Ao preparar sua tese de doutorado com o tema “Mulheres Criminosas”, Stanislas
Prévine (André Dussollier) se interessa
particularmente pelo caso de Camille Bliss (Bernadette Lafont), uma jovem
cantora de personalidade dúbia acusada de matar o amante. Prévine se encanta
por camille (e por seu caso) que se empenha em provar sua inocência. Entretanto
o envolvimento entre os dois transcende os limites do profissional, o que
complica a situação do sociólogo.
Baseando-se no romance de Henry Farrell, François
Truffaut retornou ao universo noir que permeou algumas de suas obras como “A
Noiva Estava de Preto” e “A Sereia do Mississipi”. Desta vez, abordando a
questão do beneficio da duvida em uma trama calçada no passado.
Em uma trama fundamentada principalmente nas
lembranças do passado, François Truffaut utilizou os flashbacks aliados à
montagem paralela como elementos essenciais na trama.
O diretor investiu em planos mais fechados,
priorizando os atores na cena como é comum acontecer nas suas obras. Closes nos
rostos dos atores são utilizados para captar suas expressões.
Como os flashbacks dão sentido da narrativa, Truffaut
lhes conferiu agilidade. De modo que o flashback em questão desse o tom de
determinada cena.
Se tratando de um filme calçado principalmente
nas memórias da protagonista Camille (Bernadette Lafont) e no ato de contar a
sua vida ao sociólogo Dr. Previne (Andre Dussoller) para sua tese, a presença
do narrador se torna indispensável. O narrador em “Off” torna possível que o
espectador mergulhe nas lembranças de Camille (Bernadette Lafont) de tal forma
que possamos compreender a personagem.
A trilha sonora de Georges Delerue é
essencialmente dramática, contribuindo para que o suspense da trama se
desenvolva de maneira verossímil.
O roteiro de François Truffaut e Jean-Loup
Dabadie é organizado de forma em que os flashbacks se sobrepõe à narrativa. Assim
colocando a prova tanto às evidencias quanto a honestidade da protagonista
Camille (Bernadette Lafont), concedendo ao espectador o beneficio da dúvida.
Os personagens foram bem delineados pela dupla
de roteiristas de modo que a função narrativa de cada um bem claras, exceto por
Camille (Bernadette Lafont) cuja personalidade é soturna.
A fotografia de Pierre-William Glenn é
pautada no uso de sombras e cores frias, combinando com o clima soturno que
permeia o filme.
A trilha sonora de George Delerue tem cunho dramático
e remete ao universo de suspense do filme, conferindo um aspecto sombrio a narrativa.
O elenco todo se sobressaiu por excelência. Sobretudo
Bernadette Lafont (Camille), que construiu uma personagem dúbia todo o tempo. André
Dussollier (Dr. Prévine) construiu seu personagem com características idealistas.
De todos os casos amorosos da protagonista, Sam
Golden (Guy
Marchand) o músico
parceiro de Camille é quem mais se destaca. Muito desse destaque se deve ao
excelente desempenho do ator que construiu o personagem de maneira sedutora.
François Truffaut retornou ao universo noir de maneira excelente neste
filme. Nessa trama surpreendente sobre o beneficio da dúvida, o diretor
revisitou o universo do suspense, onde homenageou o diretor inglês Alfred
Hitchcock, um de seus favoritos, além da própria filmografia.
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