terça-feira, 12 de novembro de 2013

Amarelo Manga



Ligia(Leona Cavalli), Kika(Dira Paes),  Wellinton(Chico Diaz), Dunga(Matheus Nachtergaele) e Issac(Jonas Bloch) tem suas vidas cruzadas tendo como pano de fundo um pequeno hotel no Recife.


Conheço muito pouco do trabalho do Cineasta Cláudio Assis conhecido pelos personagens marginais e pela estética repleta de hiper violência visual elementos presentes nesse ótimo “Amarelo Manga”.

Calçado na força visual para retratar(ou justificar a escória pessoal dos personagens).Assis situa o espectador naquelas situações que envolvem seus personagens marginais através de planos gerais oferecendo assim ao espectador uma visão privilegiada “Vista de Cima” da ação. Além de situar o espectador na vida daqueles personagens abjetos o diretor situa-nos naquele ambiente execrável certo de que o ambiente em que vivem tem sua “Parcela de Culpa” na personalidade daqueles personagens. Pra evidenciar o ambiente como um espelho dos personagens o diretor investe em planos descritivos e na interação ator-texto(os personagens de Chico Diaz e Dira Paes são bons exemplos disso).  Os planos descritivos representados principalmente pelos Travellings executados com perfeição que captam a sujeira visual daquelas  ruelas- aspecto ressaltado por uma fotografia igualmente suja.

Aliás , a natureza crua da fotografia realça os planos descritivos que servem como apresentação dos personagens em cenas comandadas com destreza pelo diretor Cláudio Assis que impressionam pelo realismo visual e dramático. Um excelente exemplo do elo de ligação entre a fotografia e a direção.

As cenas ganham uma certa poesia pelas mãos do diretor. Mesmo abusando da ultra violência(aqui mais visual do que propriamente física) e da sexualidade exacerbada que estão encaixadas dentro do contexto do filme. Assis converte esses elementos a favor da dramaturgia e do impacto visual de seu Longa.


Dois outros elementos também inteiramente ligados em “Amarelo Manga” são o Roteiro e a Montagem. O roteiro de Hilton Lacerda possuiu um aspecto semelhante a um recorte de modo que apresenta aqueles personagens tão dispares de modo a introduzir seus plots e deixa-lós em “Banho Maria” só pra poder emergir os personagens do “limbo dramático” no momento certo. Lacerda ainda construiu personagens marginais de transição,mutação. Estando sempre passiveis a mudar como realmente se transformam. A Montagem de Paulo sacramento sabe organizar esses plots de forma orgânica e compreensível ao espectador assim como “prepara o terreno” para os pontos de virada do filme.


O elenco realmente atua de forma visceral ,estando todos em uma espécie de incorporação de seus respectivos papéis tamanha a naturalidade com que interpretam estes tipos ambíguos. Todo o elenco está perfeito mas três nomes chamaram a minha atenção particularmente: Jonas Bloch como o necrófilo Issac pelo modo impar que conduz a patologia de seu personagem. Chico Diaz como o açougueiro Wellinton pela frieza e deste modo a profissão do personagem é um reflexo de sua personalidade que me remeteu muito ao açogueiro dos filmes “Carne” e “Sozinho contra Todos” do cineasta argentino Gaspar Noé.



“Amarelo Manga” é um filme extremamente repulsivo e ao mesmo tempo hipnotizador sendo que o espectador é intimado a assistir aquele universo execrável até o fim e assim acabando por gerar compaixão no espectador por aqueles personagens. Com este filme maldito me rendo á Cláudio Assis. 



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