Filme evoluiu em comparação ao primeiro filme tanto na proposta, narrativa quanto na construção dos personagens.
Em Tropa de Elite 2, a dedicação extrema do capitão nascimento (agora
coronel) ao trabalho tem seus bônus e ônus. O bônus é que graças a uma operação
malsucedida aos olhos da sociedade, mas bem sucedida aos olhos do governo. Tal fato
lhe garante o cargo de subsecretário de segurança o que o coloca em posição melhor
para defender o que acredita, mas lhe custa à relação com Mathias (André Ramiro)
e principalmente a relação com a ex-mulher Rosane (Maria Ribeiro) e o filho
adolescente Rafael (Pedro Van Held). O fato é que Rosane agora está casada com
Fraga (Irandhir Santos), o antagonista de Nascimento tanto
na vida pessoal quanto profissional.
Tropa de Elite 2 não é apenas uma simples continuação com
a intenção de explorar um filão de destaque no cinema nacional. Pelo contrário.
É uma evolução ao primeiro filme, tanto na proposta e temas abordados quanto na
construção dos personagens. ( o que talvez tenha faltado ao primeiro filme).
É interessante observar alguns aspectos ali presentes. A questão do tempo
na narrativa, à agilidade e a dilatação do mesmo (quando necessário). De fato
tropa de elite é um filme ágil tal como foi o primeiro. A diferença aqui é que há
uma maior preocupação com os diálogos e a humanização dos personagens (mérito dos
roteiristas José Padilha e Bráulio Mantovani). A opção pela montagem paralela
que percorre todo o filme com ênfase nas cenas de Fraga (Irandhir Santos) e
Nascimento (Wagner Moura) reforça o antagonismo ideológico, mais do que pessoal
presente entre eles.
A fotografia de Lula carvalho reforça o contraste entre a milícia e o
lado honesto da policia representado por Nascimento (Wagner Moura). Se de um
lado há um interessante jogo de luzes e sombras de outro há uma clareza visual
representando Nascimento.
Colocar o filme sobre a perspectiva de nascimento conferindo a ele a
figura do narrador contribuiu para humanizar o personagem de modo que
entendemos suas razões por ele expor seus pensamentos.
Aliás um dos principais motivos
que tornou o personagem mais humano nessa sequência é o fato de que agora
coronel Nascimento é pai. A relação atribulada que possui com o filho Rafael (Pedro
Van Held). Dois personagens explosivos (cada um a sua maneira) que encontram na
luta um elo em comum, uma forma de comunicação. A propósito a cena em que pai e
filho lutam juntos expondo o amor e suas fragilidades já vale o ingresso
tamanha emoção e verdade cênica transmitida pelos dois atores. É neste momento
que Nascimento se permite sair da “casca” que se formou em torno dele mesmo e se
expor sem armaduras. A química entre Wagner Moura e Pedro Van Held transcende a
tela de modo que não é exagero apontar o jovem ator como a revelação do longa.
Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro evoluiu consideravelmente em relação
ao primeiro filme. Não se tratando de uma simples sequencia feita por motivos
comerciais. Pelo contrario é uma sequencia que tem razão de existir pela
amplitude de temas que apresenta em seu enredo. É uma outra vertente desse tema
tão rico, além do filme apresentar uma constante evolução no que diz respeito à
estética, narrativa e construção de personagens. É um filme de contrastes temáticos
e de extremo cuidado técnico e artístico. Só uma palavra pode exprimir o que “Tropa
2” representa: Perfeição.
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