Em seu primeiro filme, “O Bandido da Luz Vermelha” Rogério Sganzela já
deixava claro a sua adoração pela arte cinematográfica.
Contando a história do Bandido(Paulo Vilaça) um criminoso de incrível
destreza que trava um verdadeiro jogo de gato e rato com a policia provocando
medo e admiração na população da boca do lixo paulistana.
Com uma narrativa ágil e frenética o diretor construiu uma obra ao mesmo
tempo autoral e referencial ao mesmo tempo. Com influencias dos gêneros
policial e Noir, Sganzerla produziu um filme que representava a sua leitura
desses gêneros combinando agilidade a uma estética propositalmente suja e
utilizando-se de um anarquismo e uma acidez na construção dos diálogos e das
situações. Ao construir as situações em que o Bandido se envolvia o diretor não
temeu exagerar na dose adicionando comédia pastelão, humor negro,
sensacionalismo barato e situações non-sense pois ao descaracterizar totalmente
o gênero Sganzerla deu uma nova costura e garantiu sua marca própria ao seu
filme.
O sensacionalismo barato citado acima é mais uma das brincadeiras de
gênero que o diretor propôs no seu longa. Ao adicionar uma narração própria dos
programas policiais o diretor promove um resgate do gênero aqui utilizado de forma
cômica e satírica desconstruindo-o ao optar pelo exagero proposital e um sotaque carregado dos narradores com muito
humor-intencional diga-se de passagem- o diretor consegue que a narração atinja
dois objetivos distintos: imprima uma espécie de frenesi ao longa e carregue o
nível de humor satirizando os próprios signos da sétima arte.
O longa é essencialmente o intenso jogo de gato e rato que decorre entre
o bandido o diretor imprimiu um dinamismo impressionante nas sequencias além de
uma boa dose de humor escachado é claro, isso contribui para manter o
espectador ligado no enredo durante sua uma hora e meia de duração.
A grande diferença está na forma que Sganzerla trabalha esses clichês
convertendo-os ao seu tributo de forma pessoal estilística e principalmente
autoral.
Munido desse arsenal de referências Sganzerla prestou tributos ,citações
e fez críticas acidas(sempre de forma satirizada é claro) ao cinema novo e a estilização
das artes como um todo.
Quantos aos tributos inseridos aqui de forma muito inteligente diga-se de
passagem,
pode-se notar claramente referências ao “Acossado” de Jean-Luc Godard e a “Psicose” de Alfred Hitchcock. Ao primeiro pode se perceber tanto pela estética e plástica de ambos os filmes,os trejeitos dos protagonistas e algumas cenas similares. Do segundo a referência é clara quando o Bandido(Paulo Vilaça) literalmente faz uma vitima em baixo do chuveiro,tal qual a famosa cena do longa do diretor inglês.
O diretor adotou um modo de direção ágil e com muito frenesi, com cortes
secos e sobreposições além de jogos de câmera habilidosos e movimentos de
câmera descritivos mantendo o nível de suspense combinado com o frenesi e a
agilidade latente.
O resultado de “ O Bandido da Luz Vermelha” é um filme divertido,
estilístico ,pessoal e com ótimas sacadas. Não importa o que você faz mas sim a
maneira como você faz diferente.
A sua continuação Luz das Trevas gostei bastante
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