sexta-feira, 15 de março de 2013

Kill Bill Vol. 2



“Kill Bill” foi concebido para ser um único filme por seu diretor, Quentin Tarantino. Porém, devido à longa duração do filme (quase 4 horas) e por uma jogada de marketing de sua distribuidora, o longa foi dividido em duas partes.
Kill Bill Vol. 2 começa onde a Vol.1 terminou. Após se vingar de O-Ren Ishii (Lucy Liu), a Noiva (Uma Thurman) continua a sua vingança contra os que restam: Budd (Michael Madsen) e Elle Driver (Daryl Hannah) até conseguir chegar ao seu objetivo principal, Matar Bill (David Cerradine).

Nesta “segunda parte”, Tarantino se aprofunda no universo estilístico abordado em “Kill Bill”. Bem como garante embalsamento psicológico aos seus personagens e consequentemente ao enredo.

Com suas narrativas não lineares características, o filme se inicia com um flashback onde podemos conhecer o passado da Noiva que na realidade se chama Beatrix Kiddo. Tarantino promove aqui um interessante jogo de câmera, focalizando assim o rosto de seus atores. É necessário salientar, o magnífico trabalho de fotografia em preto e branco nesse momento. Além de um interessante contra luz que confere um suspense a respeito dos personagens.
O estilo Tarantino de filmar está aqui. O filme é recheado de elipses, sobreposições de planos, plongeê e contra-plongeê, zoom in/out e telas divididas para evidenciar os momentos da “Noiva”, além de um travelling muito bem executado.

Com um filme dividido em capítulos, Tarantino se apoia em flashbacks construídos com perfeição para demonstrar as origens da Noiva. Elipses de tempo e um corte seco e preciso dos planos garantem agilidade a história.
As cenas de luta nessa “parte do filme” acontecem em menor número. Mas quando ocorrem são cenas muito bem coreografadas, Tarantino garante ao longa uma excelente direção cênica.

A montagem sempre é o principal aliado da direção em um filme (ou pelo menos deveria ser). Em Kill Bill ela é essencial funcionando como elo entre a parte 1 e 2 e entre os capítulos do filme. A montagem em flashback. Além disso, a montagem em flashback é um dos principais pilares do enredo, funcionando como um potente recurso narrativo.

 A música é anti-diegetica (fora do universo ficcional do filme). A trilha como é comum nos filmes de Tarantino é bastante eclética. Indo desde o country ate trilhas incidentais de suspense, muitas inclusive de outros filmes famosos, funcionando como uma espécie de tributo.

O roteiro de Quentin Tarantino nesse “segundo volume” garante maior embalsamento dramático aos personagens. Inclusive humanizando o principal vilão Bill (David Cerradine). Há uma maior construção de personagens, tornando-os ainda mais criveis.
Há também uma maior preocupação do diretor em contrabalançar as cenas de batalha com o diálogo. O que acaba resultando em ótimos diálogos cheios de ironia, afinal estamos falando do criador de diálogos de humor cortante como visto em “Cães de Aluguel” e “Pulp Fiction”, por exemplo.

    A fotografia de Robert Richardson é extremamente eficiente no sentido que colabora para construir um universo fílmico impactante. Os flashbacks em preto e branco, assim como o prólogo inicial acentuam a grandiosidade do enredo.

O elenco é encabeçado por Uma Thurman que mantém uma interpretação magnífica apoiada nas diversas nuances da personagem. Uma “encarna” a personagem com perfeição.
Daryl Hannah (Elle) viu seu papel crescer consideravelmente em comparação ao “Volume 1”. Daryl compôs sua personagem com a frieza necessária, atuando com brilhantismo. Uma antagonista á altura da “Noiva” (Uma Thurman).

David Cerradine compõe um “Bill” frio e humano ao mesmo tempo. As cenas com Uma e Perla Haney-Jardine interprete de B.B a filha dos dois. 
David empresta ao personagem todo o seu talento,carregando-o de múltiplas nuances, permitindo ao espectador quase ter compaixão pelo principal vilão do filme (veja bem, eu disse QUASE).

Aliás, Perla é a grata surpresa desse “volume” atuando de forma genuína como é comum a crianças da sua idade. Mas Perla tem um magnetismo diferente no olhar o que permite a ela estar no mesmo nível cênico de Thurman e Cerradine. Um fato notável, visto que ela era apenas uma criança na época.

Michael Madsen (Budd) interpreta o irmão de Bill com uma nuances que beiram a marginalidade. Michael se destaca pela maneira que resalta os trejeitos marginais, vingativos e ambiciosos de seu personagem.


Tarantino realizou em “Kill Bill” mais um fantástico longa, o meu filme favorito dele. Em “Kill Bill” Tarantino fez mais do que um tributo a um gênero, fez um filme estilizado mesmo cheio de referências, que consagraria de vez o seu estilo de filmar.  







  

Nenhum comentário:

Postar um comentário