Cinema é uma arte que se aprende na raça, entretanto as escolas e
universidades de Cinema podem ser um terreno propicio a experimentação, da onde
podem sair bons filmes. Esse é o caso de Apenas o Fim, filme de Matheus Souza
feito com alunos da PUC-Rio. Rodado na própria
universidade que ultrapassou a barreira experimental e foi parar nas telas dos
cinemas premiando seu jovem e talentoso diretor.
O enredo do filme é centrado no casal Adriana (Erika Mader) e Antônio (Gregório
Duvivier) no que
era pra ser um dia comum na universidade onde ambos cursam Cinema. Era, porque Adriana
diz a Antônio que vai embora, terminando o relacionamento. Assim, ambos passam
o dia juntos discutindo a relação que tiveram.
Dirigido e roteirizado por Matheus Souza, o filme parte de uma premissa
bastante comum: um casal que resolve discutir a relação. Porém a direção ágil e
um roteiro extremamente bem estruturado, cheio de referencias a cultura pop
elevam o potencial do filme.
Rodado inteiramente em planos sequência, com pequenas e breves intersecções
de flashbacks dos momentos passados do casal, constituídos de maneira avulsa e
em preto e branco, o que da ao filme um aspecto mais documental nesse momento.
Mantendo a câmera na maioria das vezes bastante próxima aos seus atores,
garantindo assim um tom intimista ao longa. Matheus opta por se render a experimentação,
como por exemplo, ao utilizar o plano americano, acompanhado do usual Travelling.
Travelling que alias permeia toda a narrativa.
O roteiro de Matheus Souza é extremamente bem construído, como falei
acima. Além disso, explora muito bem as típicas situações cotidianas da vida do
casal protagonista. Diálogos rápidos e cheios de referencias pop dão um
colorido todo especial a narrativa. Somando isso a personagens comuns com personalidade
e características próprias, fugindo assim do habitual clichê comum nos filmes
do gênero. Parte disso se deve as inúmeras referencias e citações a personagens
e produtos da cultura pop que aliado a o texto e ritmo ágeis do diretor
funcionam na tela.
A fotografia de Julio Secchin, marca presença, sobretudo nos flashbacks da vida
do casal, onde nos é permitido conhecê-los mais intimamente. A fotografia em
preto e branco confere ao flashback um tom documental e experimental,
estabelecendo assim um interessante contraponto ao “Tempo corrente” do filme.
A trilha sonora exerce aqui, uma função antes de tudo sensorial no
sentido de que estabelece na tela a gênese da relação do casal protagonista.
O filme é quase totalmente ancorado no casal interpretado por Erika Mader
e Gregório Duvivier. Sendo assim, as chances dos atores trabalhem as nuances de
seu personagem com afinco foi bem maior, o que reflete na tela.
Gregório Duvivier interpreta Antônio com uma vivacidade impressionante. Gregório
interpreta Antônio resaltando com maestria os divertidos trejeitos do
personagem Nerd em uma espécie de humor negro. Além disso, Gregório demonstra
aqui uma incrível veia cômica (o que já é habito do ator, diga-se de passagem)
com uma sincera disposição de rir de si mesmo.
Erika Mader da a sua personagem Adriana a jovialidade, o carisma e a
beleza necessário para o papel. Já que Adriana pode (e deve) ser considerada a “Musa”
de Antônio. Erika imprime perfeitamente a ambiguidade daquela personagem que
sente que já fez a boa ação da vida ao namorar o Nerd por tempo demais e é hora
de seguir em frente.
O Resultado de “Apenas o Fim” foi extremamente feliz. Não só porque jogou
luz no Cinema universitário Independente, mas também porque nos apresentou ao
seu talentoso realizador Matheus Souza, cuja carreira hoje está em franca ascensão.
A partir de agora irei acompanhar todos os trabalhos desse jovem talento e
sugiro que vocês façam o mesmo.
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