domingo, 22 de dezembro de 2013

Cine Holiúdy



O Longa-Metragem “Cine Holiúdy” é acima de tudo uma homenagem ao Cinema e os seus mais diversos gêneros. O filme de Halder Gomes retrata a luta do exibidor Francisgleydisson(Edmilson Filho) para manter o cinema vivo frente a popularização da TV na década de 70 no interior do ceará.


“Cine Holliúdy” é construído para ser uma grande e divertida sátira ao universo cinematográfico e cumpre seu objetivo com louvor emanando graça e magia.

O Diretor Halder Gomes aposta na simplicidade e na imaginação ao dirigir este grande e divertido tributo a sétima arte. Com uma direção de atores delicada e uma grande habilidade em compor e trabalhar os planos dotado de uma grande agilidade( não só no que diz respeito a direção mas também ao domínio da narrativa) Gomes surpreende o espectador a todo o momento pelo elemento surpresa que acomete o longa. Acontece que o diretor, tendo já brilhantemente conquistado o espectador já nos primeiros minutos de filme dado a riqueza da história, a delicada construção de cenas e o carisma de seus atores se dá o direito de ousar. Ousar em vários aspectos: No corte rente dos planos, na sobreposição de cenas e na inclusão de efeitos provenientes do desenho animado causando uma quebra na estrutura dramática e no fluxo narrativo da história.


Para administrar todas estas “quebras de fluxo” e dar sustento narrativo á história, o longa possui uma montagem paralela poderosa que mantêm o espectador inerte aquele determinado plot narrativo para depois voltar a elas. Voltando a questão da agilidade na composição fílmica , o diretor adota uma agilidade muito perspicaz nas cenas apostando em uma miscelânea de linguagens e signos audiovisuais incorporado a trucagens fílmicas e a um humor característico do ceará.

     Halder Gomes brinca com os gêneros e signos do cinema a todo o momento em “Cine Holiúdy”. Essencialmente uma comédia metalinguística e um tributo a sétima arte o longa se converte ao explorar outros gêneros incorporando-os a sua narrativa. De comédia satírica a um Road Movie passando pelo cinema de ação, o longa desafia o espectador a decodificar os signos do cinema a todo o momento se tornando uma interessante brincadeira entre o filme e os personagens- bem como ao espectador.


A fotografia do longa a cargo de Carla Sanginitto explora as belezas naturais da paisagem bem como um Road Movie exige. Utilizando um granulado na maioria do tempo que realça a beleza das imagens convertendo-as em um elemento narrativo poderoso para a construção fílmica do longa. Essa conversão fica explicita em uma cena em especial no qual Graciosa(Miriam Freeland) a esposa de  Francisgleydisson(Edmilson Filho) tem sonhos. Considerado um “Ponto de Virada” do filme estes sonhos envoltos em uma atmosfera onírica possuem um tom azulado especial para demarcar a sua importância para o andamento do filme.


O roteiro escrito por Helder Gomes tem um humor muito característico. Os diálogos e referencias possuem uma forte veia cômica acentuada. A linguagem adotada no longa(que apresenta legendas por contêm expressões características do povo cearense) é fortemente “carregado nas tintas” da comédia se tornando uma experiência engraçada, emocionante e (muito) divertida.

  
O elenco inteiro esteve exímio em suas interpretações e confortável em seus devidos papéis mas é necessário destacar quatro nomes: A começar por Edmilson Filho, a graça e o talento que o ator dispõe para a comédia que surge aqui de maneira natural aliado a sua habilidade criativa de fonética e imitação. Além disso, Edmilson a forma com que o ator humaniza Francisgleydisson nos faz embarcar no sonho do personagem de maneira impar e acompanhar sua saga vidrados no enredo do longa.


Miriam Freeland faz de Graciosa a esposa de Francisgleydisson o esteio do filme. Miriam interpreta uma mulher forte e batalhadora e ao mesmo tempo dotada de um humor muito sutil. A atriz soube trabalhar todas as nuances de sua personagem com maestria resultando em uma atuação emocionante.

Joel Gomes que interpreta Francisgleydisson Filho o filho dos personagens de Edmilson Filho e Miriam Freeland impressiona pela graciosidade e pela rapidez de sua veia cômica. Articulado e de raciocínio ágil o ator faz uma boa dupla com Edmilson além de estabelecer uma relação cênica com ele e Miriam Freeland baseada na afetividade.


Roberto Bomtempo é um show á parte do filme. Interprete do prefeito Olegário Bomtempo atua de maneira demasiada cômica e de forma deliciosamente caricatural o que cai muito bem ao personagem resultando em uma performance divertida e altamente engraçada que com o imenso talento e carisma que o ator empresta ao personagem conquista o público logo de cara.




“Cine Holiúdy” é um ótimo filme. Leve e despretensioso é uma grande homenagem a arte cinematográfica e os seus gêneros. O filme nos conquista pela sua simplicidade e emoção e nos faz querer mais. Além disso, “Cine Holiúdy” é a prova de que pode(e deve) haver uma abertura no Cinema Brasileiro para explorar outras praças além do habitual Rio- São Paulo e uma amostra do mais competente Cinema Autoral.




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