Lloyd Dobler (John Cusack) nunca fez parte da elite do colegial. Pelo
contrario, tímido, não é popular e seu grande sonho é tornar-se um pugilista de
sucesso. No dia da formatura, ele se apaixona pela garota mais popular do
colégio, Diane Court (Ione Syke) e eles começam um romance promissor.
Entretanto o romance vai contra os planos que o pai de Diane tem para a sua
filha.
Após ter escrito o roteiro de “Picardias estudantis” baseado no seu livro
sobre a experiência tardia no colegial, o caminho natural para Cameron Crowe
era dirigir o próprio roteiro e assim ele fez, utilizando outra vertente desse
tema tão rico que é a juventude.
Cameron Crowe é um diretor de narrativas ágeis e em “Say Anything...” não
é diferente. Com uma sequencia rápida de planos e a presença da música, um
elemento essencial no seu trabalho. Crowe construiu “Say Anything...” através
de contrastes. Enquanto que com Lloyd (John Cusack) os planos são mais abertos
e expansivos, com Diane (Ione Syke) os planos são mais fechados e retraídos.
Crowe alternou planos abertos e planos fechados ao longo de todo o filme.
Nas cenas dos protagonistas ele utilizou planos mais fechados e closes com o
rosto em foco. Já em cenas mais ágeis (a festa do inicio do filme é um exemplo)
utilizou planos mais abertos com uma maior profundidade de campo.
Àlias é interessante de se observar que o “Jogo de câmera” permeia todo o
filme. Ora tem uma grande profundidade de campo mantendo todos os personagens
em perspectiva. Oras não focalizando apenas nos protagonistas Diane (Ione Syke)
e Lloyd (John Cusack).
O maior exemplo dos contrastes de Digam o que Quiserem está na
fotografia. László Kovács (Diretor de fotografia)
fez uso de tons diferentes para evidenciar os universos distintos dos
protagonistas. Enquanto que com Lloyd (John Cusack) László utilizou cores vivas
e marcantes em suas lentes, indo de encontro com a personalidade do personagem.
Já com Diane (Ione Syke), Lászkó optou
pela sutileza utilizando tons mais frios em suas lentes.
A trilha sonora tem uma expressiva importância narrativa,
como sempre, afinal estamos falando de Cameron Crowe e nos filmes do diretor, a
musica é um elemento essencial. Em “Say Anything...”, a música é quase uma
personagem. Crowe optou pelo pop rock de bandas e músicos da época como Peter
Gabriel, Mother Love Bone entre outros.
O roteiro de Cameron Crowe é extremamente realista ao expor
os dilemas dos personagens em fase de transição com naturalidade. Os diálogos são
simples e diretos e os personagens criveis.
O elenco é relativamente curto, o que garante aos atores
momentos de destaque. John Cusack (Lloyd) surge aqui como a perfeita representação
do jovem tímido e apaixonado, exatamente como o personagem pede. Ione Syke
(Diane) trabalhou bem as facetas de sua personagem: linda e popular, mas
socialmente reprimida pelo pai.
Um papel particularmente difícil coube a John
Mahoney que
interpreta Jim Court, o pai da protagonista Diane (Ione Syke). É um papel cheio
de nuances e John Mahoney se saiu muito bem.
Pamela Adlon (Rebecca) e Chynna Philips (Mimi) também se destacam como as
amigas do protagonista. Especialmente a segunda devido à maneira de sua
personagem lidar com uma decepção amorosa.
Em “Say Anything...”, Cameron Crowe fez o que chamamos de um filme genuíno.
A premissa é simples e poderia soar como algo clichê, mas não é o que acontece
neste filme. Crowe fez aqui um espelho dessa fase de mudanças expondo os
problemas de maneira natural. E não poderia ser diferente afinal os dilemas da
juventude é algo universal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário