A primeira vista “rock n Rolla” é um filme mediano. Há sim presente a boa direção de Ritche caracterizadas pelos closes e jogos de câmera. Mas faltava aqui a câmera nervosa, as trucagens e o corte estilizado do diretor que da lugar a cortes precisos e uma direção com força nos closes e em uma direção coreografada o que mais uma vez confirma Guy Ritchie como um talentoso diretor de atores e não só de espetaculares cenas de ação dada a primorosa direção de cena que confere ao seu filme.
Este inicio faz você pensar que rock n´rolla é um filme morno , o que não é verdade. Guy guarda o ás que tem na manga pro terceiro ato onde ele literalmente solta o pino da granada de maneira nervosa bem ao seu estilo. Ali , Guy retorna com força total ao estilo de ação que o consagrou Com agilidade,ritmo frenético,efeito clipado e alto uso do som.
A montagem episódica de James Herbert trabalha de maneira a engrandecer o roteiro de Ritchie sobretudo na questão do ponto de vista. O roteiro escrito pelo diretor Guy Ritchie preza pela quebra de linearidade. A questão do ponto de vista funciona como um denominador comum entre os plots que mais tarde convergem de maneira a resultar no espetacular terceiro ato do filme. Quanto aos personagens Guy lhes confere uma ambigüidade interessante para o andamento da trama e para os personagens e seus rumos deixando em aberto um elemento surpresa.
Um ponto interessante nos filmes de Guy Ritchie e que em “Rock N´Rolla” é utilizado de maneira extremamente habilidosa é a figura do narrador. Aqui Archy(Mark Stong) através de uma poderosa e interessante narração em OFF nos apresenta ao sub-texto e as motivações dos personagens.
Mark aliás é um dos destaques do elenco como Archy imprimindo tinta própria e assim garantindo personalidade própria ao braço direito de Lenny Cole. Mark trabalha as variadas nuances perigosas de seu personagem de forma meticulosa. Gerard Butler compõe One-Two com nuances de quem tem um passado , algo a esconder. Gerard confere ao seu personagem um espírito de liderança e dominador de quem tem o controle da situação. Olhando dessa maneira Stella(Thandie Newton) é o calcanhar de aquiles de One-Two aquela capaz de dominar a situação e exercer controle sobre ele. O que um par de pernas não faz não é mesmo?
Toby Kebbel interpreta Johnny Quid ressaltando as profundas nuances
Que cercam seu papel. É um personagem negligenciado com uma áurea negra á sua volta. Kebbel mergulha fundo na nuance depressiva e autodestrutiva de seu personagem deixando a porta aberta para o seu surpreendente desfecho.
Jeremy Piven interpreta Roman o empresário de Johnny(Kebbel) carregando nas tintas e apostando na sua forte presença cênica Piven constrói um personagem maravilhosamente teatral. (Algo me diz que Roman e Ari Gold de Entourage iam se dar muito bem juntos).
A trilha de “Rock N Rolla” é diversificada mas apostando principalmente no rock e no rap seguindo o estilo de Ritchie. Investindo na mistura do rock alternativo com um Duo para servir de pano de fundo as cenas(e as vezes se sobressair oprimindo a ação dramática. Isso até o terceiro ato quando a música rola solta e domina ação dramática ao alto e bom som.
Um fator que me chamou a atenção foi a fotografia de David Higgs. Garantindo um tom soturno as cenas Higgs investe na cor preta predominante ás vezes oprimindo o ator. Tal escolha combina perfeitamente com o filme cuja trama aborda o submundo do crime.
Vale ressaltar o jogo de luzes que Higgs imprime nos planos de conjunto realçando assim os gestos e a interpretação dos atores.
Rock N ´Rolla” pode não ser o melhor filme de Guy Ritchie em termos estilísticos mas o diretor nos entrega uma obra no qual ele testa seus próprios limites e desafia seu público culminando em um desfecho surpreendente bem ao seu estilo.
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