O Longa-Metragem “Cine Holiúdy” é acima de tudo uma homenagem ao Cinema e
os seus mais diversos gêneros. O filme de Halder Gomes retrata a luta do
exibidor Francisgleydisson(Edmilson
Filho) para manter o cinema vivo frente a popularização da TV na década de 70
no interior do ceará.
“Cine Holliúdy” é construído para ser uma grande e divertida sátira ao
universo cinematográfico e cumpre seu objetivo com louvor emanando graça e
magia.
O Diretor Halder Gomes aposta na simplicidade e na imaginação ao dirigir
este grande e divertido tributo a sétima arte. Com uma direção de atores
delicada e uma grande habilidade em compor e trabalhar os planos dotado de uma
grande agilidade( não só no que diz respeito a direção mas também ao domínio da
narrativa) Gomes surpreende o espectador a todo o momento pelo elemento
surpresa que acomete o longa. Acontece que o diretor, tendo já brilhantemente
conquistado o espectador já nos primeiros minutos de filme dado a riqueza da
história, a delicada construção de cenas e o carisma de seus atores se dá o
direito de ousar. Ousar em vários aspectos: No corte rente dos planos, na
sobreposição de cenas e na inclusão de efeitos provenientes do desenho animado
causando uma quebra na estrutura dramática e no fluxo narrativo da história.
Para administrar todas estas “quebras de fluxo” e dar sustento narrativo
á história, o longa possui uma montagem paralela poderosa que mantêm o
espectador inerte aquele determinado plot narrativo para depois voltar a elas.
Voltando a questão da agilidade na composição fílmica , o diretor adota uma
agilidade muito perspicaz nas cenas apostando em uma miscelânea de linguagens e
signos audiovisuais incorporado a trucagens fílmicas e a um humor característico
do ceará.
Halder Gomes brinca com os gêneros e signos do cinema a todo o momento
em “Cine Holiúdy”. Essencialmente uma comédia metalinguística e um tributo a
sétima arte o longa se converte ao explorar outros gêneros incorporando-os a
sua narrativa. De comédia satírica a um Road Movie passando pelo cinema de
ação, o longa desafia o espectador a decodificar os signos do cinema a todo o
momento se tornando uma interessante brincadeira entre o filme e os
personagens- bem como ao espectador.
A fotografia do longa a cargo de Carla Sanginitto explora as belezas
naturais da paisagem bem como um Road Movie exige. Utilizando um granulado na
maioria do tempo que realça a beleza das imagens convertendo-as em um elemento
narrativo poderoso para a construção fílmica do longa. Essa conversão fica
explicita em uma cena em especial no qual Graciosa(Miriam Freeland) a esposa
de Francisgleydisson(Edmilson Filho) tem
sonhos. Considerado um “Ponto de Virada” do filme estes sonhos envoltos em uma
atmosfera onírica possuem um tom azulado especial para demarcar a sua
importância para o andamento do filme.
O roteiro escrito por Helder Gomes tem um humor muito característico. Os
diálogos e referencias possuem uma forte veia cômica acentuada. A linguagem
adotada no longa(que apresenta legendas por contêm expressões características
do povo cearense) é fortemente “carregado nas tintas” da comédia se tornando
uma experiência engraçada, emocionante e (muito) divertida.
O elenco inteiro esteve exímio em suas interpretações e confortável em
seus devidos papéis mas é necessário destacar quatro nomes: A começar por Edmilson
Filho, a graça e o talento que o ator dispõe para a comédia que surge aqui de
maneira natural aliado a sua habilidade criativa de fonética e imitação. Além
disso, Edmilson a forma com que o ator humaniza Francisgleydisson nos faz
embarcar no sonho do personagem de maneira impar e acompanhar sua saga vidrados
no enredo do longa.
Miriam Freeland faz de Graciosa a esposa de Francisgleydisson o esteio do
filme. Miriam interpreta uma mulher forte e batalhadora e ao mesmo tempo dotada
de um humor muito sutil. A atriz soube trabalhar todas as nuances de sua
personagem com maestria resultando em uma atuação emocionante.
Joel Gomes que interpreta Francisgleydisson Filho o filho dos personagens de Edmilson Filho e Miriam Freeland
impressiona pela graciosidade e pela rapidez de sua veia cômica. Articulado e
de raciocínio ágil o ator faz uma boa dupla com Edmilson além de estabelecer
uma relação cênica com ele e Miriam Freeland baseada na afetividade.
Roberto Bomtempo é um show á parte do filme. Interprete do
prefeito Olegário Bomtempo atua de maneira demasiada cômica e de forma
deliciosamente caricatural o que cai muito bem ao personagem resultando em uma
performance divertida e altamente engraçada que com o imenso talento e carisma
que o ator empresta ao personagem conquista o público logo de cara.
“Cine Holiúdy” é um ótimo filme. Leve e despretensioso é
uma grande homenagem a arte cinematográfica e os seus gêneros. O filme nos
conquista pela sua simplicidade e emoção e nos faz querer mais. Além disso, “Cine
Holiúdy” é a prova de que pode(e deve) haver uma abertura no Cinema Brasileiro
para explorar outras praças além do habitual Rio- São Paulo e uma amostra do
mais competente Cinema Autoral.
Quero ver a sua listinha também dos 10 melhores desse ano.
ResponderExcluirsó no dia 31 lá na fan page
Excluir