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sábado, 1 de março de 2014

Trapaça


Iriving Rosenfield (Christian Bale) é um trapaceiro por natureza. Com pequenos negócios fraudulentos e no mercado de falsificações de arte. Tudo muda quando Irving e sua amante e parceira Sidney(Amy Adams) são recrutados pelo policial do FBI Richie DiMasso(Bladley Cooper) em uma operação que tem como objetivo prender políticos corruptos.


Depois  do “feel good movie” “O Lado Bom da Vida” David O. Russel da uma virada interessante em sua carreira com esse trilher com pitadas de comédia “Trapaça”.


“Trapaça” tem uma construção fílmica perfeita, com elaborada e cuidadosa reconstituição dos anos 70 e que garante um charme e elegância extra ao longa, além de contribuir para o clima de suspense do enredo. Dito isso, temos uma direção equilibrada de David O. Russel que sabe explorar com maestria os componentes e a construção estética do filme em sua totalidade.

Com sua direção ágil e delicada O. Russel comanda as cenas de forma harmônica explora os planos da melhor forma possível com um dinamismo impressionante que se encaixa perfeitamente com esse tom de suspense meio gangster que o filme possui. Russel é ágil, articulado , usa as trucagens com perfeição aliado a um excelente trabalho de montagem.

Tamanho dinamismo não se restringe a exploração total do plano mas também na forma com que Russel dirige seus atores. A forma ágil e enérgica que imprime aos planos é sensacional , isso sem contar a maneira fabulosa com que constitui o plano contra plano e o jogo de câmera. O uso dessa estética ágil e perspicaz que Russel imprimiu as determinadas cenas demonstra a genialidade e ousadia do cineasta ao dirigir em algo que me remeteu aos tempos áureos de Tarantino e Guy Ritchie em trabalhos como “Cães de Aluguel”, “Pulp Fiction” e “Jogos, Trapaças e dois canos fumegantes”.

Pensa que acabou? Não, até porque seria injusto deixar de citar a maneira sensacional com que David O. Russel evoca os flashbacks quando menos esperamos, sendo capaz de alterar o tempo fílmico num piscar de olhos.

Pra mim a música é 50% de um filme se não mais. Eu admiro a forma como alguns diretores fazem da trilha um elemento narrativo , tornando-o quase um personagem do enredo. Por isso, uma das coisas que mais me impressionou no trabalho do diretor foi a habilidade de David O. Russel em converter a música em um elemento narrativo e não puramente um adjetivo técnico foi maravilhosa . A maneira com que Russel manipulou  o som para que ele servisse ao propósito daquela cena. Às vezes se sobrepondo aos diálogos como um atropelo , outras vezes servindo como um pano de fundo mas nunca como um mero detalhe, e não poderia ser diferente quando se têm jazz e blues da melhor qualidade como trilha sonora.


É no roteiro escrito a 4 mãos por David O. Russel e Eric Warren Singer que “Trapaça” encontra o seu primeiro déficit. Um déficit temporal digamos assim. A alternativa de desconstruir o fluxo da narrativa e inverter a ordem do prólogo é brilhante, faltou apenas aos roteiristas o essencial: explicar isso ao espectador mas, logo depois o problema é corrigido e o roteiro de “Trapaça” segue um fluxo de agilidade impressionante carregado de grandes “pontos de virada”. Só é lamentável a longa duração do filme. Sério, o filme não precisava ter 2 horas, considerando que o filme é superlotado de “tempos mortos” na segunda metade ou no bom português Russel e Singer “enchem lingüiça” mesmo tudo pra resolver o filme nos cinco minutos finais e de forma apressada ainda por cima. Por quê?

Amy Adams(Sidney) e Christian Bale(Irving) demonstram química e impressionam pela maneira que encarnam ou melhor personificam seus personagens trabalhando as nuances com inteligência. Adams se sobressai ao imprimir uma sensualidade em sua Sidney. Ainda assim , Bale tem destaque pela composição e construção do personagem que personifica ou encarna, interpreta seria um termo muito simples para exemplificar a atuação do ator.

Bradley Cooper tem um outro grande personagem nas mãos dado por David O. Russel. Dessa vez, é um personagem de composição mais externa e visual e Cooper compõe e executa brilhantemente com suas diversas nuances, chegando a ofuscar o real protagonista(Bale)

Jennifer Lawrence(Rosalyn) tem uma atuação carregada nas tintas e meio “over” e afetada que combina perfeitamente com seu papel.  Lawrence trabalha dignamente , explorando bem todas as vertentes de seu papel. Ao passo que desta vez é merecedora do Oscar se vir a ganhar.


Tudo se encaixa quase que perfeitamente em “Trapaça” mas faltou aquele “plus” necessário a todo o filme. Fora o erro de desentendimento narrativo, faltou a “Trapaça” aquele “algo mais” talvez a sensibilidade que David O. Russel imprimiu em “O Lado Bom da Vida” mas “Trapaça” é bom filme apesar de seus pequenos percalços.


domingo, 17 de novembro de 2013

Jogos Vorazes: Em Chamas



Katniss(Jennifer Lawrence) e Peeta(Josh Hutcherson) se sagraram vencedores da edição anterior dos “Jogos Vorazes” em um feito inédito. Tal feito lhes garantiu tamanha popularidade pois irão embarcar na “turnê da vitória” mas desagradou as autoridades em especial o Presidente Snow(Donald Sutherland) que anuncia que os vencedores das edições anteriores dos “Jogos Vorazes” voltarão ao campo de batalha dessa vez no “Massacre Quartenário” uma edição especial dos jogos.

Um aspecto interessante em “Jogos Vorazes” é o fato de conseguir dosar entretenimento e reflexão crítica na tela grande(ainda não li os livros que originaram a série). Esses dois elementos tão carentes ao público jovem estão presentes de forma mais coesa nessa continuação “Em Chamas”.

O diretor Francis Lawrence (que substuiu o Gary Ross o diretor do filme anterior) concentrou seu trabalho em duas linhas paralelas que se complementam na tela grande. Por um lado Lawrence estruturou o universo fantástico em que a trama está inserida adotando uma narrativa ágil com sucessões rápidas de planos, elipses e corte seco.Lawrence ainda investiu em um trabalho de direção mais corporal digamos assim, apostando na dinâmica entre o elenco o que permitiu que utilizasse closes e planos próximos de maneira que os atores atuassem com naturalidade. O diretor induziu uma dinâmica que imprimiu agilidade nas cenas de ação mantendo a tensão dramática eminente. Lawrence realçou os três universos opostos que coexistem no filme: A pobreza e a luta pela sobrevivência representada por Panem, os jogos e a realeza representada pela capital e o universo televisionada do reality show com todo o glamour e a mise-en-scene proveniente da ocasião.

O diretor realizou uma direção com base no impacto tanto de ação dramática quanto visual e sonoro,além de corrigir as falhas do primeiro filme tornando mais coeso e palpável ao público. Só acho que ele poderia ter aproveitado melhor os planos , trabalhado-os mais. Nesse aspecto a agilidade da montagem pecou um pouco mas nada que prejudicasse a estrutura do filme.

Quanto a fotografia e o aspecto visual do longa podemos afirmar que ela funciona através de contrastes- aliás como todo o enredo. Na capital se usa cores vivas e vibrantes e abundancia remetendo aquele cenário ao um aspecto caricato. Já em Panem e durante os jogos utilizam-se cores frias como o azul e verde além de uma iluminação mais dura.

O som tem papel importantíssimo em “Em Chamas”. É ele que endossa a tensão dramática,reforçando a tensão iminente e anuncia a chegada do clímax da ação. O Som é impactante agregando tanto as cenas de ação quanto aquelas de suspense aumentando a sensação de tensão dramática no espectador. O som aqui inaudível reproduz o impacto narrativo de tamanha grandeza tal como o do filme.

O Roteiro escrito a 6 mãos pela autora dos livros Suzanne Collins , Simon Beaufoy e Michael Arndt é muito mais palpável ao espectador sem entretanto soar telegrafado.  O Grupo constrói o universo narrativo de forma exata transpondo o telespectador para dentro daquele universo.
 Um fator interessante no que diz respeito a construção dos personagens de “Em Chamas” é que são personagens ambíguos. Todos tem “dois lados” e transitam nessa linha tênue com destreza. Sobretudo, são personagens mais humanos com qualidades e defeitos.  Enquanto Katniss(Jennifer Lawrence) e Peeta(Josh Hutcherson) aprendem a controlar suas emoções e se tornarem seres selvagens realçando a emoção em momentos de segurança. Personagens antes controlados pela frieza emocional como Elfie(Elizabeth Banks) e Haymitch(Woody Harrelson) demonstram suas emoções. Haymitch, um personagem totalmente ambivalente tem suas emoções afloradas pouco a pouco enquanto Elfie(Elizabeth Banks) é uma personagem deliciosamente caricatural.

O elenco encabeçado por Jennifer Lawrence(Katniss) e Josh Hutcherson(Peeta) estão todos encaixados em seus devidos papeis e confortáveis em suas funções narrativas atuando com naturalidade.

Admito que demorei a aceitar Lawrence como a heroína Katniss mas bastou algumas cenas para a atriz se revelar a escolha certa pra esse papel pois foge do esteriotipo de heroína clássica. Katniss é uma personagem fora do padrão e Lawrence personifica a personagem de forma perfeita.
 Josh Hutcherson traz um Peeta mais humano nessa sequência. Mais aberto aos sentimentos não tanto racional como no primeiro filme. Lenny Kravitz ressurge irreconhecível como Cinna, o estilista de Katniss e Peeta. Tão irreconhecível que só fui sacar que era ele o ator ao ler a ficha técnica. Lenny compõe um personagem alegórico, fiel e com humor refinado carregando nas “tintas dramáticas” sem torná-lo over. O mesmo não pode-se de dizer de Elizabeth Banks. A atriz faz de Elfie uma personagem over sim mas de forma positiva. Elfie é deliciosamente carictural, over e estridente. Banks carregou na interpretaçao com gosto o que torna mais adorável a forma estridente que a personagem expõe suas emoções.


  Woody Harrelson também traz um Haymitch diferente nesse segundo filme.  Ainda ambivalente de natureza, o personagem está mais seguro e um pouco mais estável capaz de orientar Katniss e Peeta. Harrelson dosa os “ups” e “downs”do personagem garantindo um merecido destaque no longa.  A  grande surpresa no elenco atende pelo nome de Philip Seymour Hoffman. O ator interpreta  Plutarch Heavensbee um ex vencedor dos jogos ressaltando a ambiguidade do personagem envolto em uma áurea de mistério e falsidade aparente. Philip Seymour Hoffman entrega uma interpretação magistral do personagem se destacando pela magnitude que empresta ao personagem.


“Jogos Vorazes: Em Chamas” é realmente um filme de imensa magnitude e grandeza que ganha força por contrabalançar um entretenimento de qualidade contando com um universo estético e narrativo verossímil com reflexão crítica propondo aos jovens público-alvo do filme refletir e questionar. Ainda com o seu final de extremo impacto que deixou com vontade de mais.


  

   

    

  

   

    

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O Lado Bom da Vida




Pat (Bradley Cooper) é um cara com a existência em suspenso. Bipolar, perdeu a esposa, a casa e o trabalho. Obrigado a voltar a viver com os pais Patrizio (Robert de Niro) e Dolores (Jacki Weaver), Pat precisa reconstruir sua vida e deixar o passado pra trás e com a inesperada entrada de Tiffany Maxwell (Jennifer Lawrence), uma jovem viúva que ainda vive no passado, a sua vida, eles podem colocar a vida de ambos nos eixos novamente.


O diretor David O. Russel focalizou seu enredo na reconstrução pessoal de Pat (Bradley Cooper) e sua reintegração a sociedade ao mesmo tempo em que tente aceitar e tratar a sua visível bipolaridade. Por isso, investiu na câmera panorâmica e em cenas curtas e ágeis de modo a evidenciar a jornada pessoal do protagonista.

David também aposta em planos descritivos, justaposição de cenas e flashbacks munido de movimentos de câmera furiosos, sobretudo nas cenas em que fica evidencia a bipolaridade de Pat (Bradley Cooper).

O roteiro é atípico no sentido de que ele coloca o personagem principal retornando da clinica psiquiátrica sem que o espectador saiba o motivo da sua estada lá (além da evidente bipolaridade é claro).

O diretor opta pelo uso de elipses, flashbacks e flashforwards, além da já citada justaposição de cenas para construir o perfil psicológico de seu protagonista.


A montagem do filme deveria trabalhar a favor do roteiro e do seu potente enredo (e na maior parte do tempo trabalha). Entretanto, uma elipse mal montada acaba por se tornar o calcanhar de Aquiles de “O Lado Bom da Vida” que tinha tudo para ser considerado excelente.


A trilha sonora do filme aposta em 3 vertentes principais: a música instrumental, pop e folk de artistas com Steve Wonder e Jessie J(que canta a música tema do longa), conferindo assim um certo sentimentalismo nada barato ao filme.



Bradley Cooper interpreta Pat com uma vivacidade impressionante. Ao passo que administra muito bem as diversas nuances (e contrastes) de seu personagem. Bradley desenvolveu uma perfeita construção de seu expansivo personagem, inclusive nos altos e baixos do personagem. Entregando uma interpretação, sobretudo emocional.



Jennifer Lawrence imprime em Tiffany uma interpretação contida, mais fechada. Jennifer investiu em uma interpretação retraída que caiu como uma luva a sua personagem, tendo em vista que Tiffany vive os dissabores da recente viuvez (ainda que a sua maneira).

 Ao mesmo tempo, sua atuação contida funciona como um contraponto interessante á atuação expansiva de seu colega de cena, Bladley Cooper (Pat).


Robert de Niro e Jacki Weaver que interpretam o pai e a mãe de Pat respectivamente brindam o espectador com atuações inspiradas.

 Robert interpreta o patriarca nada convencional, porém metódico e que sofre de Toc (o que pode levar o espectador a pensar que a doença de Pat pode ter origem hereditária). Robert tem uma atuação festiva e vivaz que ilumina a tela.

Jacki Weaver interpreta a mãe de Pat de maneira afável, sendo a perfeita personificação da mãe clássica e também servindo de contraponto a atuação do seu colega de cena, Robert de Niro.

O resultado de “O Lado Bom da Vida” é um belíssimo e emocionante filme. Com um roteiro e direção delicados de David O. Russel, um elenco entrosado, sobretudo os protagonistas Bradley Cooper e Jennifer Lawrence e uma trilha sonora inspiradora, “O Lado Bom da Vida” tem tudo para vencer em quase todas as categorias as quais foi indicado, pois potencial o filme tem de sobra.