Grindhouse é
a alcunha dada aos filmes B de terror produzidos nos anos 70. Em foi com o
intuito de prestar uma homenagem a esse gênero hoje em franca decadência que
nasceu o projeto homônimo dirigido por Quentin Tarantino e Robert Rodriguez, contendo
dois filmes sendo o primeiro “Planeta Terror” dirigido por Rodriguez.
A dançarina
Cherry Darling (Rose Mcgowan) decide largar seu trabalho em um clube de
strip-tease para perseguir o sonho de ser comediante. Após pedir demissão cherry
vai ao encontro do ex-namorado El Way (Freddy Rodriguez). Porém, cherry é
atropelada e atacada por zumbis. O mesmo acontece com Dakota (Marley Shelton)
que sofre constantes ataques do marido William (Josh Brolin), sobretudo depois
que ele foi contaminado com o vírus zumbi. Juntos os sobreviventes terão que
lutar pela sua sobrevivência, cuja única alternativa é o extermínio da raça dos
zumbis.
Há um certo “descuido”
estético em “Planeta Terror”. O diretor Robert Rodriguez construiu um universo
narrativo quase inverosímel para ambientar seu filme bem como reproduzir cenários
marcados pela falta de cuidado visual para ser captado pela sua “câmera nervosa”
marcada pelos cortes bruscos.
Ao produzir
planos ágeis e utilizar elipses, Rodriguez tinha a intenção de provocar tensão dramática
e mexer com o horizonte de expectativas do espectador ao dar ao enredo (bem
como criar um “suspense”). Mas não é isso que acontece, pois o diretor executa
o corte dos planos bem em momentos chave quebrando assim o clímax das cenas.
Robert Rodriguez
“jogou nas onze” em “Planeta Terror”. Dirigiu, escreveu o roteiro, foi o
responsável pela trilha sonora bem como pela fotografia. E foi nesse ultimo
quesito que Robert realizou bem sua função (ainda que modestamente). Ao efeito
de desfoque nas suas lentes (especialmente nas cenas de invasão zumbi) em meio
ao fundo negro predominante. Esse efeito “borrado” dá ao filme uma característica
“de baixo orçamento”, indo de encontro com a proposta do projeto “Grindhouse”: revitalizar
o cinema de gênero.
O roteiro
escrito pelo diretor Robert Rodriguez lembra muito os primeiros filmes de seu
parceiro de projeto “Grindhouse” Quentin Tarantino, especialmente “Cães de
Aluguel” e “Pulp Fiction” no sentido de que a estrutura do roteiro de ambos os
filmes são muito semelhantes. Acontece que enquanto Tarantino utilizava suas
referências à exaustão, porém convertendo-as á sua marca própria, Robert Rodriguez
usa essas referências, não só de Tarantino como de outros filmes e diretores
como uma colagem sem imprimir seu estilo.
O roteiro
também tem muitas falhas de continuidade, (fato que se agrava com os cortes
bruscos e elipses excessivas do filme) deixando o espectador confuso em muitos
momentos. Além disso, o roteiro é recheado de momentos nonsense que prejudicam
ainda mais o desenrolar do filme, bem como seu desempenho.
Se há algo
que realmente salve (se é que á essa altura o filme tenha salvação) é o elenco.
Os atores desempenham com afinco seus respectivos personagens por mais fora do
normal que eles pareçam ser.
Rose Mcgowan
embarca nas “viagens” do diretor atuando com afinco. Rose imprime a cherry um
trejeito teatral, como se a personagem tivesse saído dos quadrinhos, sem,
entretanto soar risível. Pelo contrário, cabe perfeitamente na personagem.
Freddy Rodriguez
compõe El Way acentuando as diversas nuances do personagem de modo que
transmite ao espectador uma duvida a respeito do caráter do personagem. Sua química
com Rose Mcgowan é algo louvável, pois os dois atores tem empatia quando
juntos.
Marley
shelton interpreta Dakota com uma atuação que vai em uma crescente ao longo do
filme. Da mulher reprimida, medrosa que sofre com os ataques do marido Dr. Brock
(Josh Brolin) e as consequências das ações dele á uma lutadora no sentido
literal da palavra.
Por sinal, Josh
é outro que atua de maneira excelente, sendo a perfeita personificação de “O
médico e o Monstro” atual.
“Planeta
Terror” acaba se tornando a tentativa (QUASE) fracassada de Robert Rodriguez prestar
um tributo a um gênero cinematográfico em decadência. No entanto, Rodriguez acaba
entregando ao espectador uma colagem de tudo o que viu em sua vida cinéfila. Faltou
ao diretor à genialidade de saber extrair das suas referências um estilo
próprio como faz o parceiro Tarantino (parceiro esse que Rodriguez copia a exaustão).
Espero o diretor nos apresentar um trabalho autoral em uma próxima oportunidade
não apenas uma “colagem”.
mas a intensão dos cortes, da iluminação foi intencional, para parecer com filmes b dos anos 70, já que esta é uma homenagem ...
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