Beijos proibidos (Baisers Volés) é um filme de 1968 dirigido
por François Truffaut, dando prosseguimento as historias do seu alter-ego
Antoine Doinel (Jean-Pierre Léaud). Historias estas que começaram a ser
retratadas no autobiográfico “Os incompreendidos” (Les quatre cents coups). Este é
o terceiro filme no qual o personagem Antoine Doinel é retratado, sendo
“L'amour à vingt ans (1962), Domicile conjugal (1970) e L'amour en fuite
(1979), os outros quatro filmes com o personagem.
Em “Beijos Proibidos”, Antoine Doinel (Jean-Pierre
Léaud) é expulso do exercito por indisciplina. Após ser expulso, Antoine vai
jantar na casa dos pais de Christine Darbon (Claude Jade), a jovem por quem
Antoine é apaixonado. Os pais de Christine lhe arranjam um emprego, no qual ele
não dura muito, e assim Antoine pula de emprego em emprego, sem ter certeza do
que deseja para sua vida, pois ele só cresceu por fora, pois por dentro
continua o mesmo jovem inconsequente de antes.
Truffaut começa o filme de uma maneira espetacular:
o movimento de câmera circular detalha Paris enquanto são exibidos os créditos
iniciais, tudo isso acompanhado por uma trilha sonora instrumental maravilhosa
(aliás, toda a trilha é de tirar o fôlego).
Após a apresentação dos créditos iniciais, o zoom
diminui, enquanto a câmera “entra” no exercito, com Antoine sendo dispensado de
seus serviços.
Truffaut utiliza os planos descritivos à exaustão,
sem que isso prejudique a qualidade do filme, pelo contrario só acrescenta.
O movimento de câmera panorâmica aparece em todo o
filme, com o intuito de acompanhar Antoine, sempre com a cidade de paris como
pano de fundo e é claro com a já citada trilha sonora que é maravilhosa.
A fotografia do filme é essencial para marcar as
mudanças na vida de Antoine. Enquanto o prólogo, créditos e a cena inicial são
permeados com cores escuras e com um aspecto obscuro, as demais cenas após sua
dispensa do exercito , são predominantes as cores quentes, com um aspecto mais
vivaz e colorido.
Um detalhe que não posso deixar de citar, o filme tem planos curtos no
geral e a maneira que Truffaut escolheu para saltar de uma cena para outra é
absolutamente incrível: ele escurece a tela por algum tempo e quando volta ao
“normal” já na cena seguinte. Certamente uma homenagem de Truffaut a época do
cinema mudo e uma alternativa inteligente.
Truffaut construiu mais um filme terno, envolvente
e cativante, com um personagem igualmente envolvente e muito bem desenvolvido,
Truffaut correu um risco alto a meu ver, afinal fazer varias continuações pode
cansar, mas não com um personagem riquíssimo como Antoine é impossível cansar.
Truffaut sabia como ninguém fazer um filme poético,
conseguiu manter o frescor daquele personagem que é seu alter-ego, Antonie
Doinel e que todos nós temos um pouco dentro de si. Além disso, fez um filme em
que tudo se encaixa perfeitamente como um quebra- cabeça é uma pena que seja
tão curto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário