Em Domicilio conjugal François Truffaut deu prosseguimento às historias de seu mais famoso personagem: O alter-ego Antoine Doinel.
Antoine Doinel (Jean-Pierre Léaud) está casado com Christine Darbon (Claude Jade) que é professora de violino, enquanto ele trabalha tingindo flores no pátio do prédio onde moram. Porém Antoine continua o mesmo adolescente de sempre, pulando de emprego em emprego. Quando Christine engravida, a imaturidade de Antoine se evidencia e ele tem um caso com a japonesa Kyoto (Hiroko Berghauer), porém como tudo na vida de Antoine, o relacionamento também entra em declinio.
François truffaut lançou mão de todos os artificios possiveis (e bem trabalhados) para realizar um grande filme. Com a sua habitual sucessão rápida de planos , aliado a uma trilha sonora potente e sensível , aos atores mas sobretudo ao inteligente uso dos elementos de linguagem em seu roteiro(menções a obras literárias ,cinematográficas além de inserir legendas como uma forma de elipse de conteúdo , certamente uma homenagem ao cinema mudo.
A direção de François Truffaut dispensa apresentações , e mais uma vez ele surpreende. Além da sua habitual sucessão rápida de planos presente em seus filmes, Truffaut faz uso aqui da panorâmica e da montagem paralela, por exemplo, uma novidade em seu repertorio até então. Truffaut exprime neste filme suas já conhecidas sensibilidade e agilidade, além de realizar uma primorosa direção de atores.
A trilha sonora a cargo de Antoine Duhamel, parceiro frequente de Truffaut, utiliza-se de musicas instrumentais, o que engrandece a obra como um todo.
No entanto a fotografia de Néstor Alamendros destoa do resto do filme ao adotar um granulado escuro em suas lentes. Este é o único obstáculo que Domicilio Conjugal encontra em seu caminho.
Truffaut optou por centralizar seu enredo em poucos personagens, o que deu ao seu elenco principal a chance de brilhar. Jean-Pierre Léaud mostra, mas uma vez seu talento (já virou lugar-comum elogia-lo). Claude Jade construiu uma Christine Darbon repleta de nuances e sua personagem cresce consideravelmente conforme o filme avança. Claude Jade evidenciou em sua interpretação o amadurecimento físico e emocional de Christine em contraponto ao marido Antoine (Jean-Pierre Léaud). Christine agora é uma mulher adulta responsável ao contrario da menina apaixonada de “Beijos Proibidos”.
Hiroko Berghauer (kyoto ) , o outro ponto do triangulo amoroso , dá a sua personagem presença , sensualidade e um certo magnetismo que serve muito bem para seu papel.
Assistir a um filme de François Truffaut é sempre uma experiência transformadora , uma verdadeira aula. Alia-se a isso um personagem extremamente carismático como Antoine. É uma pena que François Truffaut já faleceu e também que a saga de Antoine está perto do fim. Mas ai eu penso que o motivo de eu amar o cinema é por ele ser eterno e eu posso ver essa obra-prima sempre que quiser.
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