“Até onde você iria para salvar a sua pele?” esse é o mote principal da
ficção científica “Elysium”. Max(Matt Damon) é um funcionário de uma industria
que é exposto a radiação química e condenado a morte, para se salvar ele deve
chegar a privilegiada Elysium.
O filme combina muito bem esses dois universos e temáticas que contrastam
entre si mas que funcionam no ideal proposto pelo filme de maneira a
representar metaforicamente crítica social, desigualdade social e os ideais de perfeição
e utopia. Nesse sentido o diretor Neil Blomkamp foi extremamente eficiente ao
construir um filme que representasse universos tão distintos em imagens fortes
evidenciando as mazelas e os ideais de perfeição propostos pelo longa. Neil
apostou em planos mais abertos e descritivos por um lado buscando evidenciar a situação
social vivida na terra por outro movimentos de câmera como plongeê ,
contra-ploongêe e grandes planos gerais.
Talvez o maior diferencial de “Elysium” aos outros filmes do gênero é que
ele trata de um tema muito real, humano e universal. Por este motivo, Neil
Blomkamp trabalha o humanismo tanto no roteiro nos aspectos narrativos quanto
no trabalho de direção. É claro que há em Elysium toda a parafernália tecnológica
e aspecto futurista mas há um humanismo tanto na proposta do longa- há uma
crítica social subtendida ao mostrar uma terra cheia de mazelas e um grupo
privilegiado deixa claro a questão da desigualdade social por exemplo. Blomkamp
parece ter bebido em outras fontes e revisitado filmes do gênero como “Johnny Mnemonic” para construir “Elysium”.
O diretor(e também roteirista, informação
que só soube depois de assistir ao filme) construiu personagens multifacetados
e com intenções bem traçadas dentro da trama. Eles têm seus objetivos e são capazes
de burlar certos limites em prol do seu objetivo. O fato do diretor também ser roteirista
explica porque a direção e roteiro estão tão bem alinhados no filme.
Neil Blomkamp consegue conciliar dois aspectos do trabalho de um diretor
de forma magnânima como muitos de seus colegas tentam mas não conseguem. Ele é
um excelente diretor nas cenas de ação , explosões, o aspecto futurístico do
filme e mais excelente ainda na direção de atores,ressaltando a interação cênica
entre os atores com closes, planos próximos e plano contraplano por exemplo.
A montagem habilidosa fica a cargo de Trent Opaloch chama atenção pelo
seu dinamismo impecável. A maneira como as cenas foram montadas deram um ritmo ágil
incapaz de cansar o telespectador, sobretudo pela forma que as transições de
cenas são feitas ,parece que estamos diante de uma ruptura.
Matt Damon impressiona mais uma vez. É incrível a capacidade que o ator
tem de ser camaleônico e ainda por cima de trabalhar as diversas nuances de seu
personagem ,estando completamente o oposto de um filme como “Nós Compramos um
Zoológico”, (onde conheci seu trabalho mais a fundo e passei a admira-lo) mas
ainda humano.
Jodie Foster dispensa apresentações. A presença e a força cênica que a atriz
imprime em sua personagem que aqui representa de maneira metaforizada se
fizermos um paralelo a ambição de ascenção social sem limites. Jodie está
absolutamente estupenda como a secretária Delacourt e ponto final.
Alice Braga está ótima como Frey. A atriz esbanja carisma e
principalmente humanismo em uma personagem com potencial carga dramática, Alice
faz sua personagem crescer em uma constante e termina como um destaque
fundamental no longa. Já Wagner Moura, este em seu primeiro trabalho
internacional demora a achar o tom exato de seu personagem “Spider” encontrando
ainda algumas dificuldades para estabilizar este tom cênico mas quando o faz
por completo acaba por se destacar garantindo assim o passaporte para uma
carreira de sucesso em Hollywood.
Eu admito que tinha várias ressalvas com filmes de ficção cientifica por
eles serem futurísticos e fantásticos demais e assim tirarem o que considero de
mais importante na atuação: O Naturalismo. “Elysium” me conquistou justamente
por saber dosar uma temática realista com elemento fantástico impressionante e atuações
que transbordam emoção. Precisamos de mais filmes como este pois estamos
carentes de “viajar” em um mundo fantástico e mesmo assim se identificar.
Gostei mais do inicio do que o final do filme, mas mesmo assim cumpriu minhas expectativas.
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