sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Eu Não Quero Voltar Sozinho


A adolescência é uma fase de descobertas e se você por ventura têm algum tipo de limitação essa fase se torna ainda mais complicada mas, ao mesmo tempo esse “terreno novo”proporciona um imenso paraíso de possibilidades.


As diferenças e as descobertas nessa fase da vida é o tema principal de “Eu Não Quero Voltar Sozinho” Curta Metragem de Daniel Ribeiro.

“Eu Não Quero Voltar” conta a história de Leonardo vulgo Léo(Guilherme Lobo) um adolescente cego que encara as dificuldades da vida com muita perseverança e otimismo. Léo têm em Giovanna(Tess Amorim) sua melhor e única amiga. Tudo muda com a chegada de Gabriel(Fábio Audi) um aluno novo que muda sua forma de ver o mundo.


O diretor Daniel Ribeiro possui um talento especial de abordar temáticas polêmicas com sensibilidade e destreza como no seu Curta anterior “Café Com Leite” sensibilidade essa que atinge níveis emocionantes e inspiradores.

Desenvolvendo a dinâmica entre os três protagonistas de forma gradual e suave Ribeiro centraliza sua história através do ponto de vista de Léo(Guilherme Lobo) e sua relação com os outros personagens. A dinâmica estabelecida entre eles –Léo , Gabriel e Giovanna constrói uma relação fraternal de amizade verdadeira entre os protagonistas ao mesmo tempo em que são personagens absolutamente humanos e criveis possuindo sentimentos como o ciúme e o amor por exemplo.

Construindo uma narrativa pura e simples Ribeiro aborda temas importantes nas entrelinhas como a descoberta da sexualidade , o ser diferente e a superação.
A abordagem da deficiência visual de Léo(Guilherme Lobo) é feita de forma absolutamente verdadeira,natural e com otimismo. Por exemplo, quando Gabriel(Fábio Audi) pergunta a Léo se ele sempre foi assim se referindo a sua deficiência visual e ele responde : “Assim como? Moreno ou cego?”. Esta frase sintetiza de certa forma a noção de igualdade social e do respeito as diferenças que o longa aborda. Importante salientar a forma brilhante que esses temas são abordados tanto a descoberta da homossexualidade quanto a deficiência de Léo(Guilherme Lobo). Esses temas surgem ou melhor brotam no Curta de maneira natural gradativamente – um excelente trabalho de construção de narrativa feito pelo diretor e roteirista Daniel Ribeiro.

Quanto a abordagem da deficiência visual de Léo(Guilherme Lobo) ela é feita de uma maneira muito crível,sem maniqueísmos e nenhuma abordagem panfletista pelo contrário a mensagem é passada através das entrelinhas de uma forma muito sensível e a trajetória de superação do personagem frente a suas limitações e descobertas é feita de forma natural e poética.

Pautando o filme em uma narrativa sensorial o filme abre espaço para inúmeras interpretações e simbolismos frente á delicadeza e naturalidade que os temas brotam na tela. No fim, é como se o diretor estivesse “convidando” o espectador a se auto descobrir junto com os personagens.

A trilha sonora reforça o aspecto emocional de descobertas por quais passa o personagem Léo(Guilherme Lobo) pela sua sexualidade e pelos novos sentimentos que surgem. Dando o tom das cenas, reforçando o aspecto poético ,lírico , romântico e fraternal que envolta a trama. As Canções “Beijo Roubado em Segredo” de Tatá Aeroplano e Juliano Polimeno e “Janta” de Marcelo Camelo e Malu Magalhães tem funções narrativas importantes na história servindo como pano de fundo para a trama e com funções narrativas exercidas em momentos do filme. Enquanto “Beijo Roubado em Segredo” sintetiza o filme sendo sua musica tema, “Janta” funciona como pano de fundo para um ponto de virada primordial no filme.

O trio de atores principais Guilherme Lobo(Léo),Fábio Audi(Gabriel) e Tess Amorim(Giovana) esbanja sintonia e entrosamento cênico  (ótima direção de atores de Daniel Ribeiro). O trio aposta muito em uma atuação refletida nos olhares e gestos do que propriamente na força do diálogo. A beleza aqui está no sub texto.


Me faltam palavras para descrever “Eu Não Quero Voltar Sozinho” mas eu vou tentar. É um Curta Metragem singelo, com uma história bonita repleta de simbolismos e significados. Não estou falando na beleza visual apesar de que neste quesito o filme não deixa nada a desejar mas da beleza da mensagem , da vida. Resumindo: É um filme que emociona , te faz refletir, te cativa e te deixa em êxtase puríssimo com sua forma bela e delicada de abordagem. E não para por ai, o curta será transformado em um longa intitulado “Hoje eu Quero Voltar Sozinho”. Aguardaremos com ansiedade.

  
   
 Assista o Curta no Vídeo Abaixo:




         




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