domingo, 9 de março de 2014

Walt nos Bastidores de Mary Poppins


O musical “Mary Poppins 1964 um dos maiores e mais encantadores clássicos da Disney. Entretanto, foi uma batalha para o visionário Walt Disney convencer P.L Travers a autora dos livros a liberar os direitos para a realização da obra. Essa batalha de visionários a cerca dos bastidores desse clássico atemporal que é “Mary Popins” é o tema de “Walt nos Bastidores de Mary Poppins”


Poucas vezes um filme me tocou tanto nos últimos tempos quanto esse encantador “Walt nos Bastidores de Mary Poppins” que literalmente convida o espectador a sonhar. Com uma riqueza de detalhes no aparato visual e uma maneira sensível de dirigir, o diretor John Lee Hancock torna esse filme um espetáculo delicioso e encantador.

Dotado de uma extrema sensibilidade, Hancock converte “Walt” em um espetáculo onírico, onde literalmente sonhamos acordados. Sua delicadeza é vista em cada frame, cada plano e seu filme foi concebido como literalmente um sonho e executado com exatidão. A capacidade de Hancock em unir todos esses elementos visuais e sonoros e dirigir as cenas exalando delicadeza e sensibilidade é de emocionar.

Com sutileza nos planos(para constratar com vivo e deliciosamente exagerado aparato visual que o filme carrega, Hancock é muito sutil ao dirigir, somente captando as emoções , com movimentos de câmera simples, apostando no jogo de câmera para captar  e extrair dos seus atores a emoção adequada.

O diretor é também hábil ao comandar os flashbacks imprimindo realismo neles. Captando a força visual e a emoção dos flashbacks bem como as interpretações genuínas de Annie Rose Buckley e Colin Farrel respectivamente.

Entretanto, o cineasta acaba prejudicado pela demora de encontrar a união dos flashbacks com a ação presente, uma falha de edição que prejudica o entendimento imediato do espectador mas não o filme felizmente. Encontrando o timming perfeito entre os tempos fílmicos , Conduz o filme com delicadeza e suavidade.

Com cortes sensíveis e seqüências ágeis, John Lee Hancock sabe explorar as cenas ao Maximo, priorizando seus atores com closes, e planos de conjunto, realizando uma primorosa direção de atores, favorecendo atuações magníficas de todo o seu elenco que exibe todo o seu potencial cênico ao compor personagens carregados com tintas fortes em um retorno interessante a teatralidade primitiva.

A musica exerce aqui dois papeis distintos mas igualmente importantes. Primeiro , a musica dietética , um instrumental maravilhoso nos remete ao estado onírico e de fantasia do filme. Segundo, a musica extra-diegetica retirada do musical "Mary Poppins" nos remete a teatralidade nos quais o diretor John Lee Hancock imprime toda uma direção de atores muito libertaria nos quais deixa seus atores livres para criar resultando em atuações formidáveis e números musicais ótimos.


Emma Thompson e Tom Hanks estão excelentes como Walt Disney e P.L Travers respectivamente. Abusando do modo teatral de interpretação que cabe muito bem em seus papeis com vários tons acima e meio over. Brilhantes.

B.J Novak e Jason Schwartzman estão ótimos os irmãos compositores Robert e Richard Sherman respectivamente. Se revelando atores completos, a dupla abusa de todo o seu talento para compor personagens encantadores.

Bradley Whitford é um show á parte como o co-roteirista Don. Suas  tentativas de criar o filme que sempre esbarram nas idéias fixas da autora(Emma Thompson) são geniais e cheias de química entre os atores, rendendo boas cenas.

Colin Farrel  interpreta Robert Golf de maneira apaixonante. O ator consegue imprimir as múltiplas nuances de seu personagem com exatidão. O pai amável e sonhador, porém problemático.

Annie Rose Buckley(Ginty, a P.L Travers criança) é encantadora, com uma atuação genuína, a jovem atriz emociona só com um simples olhar, sua  química com Colin Farrel é apaixonante.



    
‘Walt nos Bastidores de Mary Poppins” é um filme encantador. Onde quase tudo funciona perfeitamente. É um espetáculo mágico e metalinguístico de primeira grandeza, um verdadeiro convite para sonhar.


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