Katniss(Jennifer Lawrence) e Peeta(Josh Hutcherson) se sagraram vencedores
da edição anterior dos “Jogos Vorazes” em um feito inédito. Tal feito lhes
garantiu tamanha popularidade pois irão embarcar na “turnê da vitória” mas
desagradou as autoridades em especial o Presidente Snow(Donald Sutherland) que
anuncia que os vencedores das edições anteriores dos “Jogos Vorazes” voltarão
ao campo de batalha dessa vez no “Massacre Quartenário” uma edição especial dos
jogos.
Um aspecto interessante em “Jogos Vorazes” é o fato de conseguir dosar
entretenimento e reflexão crítica na tela grande(ainda não li os livros que
originaram a série). Esses dois elementos tão carentes ao público jovem estão
presentes de forma mais coesa nessa continuação “Em Chamas”.
O diretor Francis Lawrence (que substuiu o Gary Ross o diretor do filme
anterior) concentrou seu trabalho em duas linhas paralelas que se complementam
na tela grande. Por um lado Lawrence estruturou o universo fantástico em que a
trama está inserida adotando uma narrativa ágil com sucessões rápidas de
planos, elipses e corte seco.Lawrence ainda investiu em um trabalho de direção mais
corporal digamos assim, apostando na dinâmica entre o elenco o que permitiu que
utilizasse closes e planos próximos de maneira que os atores atuassem com
naturalidade. O diretor induziu uma dinâmica que imprimiu agilidade nas cenas
de ação mantendo a tensão dramática eminente. Lawrence realçou os três universos
opostos que coexistem no filme: A pobreza e a luta pela sobrevivência representada
por Panem, os jogos e a realeza representada pela capital e o universo
televisionada do reality show com todo o glamour e a mise-en-scene proveniente
da ocasião.
O diretor realizou uma direção com base no impacto tanto de ação dramática
quanto visual e sonoro,além de corrigir as falhas do primeiro filme tornando
mais coeso e palpável ao público. Só acho que ele poderia ter aproveitado
melhor os planos , trabalhado-os mais. Nesse aspecto a agilidade da montagem
pecou um pouco mas nada que prejudicasse a estrutura do filme.
Quanto a fotografia e o aspecto visual do longa podemos afirmar que ela
funciona através de contrastes- aliás como todo o enredo. Na capital se usa
cores vivas e vibrantes e abundancia remetendo aquele cenário ao um aspecto
caricato. Já em Panem e durante os jogos utilizam-se cores frias como o azul e
verde além de uma iluminação mais dura.
O som tem papel importantíssimo em “Em Chamas”. É ele que endossa a
tensão dramática,reforçando a tensão iminente e anuncia a chegada do clímax da ação.
O Som é impactante agregando tanto as cenas de ação quanto aquelas de suspense
aumentando a sensação de tensão dramática no espectador. O som aqui inaudível reproduz
o impacto narrativo de tamanha grandeza tal como o do filme.
O Roteiro escrito a 6 mãos pela autora dos livros Suzanne Collins , Simon
Beaufoy e Michael Arndt é muito mais palpável ao espectador sem entretanto soar
telegrafado. O Grupo constrói o universo
narrativo de forma exata transpondo o telespectador para dentro daquele
universo.
Um fator interessante no que diz respeito a construção dos
personagens de “Em Chamas” é que são personagens ambíguos. Todos tem “dois
lados” e transitam nessa linha tênue com destreza. Sobretudo, são personagens
mais humanos com qualidades e defeitos.
Enquanto Katniss(Jennifer Lawrence) e Peeta(Josh Hutcherson) aprendem a
controlar suas emoções e se tornarem seres selvagens realçando a emoção em
momentos de segurança. Personagens antes controlados pela frieza emocional como
Elfie(Elizabeth Banks) e Haymitch(Woody Harrelson) demonstram suas emoções.
Haymitch, um personagem totalmente ambivalente tem suas emoções afloradas pouco
a pouco enquanto Elfie(Elizabeth Banks) é uma personagem deliciosamente
caricatural.
O elenco encabeçado por Jennifer Lawrence(Katniss) e Josh Hutcherson(Peeta)
estão todos encaixados em seus devidos papeis e confortáveis em suas funções narrativas
atuando com naturalidade.
Admito que demorei a aceitar Lawrence como a heroína Katniss mas bastou
algumas cenas para a atriz se revelar a escolha certa pra esse papel pois foge
do esteriotipo de heroína clássica. Katniss é uma personagem fora do padrão e Lawrence
personifica a personagem de forma perfeita.
Josh Hutcherson traz um Peeta mais
humano nessa sequência. Mais aberto aos sentimentos não tanto racional como no
primeiro filme. Lenny Kravitz ressurge irreconhecível como Cinna, o estilista
de Katniss e Peeta. Tão irreconhecível que só fui sacar que era ele o ator ao
ler a ficha técnica. Lenny compõe um personagem alegórico, fiel e com humor
refinado carregando nas “tintas dramáticas” sem torná-lo over. O mesmo não pode-se
de dizer de Elizabeth Banks. A atriz faz de Elfie uma personagem over sim mas
de forma positiva. Elfie é deliciosamente carictural, over e estridente. Banks
carregou na interpretaçao com gosto o que torna mais adorável a forma
estridente que a personagem expõe suas emoções.
Woody Harrelson também traz um Haymitch
diferente nesse segundo filme. Ainda
ambivalente de natureza, o personagem está mais seguro e um pouco mais estável
capaz de orientar Katniss e Peeta. Harrelson dosa os “ups” e “downs”do
personagem garantindo um merecido destaque no longa. A
grande surpresa no elenco atende pelo nome de Philip Seymour Hoffman. O ator interpreta Plutarch Heavensbee um ex vencedor dos jogos
ressaltando a ambiguidade do personagem envolto em uma áurea de mistério e
falsidade aparente. Philip Seymour Hoffman entrega uma interpretação magistral do
personagem se destacando pela magnitude que empresta ao personagem.
“Jogos Vorazes: Em Chamas” é realmente um filme de
imensa magnitude e grandeza que ganha força por contrabalançar um
entretenimento de qualidade contando com um universo estético e narrativo verossímil
com reflexão crítica propondo aos jovens público-alvo do filme refletir e
questionar. Ainda com o seu final de extremo impacto que deixou com vontade de
mais.
Pretendo ver amanhã ou quarta feira
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