segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Análise fílmica : Beijos proibidos



Beijos proibidos (Baisers Volés) é um filme de 1968 dirigido por François Truffaut, dando prosseguimento as historias do seu alter-ego Antoine Doinel (Jean-Pierre Léaud). Historias estas que começaram a ser retratadas no autobiográfico “Os incompreendidos” (Les quatre cents coups). Este é o terceiro filme no qual o personagem Antoine Doinel é retratado, sendo “L'amour à vingt ans (1962), Domicile conjugal (1970) e L'amour en fuite (1979), os outros quatro filmes com o personagem.

Em “Beijos Proibidos”, Antoine Doinel (Jean-Pierre Léaud) é expulso do exercito por indisciplina. Após ser expulso, Antoine vai jantar na casa dos pais de Christine Darbon (Claude Jade), a jovem por quem Antoine é apaixonado. Os pais de Christine lhe arranjam um emprego, no qual ele não dura muito, e assim Antoine pula de emprego em emprego, sem ter certeza do que deseja para sua vida, pois ele só cresceu por fora, pois por dentro continua o mesmo jovem inconsequente de antes.

Truffaut começa o filme de uma maneira espetacular: o movimento de câmera circular detalha Paris enquanto são exibidos os créditos iniciais, tudo isso acompanhado por uma trilha sonora instrumental maravilhosa (aliás, toda a trilha é de tirar o fôlego).

Após a apresentação dos créditos iniciais, o zoom diminui, enquanto a câmera “entra” no exercito, com Antoine sendo dispensado de seus serviços.
Truffaut utiliza os planos descritivos à exaustão, sem que isso prejudique a qualidade do filme, pelo contrario só acrescenta.


O movimento de câmera panorâmica aparece em todo o filme, com o intuito de acompanhar Antoine, sempre com a cidade de paris como pano de fundo e é claro com a já citada trilha sonora que é maravilhosa.

A fotografia do filme é essencial para marcar as mudanças na vida de Antoine. Enquanto o prólogo, créditos e a cena inicial são permeados com cores escuras e com um aspecto obscuro, as demais cenas após sua dispensa do exercito , são predominantes as cores quentes, com um aspecto mais vivaz e colorido.


Um detalhe que não posso deixar de citar, o filme tem planos curtos no geral e a maneira que Truffaut escolheu para saltar de uma cena para outra é absolutamente incrível: ele escurece a tela por algum tempo e quando volta ao “normal” já na cena seguinte. Certamente uma homenagem de Truffaut a época do cinema mudo e uma alternativa inteligente.


Truffaut construiu mais um filme terno, envolvente e cativante, com um personagem igualmente envolvente e muito bem desenvolvido, Truffaut correu um risco alto a meu ver, afinal fazer varias continuações pode cansar, mas não com um personagem riquíssimo como Antoine é impossível cansar.

Truffaut sabia como ninguém fazer um filme poético, conseguiu manter o frescor daquele personagem que é seu alter-ego, Antonie Doinel e que todos nós temos um pouco dentro de si. Além disso, fez um filme em que tudo se encaixa perfeitamente como um quebra- cabeça é uma pena que seja tão curto.

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