Anárquico talvez seja a melhor definição para “Os Idiotas” de Lars Von
Trier longa feito seguindo os preceitos do Dogma 95.
Um grupo formando uma sociedade a margem da sociedade com o intuito de
chocar,escandalizar aqueles que vivem em um nível acima. Assim essas pessoas
libertam “o seu idiota interior”. Se pensarmos bem o filme é em suma uma grande
e perturbadora crítica a os padrões estabelecidos
pela sociedade. Perturbador pelo fato da mise -en- scene(os protagonistas
fingem ter doença mental) fato reforçado pela câmera na mão de Von Trier que
reforça o aspecto perturbador e de deslocamento social em que vivem os
protagonistas.
O diretor não tem medo de chocar e usa o poder das imagens para reforçar
essa premissa. Escatológico, sexual, libertino são muitas as definições que
podem se aplicar ao filme mas no meio de toda essa anarquia encontramos um
subtexto de um estado elevado de consciência que cerca os protagonistas.
Mas o apuro técnico subverte (ao mesmo tempo que reforça) todo o teor anárquico
do longa. A câmera na mão confere um ar tremido a ação dramática e coloca o
espectador dentro da ação em uma clara posição de desconforto. A luz natural confere
um aspecto mais purista as imagens.
O diretor flerta com outras estéticas fílmicas
em “Os Idiotas” como o documentário adotando um tom confessional em certos
momentos da narrativa. Von Trier rompe com os signos e estruturas do cinema a
todo o momento durante o filme assim como com o próprio entendimento do
espectador sobre o que está sendo visto.
Ao romper com o curso narrativo em movimento de maneira abrupta o diretor
o fragmenta e abre espaço para outras interpretações contidas nas entrelinhas
sobre a real face dos idiotas por exemplo, o que nos leva a um jogo
interessante de descodificar a mise –en –scene e a atuação performática dos
atores. “O personagem dentro do personagem”. É um questionamento complexo e
talvez não atinja o espectador de massa mas faz todo o sentido.
É inevitável relacionar o grupo social dos idiotas com a “Sociedade dos
Poetas Mortos” do filme homônimo. Sim, eu tenho quase certeza que Lars Von
Trier bebeu nessa fonte pelas semelhanças em gênese que os dois filmes
apresentam.
“Os Idiotas” é um filme perturbador sobre as diferenças que faz uma
crítica (ainda que satírica) aos padrões de aceitação impostos pela sociedade.
Esse dele eu ainda não vi
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