantes remanescentes do grupo The Doors, Ray ManzarekRobby Krieger e John Densmore, que junto com o diretor Tom Dicillo produziram esta que foi planejada para ser a “Biografia definitiva” da banda, ao contrario do filme dirigido por Oliver Stone lançado em 1991, que acarretou inúmeras críticas dos fãs e integrantes dos doors pela sua falta de compromisso com o real.

O documentário começa de uma maneira inteligente: um fã sósia de Jim ouve a noticia da morte de Jim no radio e logo a câmera salta para uma sucessão de rápidas imagens da banda em ação terminando assim o prólogo do documentário.
O documentário mostra todas as fases da banda, desde o inicio quando Jim e Ray eram estudantes de cinema na UCLA, até o inicio do sucesso repentino.



A narração de Johnny Depp torna tudo ainda mais intenso por assim, quando ele diz “os anos 60 começaram com um tiro” para evidenciar o contexto em que a banda se encaixava no momento em que surgiu: O movimento da contracultura, movimento estudantil, a luta pelos direitos civis, a guerra no Vietnã.

Trazendo imagens raras de entrevistas, bastidores e apresentações, o diretor utiliza de montagem paralela para relacionar a trajetória da banda com os acontecimentos sociais, afinal o The Doors foi à banda de uma geração inteira da juventude dos anos 60 e todos os seus ideais.
O foco desse documentário é o The Doors enquanto banda por isso suas vidas pessoais são pouco mostradas, apenas quando tem alguma relação com o grupo.
A montagem paralela é usada frequentemente no filme, seja para fazer um paralelo com o movimento de contracultura seja para mostrar as noticias que o sósia de Jim ouve no radio sobre sua morte.
Composto de inúmeras imagens era natural que houvesse uma “seleção” do que era seria destaque, para isso Tom Dicillo utiliza a elipse de tempo, pois do contrario, a duração de uma hora e 25 minutos do filme não seria suficiente.

O filme desconstrói os integrantes da banda como mitos, especialmente Morrison, é fiel a realidade em todos os momentos, ao contrario do filme de Oliver Stone que construiu uma versão caricata de Jim e excluiu os demais integrantes da banda do filme, os colocando como “elenco de apoio” na narrativa do filme.

Composto de ricas imagens de arquivos, bastidores, performances ao vivo e gravação de discos, Tom Dicillo foi criterioso na escolha das imagens, priorizando os mais importantes como a apresentação no Ed Sullivan show quando após a banda sofrer uma tentativa de boicote na letra da canção “Light my Fire”, devido ao trecho “Girl, we couldn't get much higher” que em tradução seria: Garota não poderíamos estar mais chapados”, fazendo alusão ao uso de drogas. Jim ignorou o pedido do apresentador e cantou a musica exatamente como ela estava escrita, assim a banda foi banida do programa.

Outros momentos importantes retratados no documentário que é impossível de destacar: os incidentes em Miami e Long Island, sendo o de Miami o mais sério, pois Jim foi condenado por atentado ao pudor e linguagem obscena.

O filme expõe sem pudores a fragilidade de seus integrantes, os problemas de relacionamentos, o vicio em drogas etc.

O álbum “Waiting for the Sun”, que marcou um distanciamento das origens da banda e houve a recusa do produtor em colocar o poema musicado de Morrison “a celebração do lagarto” em um dos lados do disco.

 Mais uma vez Tom Dicillo utiliza a montagem paralela para visualizar o poema narrado por Johnny Depp em off, alias, a narração de Johnny em todos os momentos é absolutamente incrível, foi um grande acerto do diretor chamá-lo para ser o narrador.
A restauração das imagens merece aplausos. Nem parece que as imagens têm mais de 30 anos.

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