sábado, 19 de outubro de 2013

Parents



Eu sou um grande fã da Legião Urbana(o nome desse blog é o nome de uma música da banda). A primeira música da banda que eu ouvi foi “Pais e Filhos” e confesso que nunca tinha imaginado que ela daria um filme assim como “FaroesteCaboclo” mas o mineiro Thales Corrêa imaginou e a metafórica canção da banda inspirou o Curta-Metragem “Parents”.

Produzido nos EUA e inteiramente falado em inglês “Parents” utiliza a canção da banda Brasiliense como inspiração para retratar os conflitos familiares e o despertar de uma jovem garota(Coco Joelle Williams) ao mesmo tempo em que precisa lidar com o caos que se tornou a vida conjugal de seus pais(Ludmila Dayer e Heldane Morris).

O diretor Thales Corrêa induz seu filme ao um terreno metafórico e poético tal qual a canção que o baseia. Thales se revela um diretor atento aos mínimos detalhes e extremamente hábil em utilizar as entrelinhas e simbolismos que existem ali para retratar o universo interno de seus personagens especialmente da Garota (Coco Joelle Williams).

O silêncio tem um papel narrativo de grande importância em “Parents”. Ele leva o espectador para o universo interior daqueles personagens ao mesmo tempo que deflagra tanto o despertar daquela menina na difícil tarefa de crescer servindo para dar o tom das suas descobertas quanto retrata o ambiente hostil que a jovem se encontra. O silêncio estabelece e estrutura as relações entre os personagens(ou a falta delas).

O diretor revela uma habilidade em explorar os mínimos detalhes, um exemplo disso é o fato da sua câmera estar quase sempre em movimento a procura de algo, adentrando o cenário sempre com planos descritivos ao mesmo tempo em que utiliza os closes e movimentos de câmera circular para expressar a interação entre os personagens. “Parents” possui cenas recheadas de lirismo e poesia(fato acentuado pela poderosa trilha instrumental) em que a jovem menina se “fecha” em seu mundo particular para escapar dos conflitos que acometem seus pais. Neste e em outros momentos Correa da um tom metafórico e fantástico as cenas como se a jovem estivesse reclusa em sua própria bolha. Bolha esta que é sempre quebrada pelos fatores internos de seu lar.

Thales imprime uma suave agilidade as cenas com a intenção de captar todos os pontos de vista daquele cenário familiar prestes a desabar, para isso utiliza de flashbacks , trucagens e sobreposições de cenas que representam o choque de realidade da protagonista(Coco Joelle Williams) com o seu real conflito familiar.

O fato de o filme ser visto sobre o ponto de vista da menina garante aos espectador um olhar terno e puro sobre a situação que se acomete aquela família.

“Parents” me lembrou muito os longas “Pauline na Praia” do francês Eric Rohmer e “A Deriva” do Brasileiro Heitor Dhalia pela forma com que retrata o despertar da jovem(Coco Joelle Williams).


Agora o que mais me chamou atenção em “Parents” foi a sua bela fotografia. Utilizando um granulado forte e poderoso a fotografia de Tobias Delm ressalta a poesia e o lirismo que permeiam o filme.

Os atores expressam sintonia em cena estando confortáveis e ótimos em seus respectivos papeis. Coco Joelle Williams atua de maneira singela e doce exprimindo graça e ternura em cena. Sua sintonia com Heldene Morris que interpreta seu pai é deliciosa de se assistir.  Heldene, é outra grata surpresa do Curta. Um ator com uma atuação primorosa ao mesmo tempo sensível e delicada.

É ótimo constatar o quão Ludmila Dayer cresceu como atriz. Eu não acompanhava seus trabalhos havia alguns anos e é maravilhsoso ver a sua evolução que acaba resultando em uma atuação segura e controlada bem como a personagem exige. A atriz se empenha em construir a falta de afeto na relação entre ela e Coco Joelle interprete de sua filha. Uma cena em especial me deixou abismado com a capacidade de atuação de Ludmila (que eu não vou contar obviamente mas quando vocês assistirem vão sacar qual é essa cena).


Por fim, concluo que “Parents” é um filme sensível e encantador. Não só por que levou a música da minha banda favorita ao um significado imaginável mas porque a sensibilidade e poesia que Thales Corrêa imprime em seu curta me emocionou.    






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