sábado, 6 de agosto de 2011

Assalto ao Banco Central


Em 2005 164,7 milhões foram roubados do banco central de fortaleza de uma maneira, no mínimo impressionante. Em uma operação cuidadosamente planejada, Não dispararam tiros, nem alarmes. Ao contrario, cavaram um túnel sobre o banco e roubaram sem serem vistos. O assalto foi considerado cinematográfico e não é pra menos que o fato seja adaptado para o cinema.
Foi o que fez o diretor marcos Paulo em sua primeira experiência como diretor de cinema, ao reproduzir neste filme de ficção baseado em fatos reais, aquele que foi considerado o maior assalto a banco do século. O filme tem argumento de Antonia Fontenelle (que faz uma ponta no estilo “pisca o olho você perde”) e com roteiro de René Belmonte.
A historia começa quando barão (Milhem cortaz) e sua companheira Carla (Hermila Guedes) reúnem um grupo com o objeto de assaltar o banco central de fortaleza. O grupo composto essencialmente por barão, Carla, Léo (Heitor Martinez), e Mineiro (Eriberto Leão). O grupo se esconde na fachada de “empresa de grama sintética”, desta maneira intrigando a policia
O diretor Marcos Paulo (em sua primeira experiência cinematográfica), fez questão de ressaltar que o filme é uma obra de ficção baseado em fatos reais, desta forma se exime de qualquer comparação dos personagens com os criminosos reais, a única semelhança é a função dos personagens dentro do bando.
Com ares de superprodução e com elenco estrelar o filme derrapa já em seus primeiros momentos, onde fica claro o seu argumento inconsistente, afetando, portanto o seu roteiro. Mas nem tudo no filme é ruim, o elenco é extremamente competente com destaque para Milhem Cortaz, que interpreta o chefe do bando com naturalidade e sem caricaturas, construindo um cara ardiloso, um verdadeiro psicopata. Hermila Guedes constrói Carla com uma interpretação cuidadosa, lapidada, o que resulta na interpretação da perfeita “mulher de bandido”, uma verdadeira “bitch”. Eriberto Leão é outra grata surpresa como o bandido Mineiro, embora demore um pouco para encontrar o tom de seu personagem, mas quando isso ocorre vimos um mineiro carismático, articulador e sedutor na medida certa. O que confirma o que eu já sabia: Eriberto é um dos melhores e mais versáteis atores que temos atualmente.
A direção de Marcos Paulo deixa claro a influência televisiva em sua obra. Um grande erro do diretor é o uso excessivo de flashbacks e flashsorwards na montagem, desta forma impedindo que o filme alcance tensão dramática.
A sucessão rápida de planos é prejudicial para a narrativa do filme, pois faz que os telespectadores fiquem “divididos” com a falta de foco na narrativa apresentada.
A montagem como eu já disse é sem duvida o maior erro do filme. Marcos Paulo optou por utilizar montagem paralela (quando ocorrem planos alternados), porém o diretor fez mal uso do estilo de montagem escolhido, pois quando ocorre à sucessão de planos é justamente nas cenas de maior tensão dramática, o que quebra a narrativa do filme, deixando os telespectadores sem entender o que se passa e impede que o filme atinja o clímax.
Outro deslize é o uso de clichês no roteiro (Desde quando para demonstrar a personalidade manipuladora de um personagem é necessário colocá-lo jogando xadrez com caras e bocas no estilo “Rei do crime”)?
Voltando ao elenco não posso esquecer de ressaltar o trabalho de Heitor Martinez, como o violento Léo. Por outro lado o filme desperdiça ótimos atores como Cadu Fávero, Fabio Lago e Gero Camilo por exemplo.
Analisando o filme como um todo, “Assalto ao banco central” acumula tanto pontos positivos quanto negativos. A idéia da realização deste tipo de filme pode ser considerada um respiro na atual produção cinematográfica brasileira, que em sua grande maioria aposta em filmes policiais e suspense com violência explicita e gratuita, talvez inspirado pelo enorme sucesso de “Tropa de Elite”, pois apesar de explorar o mesmo filão segue um caminho completamente diferente. O elenco é outro ponto forte no filme. Reúne vários atores talentosos, é uma pena que alguns deles tenham seu talento desperdiçando.
Dos pontos negativos posso ressaltar principalmente a montagem e o roteiro. A montagem impede que o telespectador crie uma identificação com o filme. Este foi o principal erro do diretor Marcos Paulo em sua estréia na direção cinematográfica. Na tentativa de realizar um “blockbuster” e agradar as massas, ele tentou criar um filme dinâmico, mas Marcos Paulo dá “Um tiro no Próprio Pé” ao eliminar as cenas de suspense justamente quando se pode atingir o clímax. Quanto ao roteiro não preciso dizer muito. apenas que é uma sucessão de clichês sem tamanho que claro são conseqüência de seu argumento inconsistente.
Assalto ao Banco Central é um filme que poderia render muito mais do que rendeu (e ainda rende, pois ainda está em cartaz) se fosse melhor trabalhado e se seu diretor Marcos Paulo tivesse mais experiência. Na minha modesta opinião marcos não deveria ter dirigido um filme de grande porte como esse logo em seu primeiro filme como diretor. Pois dirigir um filme como esse requer experiência, o que obviamente ele ainda não tem. Outro erro do diretor é que ele deixou os vícios provenientes do seu trabalho na televisão interferirem na direção do longa. Mas seremos justos: 1) Marcos Paulo é um grande diretor de atores. 2) A estética utilizada no filme é perfeita. É realmente digno de uma superprodução.
O maior mérito de “Assalto” talvez seja mostrar que o Brasil tem sim competência de realizar uma grande produção. Este é apenas o primeiro filme de Marcos Paulo e até aqui ele contabiliza erros e acertos na mesma medida. Confesso que sai do cinema querendo mais , não completamente satisfeito. Espero pelos próximos capítulos.
Obs: A crítica foi refeita com objetivo de ser apresentada como atividade na universidade onde estudo Cinema.

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