segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A Mulher de Todos






Rogério Sganzerla era um grande entusiasta da sétima arte e seus filmes são o reflexo dessas referencias que o cineasta trabalhava a seu modo. Uma prova desse seu universo é “A Mulher de Todos” seu segundo longa-metragem.


Contando a história de Ângela Carne e Osso(Helena Ignez) uma mulher em busca da liberdade sexual o diretor retrabalha os clichês da chanchada e da comédia pastelão a sua maneira utilizando metáforas e frases de efeito.


Sganzerla mergulhou a fundo munido de inúmeras referencias para realizar este filme em que desconstrói os clichês e regras pré-concebidas ao produzir um filme essencialmente metalinguístico(não é raro cenas dos personagens “conversando com a câmera), diálogos non-sense(“eu quero ir pra ilha dos prazeres” ou “me paga uma cuba” combinados a uma maneira muito particular de filmar adotando o corte seco,uso de trucagens e closes.

A arte do universo de Sganzerla estava em criar um universo estilístico muito particular ao mesmo tempo em que seu cinema era um caldeirão de referencias e citações. A figura do narrador aliado as frases de efeito constituem a “tensão dramática” de seu filme ao mesmo tempo que o espectador esta ciente de se tratar de uma coqueluche pela forma satírica que o diretor constrói tanto a estética quanto a narrativa de seu filme.

Ao adicionar uma narração estridente acompanhada de uma trilha incidental de suspense entre outras  Rogério promove a desconstrução e brincadeira entre os próprios gêneros cinematográficos. Sua ideia era desconstruir para criar sua própria forma de contar aquela história e assim prestar um tributo referenciando os signos e os gêneros do cinema. Abusando de diálogos criativos como “eu sou Ângela Carne e Osso, a inimiga número  1 dos homens, “eu gosto é dos boçais” ou “eu sou um bitolado” Sganzerla construiu um filme altamente pop com ótimas sacadas ao beber em fontes diversas. Desde o cinema de pornochanchada a comédia pastelão passando pelo cinema de suspense e as revistas em quadrinhos.



O roteiro é dotado de uma excelente veia cômica da melhor qualidade,sendo capaz de utilizar os clichês de gênero já batidos de uma forma nova e revigorante.


Os personagens construídos por Sgangerla são os arquétipos comuns aos clichês de gênero mas que em suas mãos ganham luz própria ao adotar uma veia satírica. Helena Ignez faz de Ângela Carne e Osso aquela mulher libertaria quase uma mulher maravilha as avessas.  Jô Soares faz de Plirtz um tipo bonachão divertido sendo o ator capaz de rir de si mesmo. Stênio Garcia faz de Flávio Azteca o legitimo homem primata, aquele das cavernas. O interessante de observar é a naturalidade em que os atores transitam no universo pop de Sgangerla.




A verdade é que Rogério Sgangerla construiu um filme divertido,pop,referencial e autoral ao mesmo tempo. “A mulher de Todos” pode representar um ícone do feminismo mas também representa um cinema autoral do mais alto nível onde o diretor presta uma homenagem as artes ao seu estilo.





   

Um comentário:

  1. Na época quando participei do curso do cinema brasileiro pelo Cena Um, queria ter assistido esse filme.

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