Thomas Vinterberg é um diretor afoito a temas
densos como o abuso e as relações familiares temas já vistos em seu longa mais
famoso "Festa de Família". Agora, Vinterberg retorna a essa temática
de uma outra maneira.
Lucas(Mads Mikkelsen, ótimo) um professor
recém divorciado tenta retomar as rédeas da vida e estabelecer uma reaproximação
com o filho Marcus(Lasse Fogelstrom,igualmente ótimo.) trabalhando em uma
escola infantil ele tem uma relação de carinho com as crianças até que uma acusação
de abuso transforma sua vida em um inferno.
O diretor Thomas Vinterberg estrutura a
narrativa em bases solidas e fortes ressaltando o teor sombrio que a permeia.
apostando muito na dinâmica ator-texto Vinterberg extrai de seus atores
performances viscerais utilizando uma câmera na Mao que adentra ou melhor
alastra o filme desbravando-o. O uso constante do corte seco dilacera o
horizonte de expectativas do expectador envolto naquele universo repleto de
densidade e tensão dramática em nível Maximo. O jogo de câmera constante que
aliado a câmera na Mao deixa a imagem obviamente tremida ressaltando o aspecto
perturbador da narrativa. O fato dos movimentos de câmera meramente
descritivos- Álias, muito bem executados por Thomas Vinterberg com toda a
capacidade técnica que lhe cabe- a câmera aqui parece ter sempre a intenção de revelar
algo , rondando sempre a espreita do inevitável.
Com a câmera sempre em movimento, mesmo nos
momentos em que está focada em algo,ela nunca está estática sempre em
movimento,nem que seja mínimo. depois que a acusação de abuso é formalizada a
direção acompanha a virada do roteiro e
passa a apostar em cortes ainda mais abruptos abusando ainda mais do corte seco
e das elipses. A densidade já está embutida e ela decorre em níveis ora brandos
e ora asfixiantes.
O roteiro tem uma forte estrutura com
excelentes curvas dramáticas. O roteiro evolui numa crescente com poderoso teor
psicológico e pontos de virada surpreendentes. O elemento surpresa sem
dúvida é um fator determinante em "A Caça" a maneira com que
Vintenberg constrói as relações entre os personagens só pra depois coloca-los
em posição eminente e desconstruí-los é fascinante. Seu conhecimento sobre a carpintaria
dramática é admirável sobretudo a maneira com que expõe seus personagens em situaçoes-limite e
aparentemente irreversíveis e o uso de metáforas
Agora, o mais tecnicamente impressionante em
"A Caça" é a sua belíssima
fotografia. É onde os preceitos do Dogma 95 ficam mais evidentes. A iluminação
natural e o contraluz funcionam perfeitamente estética e plasticamente. De
certa maneira a fotografia funciona como um reflexo da intensa dramaticidade do
longa.
O resultado de "A Caça" é um filme
de altíssimo nível e de densidade extrema. Thomas Vinterberg nos entrega um
filme de extremos. Intenso,forte e de enorme tensão dramática, Vinterberg
experimenta outros caminhos para desvendar a psicologia humana.
É impossível
afirmar que este "A Caça" é ou não superior ao longa mais famoso do
diretor "Festa de Família" por se tratar de temas similares mas o
fato é que Thomas Vintenberg evolui na forma e na temática nos entregando um
filme com características próprias mas igualmente perturbador.
sem duvida um dos melhores filmes do ano.
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