O cinema tem a capacidade de eternizar as coisas.
Foi com esse pensamento que os integrantes remanescentes do grupo The
Doors, Ray
Manzarek, Robby Krieger e John Densmore, que junto com o diretor Tom Dicillo
produziram esta que foi planejada para ser a “Biografia definitiva” da
banda, ao contrario do
filme dirigido por Oliver Stone lançado em 1991, que acarretou
inúmeras críticas dos fãs e integrantes dos doors pela sua falta de
compromisso com o real.
O documentário começa de uma maneira inteligente:
um fã sósia de Jim ouve a noticia da morte de Jim no radio e logo a câmera
salta para uma sucessão de rápidas imagens da banda em ação terminando assim o
prólogo do documentário.
O documentário mostra todas as fases da banda,
desde o inicio quando Jim e Ray eram estudantes de cinema na UCLA, até o inicio
do sucesso repentino.
A narração de Johnny Depp torna tudo ainda mais
intenso por assim, quando ele diz “os anos 60 começaram com um tiro” para
evidenciar o contexto em que a banda se encaixava no momento em que surgiu: O
movimento da contracultura, movimento estudantil, a luta pelos direitos civis,
a guerra no Vietnã.
Trazendo imagens raras de entrevistas, bastidores e
apresentações, o diretor utiliza de montagem paralela para relacionar a
trajetória da banda com os acontecimentos sociais, afinal o The Doors foi à
banda de uma geração inteira da juventude dos anos 60 e todos os seus ideais.
O foco desse documentário é o The Doors enquanto
banda por isso suas vidas pessoais são pouco mostradas, apenas quando tem
alguma relação com o grupo.
A montagem paralela é usada frequentemente no
filme, seja para fazer um paralelo com o movimento de contracultura seja para
mostrar as noticias que o sósia de Jim ouve no radio sobre sua morte.
Composto de inúmeras imagens era natural que
houvesse uma “seleção” do que era seria destaque, para isso Tom Dicillo utiliza
a elipse de tempo, pois do contrario, a duração de uma hora e 25 minutos do
filme não seria suficiente.
O filme desconstrói os integrantes da banda como
mitos, especialmente Morrison, é fiel a realidade em todos os momentos, ao
contrario do filme de Oliver Stone que construiu uma versão caricata de Jim e
excluiu os demais integrantes da banda do filme, os colocando como “elenco de
apoio” na narrativa do filme.
Composto de ricas imagens de arquivos, bastidores,
performances ao vivo e gravação de discos, Tom Dicillo foi criterioso na
escolha das imagens, priorizando os mais importantes como a apresentação no Ed
Sullivan show quando após a banda sofrer uma tentativa de boicote na letra da
canção “Light my Fire”, devido ao trecho “Girl, we couldn't get much higher”
que em tradução seria: Garota não poderíamos estar mais chapados”, fazendo
alusão ao uso de drogas. Jim ignorou o pedido do apresentador e cantou a musica
exatamente como ela estava escrita, assim a banda foi banida do programa.
Outros momentos importantes retratados no
documentário que é impossível de destacar: os incidentes em Miami e Long
Island, sendo o de Miami o mais sério, pois Jim foi condenado por atentado ao
pudor e linguagem obscena.
O filme expõe sem pudores a fragilidade de seus
integrantes, os problemas de relacionamentos, o vicio em drogas etc.
O álbum “Waiting for the Sun”, que marcou um
distanciamento das origens da banda e houve a recusa do produtor em colocar o
poema musicado de Morrison “a celebração do lagarto” em um dos lados do disco.
Mais uma vez
Tom Dicillo utiliza a montagem paralela para visualizar o poema narrado por
Johnny Depp em off, alias, a narração de Johnny em todos os momentos é
absolutamente incrível, foi um grande acerto do diretor chamá-lo para ser o
narrador.
A restauração das imagens merece aplausos. Nem
parece que as imagens têm mais de 30 anos.
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