domingo, 18 de maio de 2014

O Vencedor



Superação. Esse é o principal tema de “O Vencedor” longa sobre a história real do lutador peso-médio Micky Ward (Mark Wahlberg) e a sua conturbada relação com seu meio-irmão Dicky Eklund (Christian Bale) enquanto luta para sair da sombra do irmão e chegar ao estrelado no boxe.

Dirigido por David O. Russel(Trapaça, O Lado Bom da Vida) “O Vencedor” tem uma energia única que garante muito da agilidade e do frenesi que garante muito do entusiasmo que o espectador sente ao assistir e torcer pelo personagem de Wahlberg.

Utilizando-se da metalinguagem “O Vencedor” começa como um documentário sobre a vida de Dicky(Christian Bale) mudando rapidamente para a relação de Micky com seu irmão e treinador e seus altos e baixos como lutador até o estrelado.

Russel conduz o filme de maneira ágil e frenética, dosando cenas curtas e longas com seqüência rápidas e cortes secos deixando assim, a tensão dramática elevada e os nervos a flor da pele.

Russel não perde tempo ele explora as cenas no seu objetivo e não exaustada mente. A câmera na mão de Russel confere uma imagem tremida e a agilidade necessária a narrativa. A forma com que Russel trabalha alinhado a montagem de Pamela Martin para demonstrar as trajetórias opostas dos irmãos. O diretor conduz o filme de maneira eletrizante, mantendo sempre um vigor no ar. Ao dosar seus cortes secos e uso apropriado da Dolly conferindo um ritmo mais orgânico e realista a ação dramática com zooms aumentando o frenesi e o entusiasmo em torno da trajetória dos personagens.

Mas David O. Russel também é um ótimo diretor de atores e sabe captar um olhar como ninguém ( quem assistiu “O Lado Bom da Vida” sabe disso) por isso, ele comanda as cenas de treino e lutas de Micky(Wahlberg) com agilidade, ritmo e sobretudo, de forma precisamente coreografada. Ao mesmo tempo, ele retrata a degradação de Dicky(Bale) na prisão. Este é um momento de extrema importância narrativa para o filme pois é neste momento que Micky(Mark Wahlberg) sai da sombra de Dicky(Christian Bale), seu irmão viciado em crack.

Nesse momento todos os elementos do filme(direção,montagem,roteiro, atores...) se alinham em uma simetria perfeita. Opção inteligente de mostrar o declínio de Dicky(Bale) e o sucesso de Micky(Wahlberg) paralelamente. Eu sei que não é nada original mas, foi muito bem construído pelo roteiro e  executado de forma exemplar pela tríade(direção,atores,montagem).

O trio de roteiristas Scott Silver,Paul Tamasy e Eric Johnson fez um excelente trabalho de construção de narrativa e de personagens. Além disso, o trio imprimiu uma energia e atmosfera única a narrativa, tornado “O Lutador” um filme dotado de um tipo diferente de agilidade, é uma vibração e entusiasmo que o espectador sente a flor da pele, um frenesi de alto nível que foi brilhantemente transposto por Russel na sua forma de dirigir e incrivelmente impresso pelo elenco em suas performances especialmente Wahlberg e Bale.

A trilha sonora de Michael Brook consiste em músicas de blues, jazz e rock que juntos servem como um acompanhamento a trajetória de Micky Ward(Mark Wahlberg). Os três gêneros se fundem de maneira perfeita para representar sua escalada até o estrelato no mundo do boxe. Com ênfase para a canção “Here I Go Again” do Whitesnake que embala a vitória triunfal de Micky Ward.

Mark Wahlberg tem mais uma atuação memorável como Micky Ward. A vivacidade e energia que o ator imprime a cada frame, cada cena de sua atuação é impressionante. Wahlberg se entrega de forma impar a mais esse papel vivenciando cada momento de seu personagem com força e intensidade, se entregando de corpo e alma.

Christian Bale não fica atrás ao imprimir um realismo e impulsividade impressionantes como Dicky Eklund. A maneira com a qual sua interpretação evidencia a derrocada moral de Dicky merece elogios, assim como sua química com Mark Wahlberg.

Amy Adams tem uma performance graciosa, dotada de grande presença cênica como Charlene a namorada de Micky que o incentiva a crescer na carreira ao mesmo tempo em que sofre e peita o preconceito de parte da família do lutador.

Jack McGee e Melissa Léo têm belíssimas atuações como os pais de Micky(Mark Wahlberg). Enquanto mcGee exala doçura e fraternidade como o pai compreensivo e incentivador de Micky , Léo interpreta uma mãe dura que comanda a carreira dos filhos com mãos de ferro com clara preferência pelo mais velho. Quase uma Kris Jenner do mundo do boxe. Em atuação esplêndida, Léo foi merecidamente agraciada com um Oscar de melhor atriz coadjuvante.

“O Vencedor” é um excelente filme, onde tudo funciona perfeitamente desde do roteiro até as atuações. Mas, o filme é muito mais que isso, é vibrante, inspirador e emocionante, uma história de superação capaz de emocionar até quem não é fã de boxe como eu.


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