Quando uma formula cinematográfica faz sucesso ela é explorada á exaustão.
É o caso de “Se Beber Não Case” que após uma trilogia bem sucedida e uma versão
teen, chega às terras tupiniquins com “O Concurso” a versão brazuca do Wolf
Pack. longa de estreia do diretor de novelas Pedro Vasconcelos.
Quatro rapazes vindos de diferentes regiões do Brasil são os finalistas
de uma concorrida e temida prova para se tornar juiz federal são eles Caio (Danton
Mello), Bernardo (Rodrigo Pandolfo), Freitas (Anderson Di Rizzi) e Rogério Carlos
(Fábio Porchat). Porém por má sorte do destino os quatro irão passar os 3 dias
que antecedem a prova juntos e a única coisa que conseguirão pensar é como
chegar vivos na segunda feira.
A estreia no cinema do diretor Pedro Vasconcelos tem influencia
televisiva. O filme se desenvolve de maneira ágil e possui um dinamismo oriundo
da televisão. Um ritmo frenético, muitas gags, cortes sobrepostos e
principalmente uma direção ensaiada com a câmera próxima dos atores
colocando-os em foco.
Vasconcellos um diretor com um histórico na atuação utiliza da sua
experiência cênica para extrair o melhor timming cômico dos atores que atuam
com naturalidade (e em um pouco de exagero bem-vindo) no seu terreno
coreografado.
E trabalhando em parceria com a direção cênica de Vasconcelos está uma
montagem habilidosa que em um primeiro momento se utiliza de um flashforward
que acaba por criar um horizonte de expectativas no espectador. Ao passo que o
diretor capta essas possibilidades narrativas e as introduz ao seu filme de
forma orgânica.
Quando o tempo fílmico se inicia de fato a montagem se estabelece de
maneira eficiente ao sobrepor os momentos de “clímax” dos seus protagonistas
quando eles estão á solo. Nos momentos em que o grupo se une seria mais fácil
para o diretor Pedro Vasconcelos apertar o botão do piloto automático e deixar
a situação rolar solta afinal tendo no elenco nomes como Fábio Porchat a
gargalhada poderia rolar solta e descontrolada. Mas não é isso que acontece.
Vasconcelos direciona esse humor- ou pelo menos tenta direcionar para que ele
possa ocorrer de forma livre e orgânica no filme.
O roteiro não apresenta grandes inovações á formula consagrada na
trilogia de Todd Philipps. Pelo contrario, além de os personagens apresentarem
muitas semelhanças. Muitas das situações e gags apresentadas na trama são
colagens da turma do Allan e companhia. Até o timming cômico e o frenesi
imprimido nas cenas lembram a famosa trilogia de ressaca.
O elenco consegue imprimir vida própria em personagens carregados de
estereótipos. Á começar pelos protagonistas. Danton Mello surpreende
positivamente ao encarar o malandro Caio. Principalmente no que diz respeito ao
seu personagem ser o motor de quase todas as situações. E Danton interpreta o malandro
de forma leve e descontraída imprimindo um humor livre de pudores ao
personagem. Fábio Porchat faz de Rogério Carlos um tipo livre e divertido com
direito a rir das próprias piadas barristas.
Anderson Di Rizzi é uma surpresa tanto para mim quanto para a maioria do
público que não conhecia o ator. Dotado de um perfeito timming de comédia, o
ator arranca gargalhadas quando se deixa levar pela comicidade das situações. (A
cena de Freitas seu personagem possuído no terreiro de umbanda.)
Rodrigo Pandolfo faz de Bernardo um nerd além dos estereótipos.
Investindo nos gestos comedidos e fala pausada. Sua química com Sabrina Sato é
de chorar de rir. Sabrina, aliás, é outra que se sai bem como Martinha Pinel
(olha o nome) uma dominatrix gostosona que tem fixação pelo personagem de
Pandolfo. Sabrina se sai melhor ainda quando encara a persona dominadora de sua
personagem. Herança do aprendizado no Pânico. Só desnecessário quando o diretor
investe em closes da bunda e das pernas de Sabrina. Apelou.
“O Concurso” é um bom divertimento. Produção bem feita e bem dirigida
estrelada por atores talentosos. Só falta á “ O Concurso” algo primordial:
Identidade própria.
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