Jerry Maguire (Tom
Cruise) é um bem-sucedido agente esportivo que é demitido após escrever um
relatório propondo uma relação mais pessoal com os clientes. Tal fato acaba
causando a sua demissão da agência onde trabalha. Sozinho, ele conta com o
apoio de Dorothy Boyd (Renée Zellweger) com quem desenvolve uma relação
fraternal que transcende os limites do campo profissional.
Além disso, Jerry precisa estimular o seu único cliente Rod Tidwell (Cuba
Gooding Jr) a jogar com a alma para se consagrar um vencedor.
Em seu terceiro filme como diretor, Cameron Crowe apresentou uma evolução
no que diz respeito à temática e a técnica apresentadas até então em seus
filmes anteriores. Antes ele focava seus filmes em dilemas adolescentes e
jovens adultos (Say Anything e Singles, respectivamente.)
O filme apresentou uma serie de inovações técnicas e narrativas a
filmografia do diretor, tais como: elipses, closes e montagem paralela entre
outras.
O diretor fez uso do contra-plongêe para evidenciar a atmosfera grandiosa
do esporte e sua importância no enredo.
Utilizando-se dos closes, Crowe priorizou o grande elenco que tinha em
mãos destacando-os em suas lentes intimistas.
O que acaba fazendo de Jerry Maguire um filme de gestos muito
particulares. Tais características se perduram até hoje na filmografia do
diretor.
A fotografia do filme á cargo de Janusz Kaminski trabalha em duas frentes
distintas:
Na primeira parte do filme predominam cores vivas e cintilantes nas
lentes de Janusz. Após a derrota
profissional de Jerry Maguire, as cores cintilantes dão lugar á um granulado
consistente que evidencia a mudanças sofridas pelo protagonista.
A presença de uma narração em “Over” é talvez a maior inovação do filme
em termos narrativos. Neste caso essa função cabe ao protagonista Jerry Maguire
(Tom Cruise).
A musica, elemento fundamental nos filmes do diretor, assume aqui a
posição de contextualizar o universo fílmico.
A trilha sonora á cargo de Nancy Wilson (ex-parceira habitual do diretor)
se baseia em dois estilos-chave: O rock e o blues. O rock se destaca
especialmente na primeira parte do enredo para demonstrar a ascensão social do
protagonista, posteriormente dando lugar ao blues devido à derrota profissional
de Jerry Maguire (Tom Cruise).
Todo o elenco tem seu respectivo espaço no enredo bem definido, de forma
que todos os atores cumprem afinco a função dramatúrgica de seus personagens
dando-lhes vida.
É impossível não destacar o trabalho de 5 atores em especial. Tom Cruise
(Jerry Maguire) construiu seu personagem de maneira meticulosa, especialmente
no que diz respeito à “curvas dramáticas” de seu personagem.
Cuba Gooding Jr (Tod Tidwell) fez uma belíssima construção involuntária de
seu personagem, isto é de dentro pra fora. Um personagem construído com uma
certa agressividade, aos poucos, Cuba deixa sobressair o verdadeiro “eu” de seu
personagem. A atuação impressionante de Cuba lhe rendeu um merecido Óscar de
melhor ator coadjuvante pelo filme.
Renée
Zellweger(Dorothy Boyd) imprime em sua personagem um carisma e uma sutileza
admiraveis. A relação fraterna que construiu com Tom Cruise em cena é
excepcional. A relação maternal que
estabelece com o filho de sua personagem interpretado por Jonathan
Lipnicki é encantadora.
Por falar em Jonathan Lipnicki , é
preciso destacar a sua notável
atuação junto aos personagens de Renée Zellweger e Tom Cruise. Jonathan é a
grata surpresa do filme devido à naturalidade e carisma que apresenta em cena.
Por fim, menciono Jay Mohr (Bob Sugar) dono de uma interpretação sutil
que passa quase imperceptível aos olhos do espectador, mas que cumpre a sua função
de antagonista da história. Uma pena que não tenha maior destaque.
Jerry Maguire é um belíssimo filme, é aquilo que chamamos de “filme de transição”,
elevando a carreira de seu diretor Cameron Crowe para outro nível. Aqui se
estabeleceu traços que podem ser percebidos até hoje nos filmes de Cameron Crowe,
com maior aprimoramento é claro.
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