Mark O´Brien (John Hawkes) convive com as limitações impostas pela poliomielite
desde os seis anos. Com dificuldades físicas e principalmente respiratórias.
Vive praticamente ligado a um aparelho de respiração mecânica 24 horas por dia
ou então a um respirador portátil, o que lhe garante uma sobrevida.
Mark é um poeta brilhante, porém aos 38 anos existe ainda um campo a ser explorado:
o sexo. Mark é virgem, mas com a ajuda da terapeuta sexual Cheryl (Helen Hunt),
Mark vai conhecendo o corpo feminino, enquanto redescobre o seu próprio.
Inspirado em um uma história real, “As Sessões” trata de temas ainda
considerados tabu na sociedade moderna infelizmente: O sexo e as diferenças
humanas.
“As Sessões” é um filme meramente simples dos pontos de vista técnico e
narrativo. E ai está o ponto forte do filme.
Após um breve prólogo muito bem executado, o filme se converte
basicamente nas lembranças do personagem principal, de modo que há a partir
desse momento a intersecção de “presente passado”, sem, entretanto confundir o
espectador.
Dono de uma direção intimista, Ben Lewin mantêm seus atores em
perspectiva, apostando em planos mais fechados e closes. Principalmente do protagonista
Mark (John Hawkes) já que ele é o narrador da trama.
Apesar de ser basicamente apoiado em flashbacks, “As Sessões” também tem
momentos no “tempo presente” para que o Mark (John Hawkes) recorda-se de suas
sessões com Cheryl (Helen Hunt). Também para que o diretor possa trabalhar os
demais plots, usando sempre agilidade na troca de planos.
Por falar em narração, o tipo de narrador utilizado é “Over”. Assim
“evocando” o pensamento do protagonista Mark O´Brien (John Hawkes).
A fotografia tem um papel sutil, mas essencialmente de transição no
filme. À noite , quando Mark se encontra sozinho em seu aparelho mecânico, a
fotografia faz mais uso de sombras, resaltando a solidão do personagem. De dia,
a fotografia adquire um aspecto mais solar e convidativo, justamente quando
Mark redescobre a vida.
O roteiro de “As Sessões” foi construído de maneira simples e sutil.
Focado principalmente na construção de personagens e na trajetória deles. O
diretor e roteirista Ben Lewin deu contornos muito humanos a todos os personagens,
até os coadjuvantes. Dessa maneira todos os personagens tem seu devido espaço
na narrativa.
O elenco é relativamente pequeno, o que garante a todos os atores o seu
devido espaço e momento de destaque no filme.
John Hawkes interpreta Mark O´Brien com uma atuação intimista e mais
cerebral. O que de fato é esperado, já que Mark é paralisado fisicamente
enquanto seu cérebro funciona a mil por hora. John atua com desenvoltura e
soube conferir ao personagem trejeitos perfeitos, bem como demonstrar sua
evolução gradual.
Helen Hunt garante um humanismo interessante a sua personagem, a
terapeuta sexual de Mark Cheryl. Interessante observar a química cênica que ela
e John Hawkes apresentam quando juntos.
Porém, a personagem é quase que inexistente em momentos “solo”. Não por
falta de talento da atriz Helen Hunt, mas por falta de storyline mesmo. Por este
motivo acho equivocada a indicação de Hunt a melhor atriz no Oscar 2013.
William H. Macy interpreta o Padre Brendon amigo e confidente de Mark com
desenvoltura e afinco. É no mínimo engraçada a evolução do personagem. Como na
cena em que aparece na casa de Mark (John Hawkes) com visual de motoqueiro e
com caixas de cerveja a tiracolo. Um dos melhores momentos do longa.
Moon
Bloodgood que interpreta Vera, a principal enfermeira de Mark é um
talento a parte no longa. É uma pena que atriz não ganhe mais destaque. O pequeno
destaque que lhe foi dado, ela executou com afinco. É de lamentar que uma
personagem boa com uma premissa de storyline interessante foi usada apenas para
“encher linguiça”.
Se a intenção de Ben Lewin foi realizar um filme despretensioso, afirmo
que ele cumpriu seu objetivo. É justamente nessa “despretensão” que o filme
mais ganhe pontos com espectador, tornando-se agradável. Embora, o filme
poderia render muito mais do que rende, mas ainda assim é uma experiência satisfatória.