domingo, 17 de novembro de 2013

Jogos Vorazes: Em Chamas



Katniss(Jennifer Lawrence) e Peeta(Josh Hutcherson) se sagraram vencedores da edição anterior dos “Jogos Vorazes” em um feito inédito. Tal feito lhes garantiu tamanha popularidade pois irão embarcar na “turnê da vitória” mas desagradou as autoridades em especial o Presidente Snow(Donald Sutherland) que anuncia que os vencedores das edições anteriores dos “Jogos Vorazes” voltarão ao campo de batalha dessa vez no “Massacre Quartenário” uma edição especial dos jogos.

Um aspecto interessante em “Jogos Vorazes” é o fato de conseguir dosar entretenimento e reflexão crítica na tela grande(ainda não li os livros que originaram a série). Esses dois elementos tão carentes ao público jovem estão presentes de forma mais coesa nessa continuação “Em Chamas”.

O diretor Francis Lawrence (que substuiu o Gary Ross o diretor do filme anterior) concentrou seu trabalho em duas linhas paralelas que se complementam na tela grande. Por um lado Lawrence estruturou o universo fantástico em que a trama está inserida adotando uma narrativa ágil com sucessões rápidas de planos, elipses e corte seco.Lawrence ainda investiu em um trabalho de direção mais corporal digamos assim, apostando na dinâmica entre o elenco o que permitiu que utilizasse closes e planos próximos de maneira que os atores atuassem com naturalidade. O diretor induziu uma dinâmica que imprimiu agilidade nas cenas de ação mantendo a tensão dramática eminente. Lawrence realçou os três universos opostos que coexistem no filme: A pobreza e a luta pela sobrevivência representada por Panem, os jogos e a realeza representada pela capital e o universo televisionada do reality show com todo o glamour e a mise-en-scene proveniente da ocasião.

O diretor realizou uma direção com base no impacto tanto de ação dramática quanto visual e sonoro,além de corrigir as falhas do primeiro filme tornando mais coeso e palpável ao público. Só acho que ele poderia ter aproveitado melhor os planos , trabalhado-os mais. Nesse aspecto a agilidade da montagem pecou um pouco mas nada que prejudicasse a estrutura do filme.

Quanto a fotografia e o aspecto visual do longa podemos afirmar que ela funciona através de contrastes- aliás como todo o enredo. Na capital se usa cores vivas e vibrantes e abundancia remetendo aquele cenário ao um aspecto caricato. Já em Panem e durante os jogos utilizam-se cores frias como o azul e verde além de uma iluminação mais dura.

O som tem papel importantíssimo em “Em Chamas”. É ele que endossa a tensão dramática,reforçando a tensão iminente e anuncia a chegada do clímax da ação. O Som é impactante agregando tanto as cenas de ação quanto aquelas de suspense aumentando a sensação de tensão dramática no espectador. O som aqui inaudível reproduz o impacto narrativo de tamanha grandeza tal como o do filme.

O Roteiro escrito a 6 mãos pela autora dos livros Suzanne Collins , Simon Beaufoy e Michael Arndt é muito mais palpável ao espectador sem entretanto soar telegrafado.  O Grupo constrói o universo narrativo de forma exata transpondo o telespectador para dentro daquele universo.
 Um fator interessante no que diz respeito a construção dos personagens de “Em Chamas” é que são personagens ambíguos. Todos tem “dois lados” e transitam nessa linha tênue com destreza. Sobretudo, são personagens mais humanos com qualidades e defeitos.  Enquanto Katniss(Jennifer Lawrence) e Peeta(Josh Hutcherson) aprendem a controlar suas emoções e se tornarem seres selvagens realçando a emoção em momentos de segurança. Personagens antes controlados pela frieza emocional como Elfie(Elizabeth Banks) e Haymitch(Woody Harrelson) demonstram suas emoções. Haymitch, um personagem totalmente ambivalente tem suas emoções afloradas pouco a pouco enquanto Elfie(Elizabeth Banks) é uma personagem deliciosamente caricatural.

O elenco encabeçado por Jennifer Lawrence(Katniss) e Josh Hutcherson(Peeta) estão todos encaixados em seus devidos papeis e confortáveis em suas funções narrativas atuando com naturalidade.

Admito que demorei a aceitar Lawrence como a heroína Katniss mas bastou algumas cenas para a atriz se revelar a escolha certa pra esse papel pois foge do esteriotipo de heroína clássica. Katniss é uma personagem fora do padrão e Lawrence personifica a personagem de forma perfeita.
 Josh Hutcherson traz um Peeta mais humano nessa sequência. Mais aberto aos sentimentos não tanto racional como no primeiro filme. Lenny Kravitz ressurge irreconhecível como Cinna, o estilista de Katniss e Peeta. Tão irreconhecível que só fui sacar que era ele o ator ao ler a ficha técnica. Lenny compõe um personagem alegórico, fiel e com humor refinado carregando nas “tintas dramáticas” sem torná-lo over. O mesmo não pode-se de dizer de Elizabeth Banks. A atriz faz de Elfie uma personagem over sim mas de forma positiva. Elfie é deliciosamente carictural, over e estridente. Banks carregou na interpretaçao com gosto o que torna mais adorável a forma estridente que a personagem expõe suas emoções.


  Woody Harrelson também traz um Haymitch diferente nesse segundo filme.  Ainda ambivalente de natureza, o personagem está mais seguro e um pouco mais estável capaz de orientar Katniss e Peeta. Harrelson dosa os “ups” e “downs”do personagem garantindo um merecido destaque no longa.  A  grande surpresa no elenco atende pelo nome de Philip Seymour Hoffman. O ator interpreta  Plutarch Heavensbee um ex vencedor dos jogos ressaltando a ambiguidade do personagem envolto em uma áurea de mistério e falsidade aparente. Philip Seymour Hoffman entrega uma interpretação magistral do personagem se destacando pela magnitude que empresta ao personagem.


“Jogos Vorazes: Em Chamas” é realmente um filme de imensa magnitude e grandeza que ganha força por contrabalançar um entretenimento de qualidade contando com um universo estético e narrativo verossímil com reflexão crítica propondo aos jovens público-alvo do filme refletir e questionar. Ainda com o seu final de extremo impacto que deixou com vontade de mais.


  

   

    

  

   

    

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