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quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Café Society


Lançando um filme por ano, Woody Allen tem o que chamamos de Estilo, ou “Cinema de Autor”, se preferirem. Suas histórias podem mudar, a ambientação pode mudar, pode ser Londres, Roma, Paris ou Los Angeles e a sempre amada e admirada Nova Iorque- como neste caso. Mas o fato é suas histórias continuam basicamente as mesmas na essência: Personagens neuróticos, entrechos amorosos, reflexões sobre o sentido da vida ou a busca pelos sonhos e objetivos.

Mesmo retrabalhando temas, Allen consegue fazer eles soarem frescos, e ainda magicamente encantadores. É o caso de “Café Society”, que se passa em 1930, durante a Era de Ouro de Hollywood.


O Jovem Bobby(Jesse Eisenberg), cansado da rotina na joalheria da família em Nova Iorque, quer se tornar um famoso roteirista em Hollywood, o que faz a mãe do rapaz, Rose(Jeannie Berlin), implorar ao tio do rapaz- e irmão desta, Phil(Steve Carell) por uma chance. Só que Bobby se apaixona pela secretária deste, Vonnie(Kristen Stewart), enquanto ela se apresenta a cidade ao jovem sonhador.


Woody Allen não mentiu quando disse que “Café Society” era como um romance, e que por está razão era o narrador da trama, desse romance. Café Society é um filme simples, mas mágico,delicioso e extremamente agradável de se assistir. Ouso dizer que é seu melhor filme desde “Meia -Noite em Paris”. O filme estrelado por Owen Wilson continua sendo o meu favorito de Allen, mas esse estrelado por um talentoso Jesse Eisenberg chegou perto, bem perto. Já garantindo um lugar entre meus favoritos.

Estruturado como um retrato, um recorte, ou mesmo como disse o próprio diretor, um romance sobre a vida de Bobby, “Café Society” é um filme sobre o fascínio, sobre o sonho dourado(afinal, a grama do vizinho é sempre mais verde, ou pelo menos aparenta ser. O longa é como aquele livro absolutamente encantador que você não quer que acabe, com aquele personagem que parece ser seu alter ego de tanto que nos identificamos com ele.

Woody construiu uma história repleta de magia, encanto e glamour. Ao assistir ao filme embarcamos numa atmosfera glamorosa de sonho. O sonho americano das mansões de Hollywood, das festas, das negociações, do ar estrelado, da magia do cinema de estrelas e diretores como Billy Wilder e Rudolph Valentino de um lado, a magia da Café Society, de outro, onde Bobby encontra o seu lugar ao sol. Allen pode rodar o mundo, Roma, Paris,Londres ou Barcelona, mas acaba sempre retornando ao seu lugar de origem. Ah, Nova Iorque, sempre Nova Iorque.


   Allen estruturou muito bem o seu enredo. De um lado, a era de ouro de Hollywood, de outro a típica família judia neurótica levemente disfuncional com seu humor irônico, sarcástico e mordaz característico. Tudo isso, unida a uma versão romanceada e satírica da máfia da época, através do irmão de Bobby, Ben(Corey Stoll).

De fato, Woody revisitou antigos trabalhos nesse novo filme. Do encanto com sonho dourado, ter uma profissão que não a sua, viver em um lugar- ou época que não os seus, remetem a “Meia-Noite em Paris”, o cinema e suas estrelas como modo de fascínio e entretenimento de “A Rosa Púrpura do Cairo”, do mundo das artes colidindo com a máfia de “Tiros Na Broadway”, ou ainda a magia e o encanto meio inocente de uma época vista com muito glamour como “A Era do Rádio”.


Allen imergiu o espectador em um universo mágico priorizando sua história muito bem construída, com pontos bem amarrados que se interligam, cuja estrutura remete ao clássico “Se Meu Apartamento Falasse” de Billy Wilder(observem o clímax do filme). Tudo isso somado a  conjunto de fatores que vão desde a montagem episódica, a belíssima fotografia que mescla um azul solar, com o dourado próprio do glamour entre outros tons, aos atores e a direção e o roteiro de Allen, que como sempre prioriza a dinâmica ator-texto, abusa dos closes e dos planos de conjunto.


O humor de situação,involuntário, mordaz, sarcástico e irônico de Allen se faz presente com Jesse Eisenberg assumindo o clássico alter ego do diretor mais uma vez. O ator faz de Bobby, um autentico jovem idealista e sonhador, mesclando a visão inocente do personagem sobre o mundo de glamour a qual sonha pertencer com um humor sarcástico, brilhando em situações em que Bobby falava com uma sinceridade desconcertante ou simplesmente agindo. O humor aqui, como grande parte dos trabalhos de Woody Allen, surge naturalmente das situações, sem grande esforço. Muitas vezes o personagem não falava nada, apenas uma pequena ação ou a constatação de um fato já provoca gargalhadas.

Os personagens estão em processo de construção ou desconstrução durante o filme. Assim, é delicioso ver Jesse Eisenberg(Bobby), Vonnie(Kristen Stewart) e Veronica(Blake Lively) e Phil(Steve Carell), desconstruírem as “personas” de seus personagens, ou apenas demonstrando novas facetas desses personagens, que afinal de contas são seres humanos, e a observação- por vezes sarcástica da alma humana é uma das matrizes da obra de Woody Allen. Talvez por isso o diretor tenha o amor e os inevitáveis encontros e desencontros amorosos como uma de suas marcas. Pois quando amamos, a alma humana fica naturalmente vulnerável, permitindo enxergar o seu interior com facilidade.


Por fim, “Café Society” é uma viagem deliciosa e mágica que Woody Allen nos proporciona. Ao nos fazer viajar para a era de ouro de Hollywood e para a efervescência da Café Society e acompanhar os sonhos de Bobby em meio ao glamour, Woody nós dá uma passagem para um universo encantador. Uma pena que a viagem é curta, como um bom livro que não conseguimos largar antes do fim, e quando acabamos, ficamos com gosto de quero mais.  Obrigado Woody, por mais uma viagem mágica, encantadora, sensível e delicada aos sonhos.     





  

domingo, 27 de março de 2016

Batman vs Superman: A Origem da Justiça


Uma das coisas que mais me incomodavam nos personagens da DC Comics é que eles eram muito “perfeitos”. Eles não tinham até então, problemáticas reais , erros, defeitos como todos nós. “Em Batman vs Superman: A Origem da Justiça” os personagens são humanizados, tonando-os mais interessante aos olhos do público.

O conceito de moralidade , dos “dois lados de uma mesma moeda” , permeia todo o filme. Bruce Wayne/Batman( Ben Affleck)e Clark Kent/Superman(Henry Cavill) estão de lados opostos com um cada um responsabilizando o outro pelas consequências que seus atos trouxeram para a sociedade. Porém , eles tem uma ameaça em comum:Lex Luthor(Jesse Eisenberg) que pretende usar a Krypitonita de um navio naufragado em seus planos, forçando assim os dois heróis a superarem as diferenças e lutarem juntos pelo bem comum.
O filme pode ser classificado tanto como uma narrativa de grande impacto visual, quando um grande estudo de personagens que fogem do maniqueísmo, desconstruindo uma “perfeição aparente” que costumamos ver nos personagens dos quadrinhos.

Zack Snyder dirige o filme com grandiosidade,destreza e agilidade  impressionantes Dando as sequencias de ação , o impacto , o dinamismo e a força bruta que elas exigem. Tudo na tela parece grandioso- e realmente é.

Com  uma atmosfera densa e soturna, auxiliada é claro, por uma excelente fotografia, o cineasta imprime um clima sombrio e de violência ao longa metragem no qual o realismo cênico das cenas impressiona. Apostado em cenas longas e cortes bruscos.  O resultado é uma narrativa visualmente instigante que impressiona não só pelo retrato sombrio de suas lentes , mas sobretudo pela capacidade de surpreender o público a todo o momento com elementos surpresa de grandiosidade, potencia visual e sonora ao nível máximo. Fazendo os desprevenidos pularem da cadeira a cada ataque inesperado.
 Sim, há destroços, há catástrofes e explosões(observem uma das sequências finais do filme), mas tudo é grandioso mas veromissel, por mais fantástico que o filme possa ser(afinal, estamos falando de super-heróis), o que quero dizer é que todas as sequências do filme, registradas de forma impactante pelo diretor que não economiza em retratar a brutalidade inserida naquele universo de forma ágil.

Por falar em brutalidade, é nos duelos corpo a corpo dos heróis que Snyder , um admirador do culto ao corpo se sai melhor .Nas cenas de luta, comandadas pelo diretor de forma excepcional é que podemos evidenciar não só o impacto da força bruta dos personagens, com duelos de tirar não só o fôlego mas também sangue e faíscas. Lá além de observarmos pela primeira vez a força dos personagens , percebemos também os seus diferentes conceitos de moral. Com um Bruce Wayne /Batman (Ben Affleck) , sanguinário , mas também amargurado e solitário e um Clark Kent/Superman(Henry Cavill) idealista e ético(seguindo sua própria ética, é claro).

Essa questão da moralidade e da ética é uma questão que percorre toda a narrativa. Evidenciando os dois lados , “Batman VS Superman” é um filme de opostos. Opostos esses muito bem caracterizados por Snyder na sua competente forma de dirigir , evidenciados pela montagem eficiente, imprimidos pela competente dupla de roteiristas Chris Terrio e David S. Goyer e defendidos por Affleck e Cavill de forma competente e verdadeira.

Mas os heróis desse filme, são personagens em camadas. Como se Batman e Superman fossem só mais uma das muitas personas de Bruce Wayne e Clark Kent. O Wayne impressionante de Affleck é sim um sanguinário, sim um milionário solitário com uma certa amargura, alguém que só no Mordomo Alfred de um Jeremy Irons seguro e inspirado confia. Bruce é um milionário amargo, solitário que começa a repensar as consequências mesmo que indiretas dos seus 20 anos de atuação como o homem-morcego de Gothan. Mas também é um milionário que sabe aproveita as boas coisas da vida, galanteador, principalmente diante da misteriosa Diana Principe(Gal Gadot). Affleck calou lindamente a boca dos hatters que protestaram contra sua escalação como o homem-morcego, construindo um personagem cheio de nuances e narrativamente mais interessante que o Superman da Cavill. Louco pra ver ele no filme solo do Batman que ele vai atuar, dirigir e escrever o roteiro. Além de bom ator, Aflleck é um talentoso roteirista e diretor(vide “Gênio Indomável” e “Argo”).

Jeremy Irons como o Mordomo e confidente Alfred , sábio para aconselhar Bruce/Batman mas estrategista e inteligente o suficiente para tomar o comando da ação quando necessário, e a bela e destemida jornalista Lois Lane de Amy Adams funcionam como a consciência de Batman e Superman respectivamente, os levando a refletir sobre as consequências de suas ações, sejam elas boas ou ruins. O Único personagem que não apresenta uma “outra face” é Lex Luthor , o maníaco inimigo do Super-homem e do Batmam por tabela. O Personagem não possui uma “outra face”, o que não quer dizer que o Vilão defendido por Jesse Eisenberg de forma brilhante não tenha camadas. Só que a sua loucura e insanidade está presente ali a todo o momento, desde o inicio. O Personagem não tenta esconde-la com uma outra persona, pelo contrário mostra ela a todo o custo, o que garante alguns dos melhores momentos de humor do longa metragem. Sua personalidade louca e insana só se agrava ao longo do filme até seu clímax.

No fim , Zack Snyder e sua equipe e elenco fizeram de “Batman VS Superman: A Origem da Justiça”, um filme bom , muito bom. Visualmente,tecnicamente e narrativamente falando. Só senti falta de duas coisas: A edição poderia ter um pouco mais de dinamismo, isso teria tornado o filme ainda mais empolgante do que já é. Mas a bela direção de Snyder faz esse trabalho com maestria , mas não custava nada uma ajudinha né? E de uma cena pós créditos. Mas a falta dela é proposital. Para aumentar nossa ansiedade para o filme da Liga da Justiça.