sábado, 3 de novembro de 2012

Uma Jovem Tão Bela Como Eu


 

Ao preparar sua tese de doutorado com o tema “Mulheres Criminosas”, Stanislas Prévine (André Dussollier) se interessa particularmente pelo caso de Camille Bliss (Bernadette Lafont), uma jovem cantora de personalidade dúbia acusada de matar o amante. Prévine se encanta por camille (e por seu caso) que se empenha em provar sua inocência. Entretanto o envolvimento entre os dois transcende os limites do profissional, o que complica a situação do sociólogo.

 

Baseando-se no romance de Henry Farrell, François Truffaut retornou ao universo noir que permeou algumas de suas obras como “A Noiva Estava de Preto” e “A Sereia do Mississipi”. Desta vez, abordando a questão do beneficio da duvida em uma trama calçada no passado.

 

Em uma trama fundamentada principalmente nas lembranças do passado, François Truffaut utilizou os flashbacks aliados à montagem paralela como elementos essenciais na trama.

 

O diretor investiu em planos mais fechados, priorizando os atores na cena como é comum acontecer nas suas obras. Closes nos rostos dos atores são utilizados para captar suas expressões.

 

Como os flashbacks dão sentido da narrativa, Truffaut lhes conferiu agilidade. De modo que o flashback em questão desse o tom de determinada cena.

 

Se tratando de um filme calçado principalmente nas memórias da protagonista Camille (Bernadette Lafont) e no ato de contar a sua vida ao sociólogo Dr. Previne (Andre Dussoller) para sua tese, a presença do narrador se torna indispensável. O narrador em “Off” torna possível que o espectador mergulhe nas lembranças de Camille (Bernadette Lafont) de tal forma que possamos compreender a personagem.

 

A trilha sonora de Georges Delerue é essencialmente dramática, contribuindo para que o suspense da trama se desenvolva de maneira verossímil.

 

O roteiro de François Truffaut e Jean-Loup Dabadie é organizado de forma em que os flashbacks se sobrepõe à narrativa. Assim colocando a prova tanto às evidencias quanto a honestidade da protagonista Camille (Bernadette Lafont), concedendo ao espectador o beneficio da dúvida.

 

Os personagens foram bem delineados pela dupla de roteiristas de modo que a função narrativa de cada um bem claras, exceto por Camille (Bernadette Lafont) cuja personalidade é soturna.

 

A fotografia de Pierre-William Glenn é pautada no uso de sombras e cores frias, combinando com o clima soturno que permeia o filme.

 

A trilha sonora de George Delerue tem cunho dramático e remete ao universo de suspense do filme, conferindo um aspecto sombrio a narrativa.

 

O elenco todo se sobressaiu por excelência. Sobretudo Bernadette Lafont (Camille), que construiu uma personagem dúbia todo o tempo. André Dussollier (Dr. Prévine) construiu seu personagem com características idealistas.

 

De todos os casos amorosos da protagonista, Sam Golden (Guy Marchand) o músico parceiro de Camille é quem mais se destaca. Muito desse destaque se deve ao excelente desempenho do ator que construiu o personagem de maneira sedutora.

 

 

François Truffaut retornou ao universo noir de maneira excelente neste filme. Nessa trama surpreendente sobre o beneficio da dúvida, o diretor revisitou o universo do suspense, onde homenageou o diretor inglês Alfred Hitchcock, um de seus favoritos, além da própria filmografia.
 
 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

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