Ligia(Leona Cavalli), Kika(Dira Paes), Wellinton(Chico Diaz), Dunga(Matheus Nachtergaele) e Issac(Jonas Bloch) tem suas vidas cruzadas tendo
como pano de fundo um pequeno hotel no Recife.
Conheço muito pouco do
trabalho do Cineasta Cláudio Assis conhecido pelos personagens marginais e pela
estética repleta de hiper violência visual elementos presentes nesse ótimo “Amarelo
Manga”.
Calçado na força visual para
retratar(ou justificar a escória pessoal dos personagens).Assis situa o
espectador naquelas situações que envolvem seus personagens marginais através
de planos gerais oferecendo assim ao espectador uma visão privilegiada “Vista
de Cima” da ação. Além de situar o espectador na vida daqueles personagens
abjetos o diretor situa-nos naquele ambiente execrável certo de que o ambiente
em que vivem tem sua “Parcela de Culpa” na personalidade daqueles personagens.
Pra evidenciar o ambiente como um espelho dos personagens o diretor investe em
planos descritivos e na interação ator-texto(os personagens de Chico Diaz e
Dira Paes são bons exemplos disso). Os planos descritivos representados
principalmente pelos Travellings executados com perfeição que captam a sujeira
visual daquelas ruelas- aspecto
ressaltado por uma fotografia igualmente suja.
Aliás , a natureza crua da
fotografia realça os planos descritivos que servem como apresentação dos personagens
em cenas comandadas com destreza pelo diretor Cláudio Assis que impressionam
pelo realismo visual e dramático. Um excelente exemplo do elo de ligação entre
a fotografia e a direção.
As cenas ganham uma certa
poesia pelas mãos do diretor. Mesmo abusando da ultra violência(aqui mais
visual do que propriamente física) e da sexualidade exacerbada que estão
encaixadas dentro do contexto do filme. Assis converte esses elementos a favor
da dramaturgia e do impacto visual de seu Longa.
Dois outros elementos também
inteiramente ligados em “Amarelo Manga” são o Roteiro e a Montagem. O roteiro
de Hilton Lacerda possuiu um aspecto semelhante a um recorte de modo que
apresenta aqueles personagens tão dispares de modo a introduzir seus plots e
deixa-lós em “Banho Maria” só pra poder emergir os personagens do “limbo
dramático” no momento certo. Lacerda ainda construiu personagens marginais de
transição,mutação. Estando sempre passiveis a mudar como realmente se
transformam. A Montagem de Paulo sacramento sabe organizar esses plots de forma
orgânica e compreensível ao espectador assim como “prepara o terreno” para os
pontos de virada do filme.
O elenco realmente atua de
forma visceral ,estando todos em uma espécie de incorporação de seus
respectivos papéis tamanha a naturalidade com que interpretam estes tipos
ambíguos. Todo o elenco está perfeito mas três nomes chamaram a minha atenção
particularmente: Jonas Bloch como o necrófilo Issac pelo modo impar que conduz a patologia de seu personagem.
Chico Diaz como o açougueiro Wellinton pela frieza e deste modo a profissão do
personagem é um reflexo de sua personalidade que me remeteu muito ao açogueiro
dos filmes “Carne” e “Sozinho contra Todos” do cineasta argentino Gaspar Noé.
“Amarelo
Manga” é um filme extremamente repulsivo e ao mesmo tempo hipnotizador sendo
que o espectador é intimado a assistir aquele universo execrável até o fim e
assim acabando por gerar compaixão no espectador por aqueles personagens. Com
este filme maldito me rendo á Cláudio Assis.
Sinceramente é um filme que ainda não assisti, mas pretendo ver.
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