Paraísos artificiais foca em um tema muito discutido sempre, mas que atualmente tem recebido atenção especial no cinema nacional atualmente: As drogas. E o foco dado ao tema acontece das mais variadas formas. No longa de marcos prado, o foco dado é o da relação jovens-drogas, tendo como palco o universo da musica eletrônica.
O filme aborda a vida de três jovens: o jovem Nando (Luca Bianchi), envolvido com o trafico internacional de entorpecentes, a DJ Erika, uma jovem mãe solteira e Lara (Lívia de Bueno), amiga de Erika com quem acaba tendo uma relação que transcende os limites da amizade.
Constituído em flashbacks, o filme possui um prólogo que mostra o que ocorreu dois anos antes do tempo fílmico-quando o filme inicia de fato. Nele é mostrado Nando (Luca Bianchi) saindo da prisão onde cumpriu pena por trafico internacional de entorpecentes e Erika (Nathalia Dill) como uma DJ de relativo sucesso e jovem mãe solteira.
Já no tempo corrente é mostrado o encontro dos personagens Erika, Nando, Lara e Patrick (Bernardo Mello Barreto) em um festival de musica no nordeste brasileiro. Nando preocupa a mãe Márcia (Divana Brandão) e o irmão Lipe (César Cardadeiro) com seus negócios escusos.
A narrativa do filme é feita de maneira diferente: em modo flashback, o que causa certo estranhamento no inicio, mas é um dos seus grandes acertos depois que você compreende o enredo. Com suas idas e vindas no tempo, com um frequente uso de flashbacks para evidenciar o ponto de vista dos personagens, sendo que cada um trás contribuições importantes ao enredo.
O enredo provocador é mérito da direção dinâmica de Marcos Prado e do roteiro de Cristiano Gualda, Pablo Padilla, além do próprio Marcos Prado. A opção de começar o filme pelo final com um frequente uso de flashbacks com uso de montagem paralela para englobar os mais diversos núcleos dramáticos, de modo descresente até chegar ao clímax final.
A montagem paralela, frequentemente utilizada em todo o filme fica evidente nas cenas dos efeitos do uso de ecstasy. Enquanto Erika (Natalia Dill) vive os picos de excitação da droga durante uma cena de sexo (cenas de sexo alias são frequentes em todo o filme, muito bem cuidadas sem nunca pesar a mão, mais um mérito para Prado), Lara (Lívia de Bueno) vive os efeitos devastadores do uso dos entorpecentes.
O diretor Marcos Prado dirige o filme de modo que se monte um quebra-cabeça na mente de quem assiste: é preciso ficar atento a todas as manobras do roteiro e da direção para não ficar perdido.
A trilha sonora é um elemento essencial no filme e não decepciona, trazendo variados estilos de musicas dentro da cena eletrônica, condizente com o universo ficcional do filme.
A fotografia a cargo de Lula carvalho acompanha a vibe do filme utilizando de planos gerais e cores vivas e vibrantes em suas lentes, mas a fotografia fica desfocada em alguns momentos como nas cenas de transe das personagens Erika (Nathalia Dill) e Lara (Lívia de Bueno), porém isso é proposital já que a cena pede esse desfoque. Importante salientar também, o jogo de luzes utilizado por carvalho nas cenas da rave.
O elenco possui muitos destaques, a começar por Nathalia Dill, neste que arrisco dizer é o papel mais ousado da sua carreira até agora. Ela trabalhou bem as diversas nuances da sua personagem: De um lado uma jovem mãe de família, de outro a DJ descolada e liberal.
Lívia de Bueno impressiona pela veracidade que deu a jovem Lara. Bernardo Mello Barreto se destaca como Patrick, sua presença é sempre marcante nas cenas das quais participa, sem, entretanto ofuscar os demais atores. Roney Villela marca presença como o hippie Mark, responsável pela viagem psicodélica das protagonistas. César Cardadeiro como o jovem Lipe, irmão de Nando (Luca Bianchi) é outro que tem merecido destaque, sobretudo no terceiro e ultimo ato, quando seu papel, ganha maior intensidade dramática. Porém é Luca Bianchi quem tem o maior destaque já que o seu personagem é o que apresenta maior curva dramática e ele se mantém sempre com uma interpretação excelente.
Paraísos artificiais é uma grata supressa no universo cinematográfico brasileiro. Com uma direção, roteiro e elenco afinados. Não é didático e em nenhum momento procura passar uma lição. Pelo contrario, apoia-se apenas em intensos personagens para contar uma historia comovente, além disso, revela-se um painel realista da juventude.
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