Honório (Marcos Palmeira), Fonsinho (Emilio Orciollo Netto) e Fernando (Bruno
Mazzeo) são três homens á volta com o novo papel da mulher na sociedade.
O machista (ou seria amante a moda antiga?) Honório vive uma crise no
relacionamento com Leila (Dira Paes), o escritor Fonsinho prefere
relacionamentos furtivos com prostitutas e mulheres casadas. Entretanto, tanto desprendimento afetivo está
lhe causando uma crise de inspiração.
O arquiteto Fernando foi deixado
pela mulher vitória (Tainá Muller) e vive a famosa fossa pós-separação, mas a
jovem Gabi (Laura Neiva), inteligente e cheia de vigor lhe devolve a autoestima
perdida colocando mais cor e jovialidade na vida desse homem.
Baseada na peça de sucesso de Marcelo Rubens Paiva, “E ai comeu?” transpõe
para o cinema a famosa “conversa de bar”. O enredo é pautado nas situações cômicas
que surgem no bar, dessa forma se sobressai as demais tramas.
O diretor Felipe Joffily investiu em planos curtos, ágeis e mais abertos
ao mesmo tempo. Utilizando o corte rápido de planos de maneira que se possa desenhar
um retrato das situações apresentadas para o espectador.
Os flashbacks que surgem espontaneamente oriundos das lembranças dos protagonistas
colocam o público a par das vidas dos protagonistas até aquele momento.
A montagem paralela estabelecida no esquema “bar-casa-trabalho-putero” no
caso de Fonsinho (Emilio Orciollo Netto) conferem um dinamismo e uma agilidade
muito bem-vindos nesse caso.
Não podemos deixar de citar a direção espontânea de Felipe Joffily que trabalha
as esquetes cômicas de maneira orgânica e crível. Joffily investe em closes
priorizando seu trio protagonista, dando destaque aos atores nas suas lentes. Entretanto,
o diretor peca ao inserir planos descritivos á exaustão, mas nada que
prejudique a qualidade do filme como um todo e nem seu trabalho como diretor é
apenas um detalhe que poderia ter sido corrigido.
O melhor do filme é sem dúvida o
roteiro. Escrito a quatro mãos por Marcelo
Rubens Paiva e Lusa Silvestre. Trabalhando com maestria na estrutura das esquetes
cômicas. A construção de personagens bem definidos. Os diálogos coloquiais diretos e certeiros,
marca de Marcelo Rubens Paiva beiram o escatológico. Recheados de palavras de
baixo-calão podem assustar os conservadores e falsos moralistas, porém é necessário
observar as entrelinhas dos diálogos de Paiva e Silvestre e perceber que os
diálogos e situações não têm qualquer cunho ou propósito de ofender e sim “homenagear”
o sexo oposto.
A parceria de Lusa Silvestre com Marcelo Rubens Paiva confere ao roteiro
maior embalsamento cinematográfico, enquanto Marcelo foi mestre na transposição
da essência da sua obra teatral, especialmente no que diz respeito aos diálogos
e personagens.
O elenco possuiu muitos destaques, a começar pelo trio protagonista que
exibe excelente química cênica de modo que seria injusto apontar um ou outro,
todos defendem bem os personagens de modo que Marcos Palmeira (Honório), Bruno
Mazzeo (Fernando) e Emilio Orciollo Netto (Fonsinho) merecem aplausos por suas atuações.
Do elenco secundário Tainá Muller (Vitória) a ex- mulher indecisa de Fernando
(Bruno Mazzeo) se destaca primeiramente devido ao vigor que empresta a
personagem. Dira Paes (Leila) se destaca ao representar o retrato da mulher contemporânea.
Os grandes destaques do longa ficam por conta de Laura Neiva (Gabi) e
Juliana Schalch (Alana) que humanizam suas personagens, lhes dando alma e não as
deixando cair nos estereótipos de ninfeta e garota de programa respectivamente.
É interessante também notar a evolução das duas atrizes. A de Laura do seu
trabalho anterior no cinema no longa À deriva e a de Juliana de seus trabalhos
anteriores na televisão.
Concluo dizendo que o longa cumpre sua proposta. A de ser uma comédia
inteligente e reveladora sobre o universo masculino. Os atores acertaram em
cheio em suas interpretações.
Aproveito para salientar que novas incursões de Marcelo Rubens Paiva no
universo cinematográfico são sempre bem-vindas de modo que já espero pelo próximo
filme com roteiro de sua autoria.
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