sábado, 23 de março de 2013

Grindhouse:Planeta Terror




Grindhouse é a alcunha dada aos filmes B de terror produzidos nos anos 70. Em foi com o intuito de prestar uma homenagem a esse gênero hoje em franca decadência que nasceu o projeto homônimo dirigido por Quentin Tarantino e Robert Rodriguez, contendo dois filmes sendo o primeiro “Planeta Terror” dirigido por Rodriguez.

A dançarina Cherry Darling (Rose Mcgowan) decide largar seu trabalho em um clube de strip-tease para perseguir o sonho de ser comediante. Após pedir demissão cherry vai ao encontro do ex-namorado El Way (Freddy Rodriguez). Porém, cherry é atropelada e atacada por zumbis. O mesmo acontece com Dakota (Marley Shelton) que sofre constantes ataques do marido William (Josh Brolin), sobretudo depois que ele foi contaminado com o vírus zumbi. Juntos os sobreviventes terão que lutar pela sua sobrevivência, cuja única alternativa é o extermínio da raça dos zumbis.

Há um certo “descuido” estético em “Planeta Terror”. O diretor Robert Rodriguez construiu um universo narrativo quase inverosímel para ambientar seu filme bem como reproduzir cenários marcados pela falta de cuidado visual para ser captado pela sua “câmera nervosa” marcada pelos cortes bruscos.
Ao produzir planos ágeis e utilizar elipses, Rodriguez tinha a intenção de provocar tensão dramática e mexer com o horizonte de expectativas do espectador ao dar ao enredo (bem como criar um “suspense”). Mas não é isso que acontece, pois o diretor executa o corte dos planos bem em momentos chave quebrando assim o clímax das cenas.

Robert Rodriguez “jogou nas onze” em “Planeta Terror”. Dirigiu, escreveu o roteiro, foi o responsável pela trilha sonora bem como pela fotografia. E foi nesse ultimo quesito que Robert realizou bem sua função (ainda que modestamente). Ao efeito de desfoque nas suas lentes (especialmente nas cenas de invasão zumbi) em meio ao fundo negro predominante. Esse efeito “borrado” dá ao filme uma característica “de baixo orçamento”, indo de encontro com a proposta do projeto “Grindhouse”: revitalizar o cinema de gênero.

O roteiro escrito pelo diretor Robert Rodriguez lembra muito os primeiros filmes de seu parceiro de projeto “Grindhouse” Quentin Tarantino, especialmente “Cães de Aluguel” e “Pulp Fiction” no sentido de que a estrutura do roteiro de ambos os filmes são muito semelhantes. Acontece que enquanto Tarantino utilizava suas referências à exaustão, porém convertendo-as á sua marca própria, Robert Rodriguez usa essas referências, não só de Tarantino como de outros filmes e diretores como uma colagem sem imprimir seu estilo.

O roteiro também tem muitas falhas de continuidade, (fato que se agrava com os cortes bruscos e elipses excessivas do filme) deixando o espectador confuso em muitos momentos. Além disso, o roteiro é recheado de momentos nonsense que prejudicam ainda mais o desenrolar do filme, bem como seu desempenho.

Se há algo que realmente salve (se é que á essa altura o filme tenha salvação) é o elenco. Os atores desempenham com afinco seus respectivos personagens por mais fora do normal que eles pareçam ser.

Rose Mcgowan embarca nas “viagens” do diretor atuando com afinco. Rose imprime a cherry um trejeito teatral, como se a personagem tivesse saído dos quadrinhos, sem, entretanto soar risível. Pelo contrário, cabe perfeitamente na personagem.

Freddy Rodriguez compõe El Way acentuando as diversas nuances do personagem de modo que transmite ao espectador uma duvida a respeito do caráter do personagem. Sua química com Rose Mcgowan é algo louvável, pois os dois atores tem empatia quando juntos.

Marley shelton interpreta Dakota com uma atuação que vai em uma crescente ao longo do filme. Da mulher reprimida, medrosa que sofre com os ataques do marido Dr. Brock (Josh Brolin) e as consequências das ações dele á uma lutadora no sentido literal da palavra.
Por sinal, Josh é outro que atua de maneira excelente, sendo a perfeita personificação de “O médico e o Monstro” atual.

“Planeta Terror” acaba se tornando a tentativa (QUASE) fracassada de Robert Rodriguez prestar um tributo a um gênero cinematográfico em decadência. No entanto, Rodriguez acaba entregando ao espectador uma colagem de tudo o que viu em sua vida cinéfila. Faltou ao diretor à genialidade de saber extrair das suas referências um estilo próprio como faz o parceiro Tarantino (parceiro esse que Rodriguez copia a exaustão). Espero o diretor nos apresentar um trabalho autoral em uma próxima oportunidade não apenas uma “colagem”.        




Um comentário:

  1. mas a intensão dos cortes, da iluminação foi intencional, para parecer com filmes b dos anos 70, já que esta é uma homenagem ...

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