“Kill Bill”
foi concebido para ser um único filme por seu diretor, Quentin Tarantino. Porém,
devido à longa duração do filme (quase 4 horas) e por uma jogada de marketing
de sua distribuidora, o longa foi dividido em duas partes.
Kill Bill Vol.
2 começa onde a Vol.1 terminou. Após se vingar de O-Ren Ishii (Lucy Liu), a Noiva
(Uma Thurman) continua a sua vingança contra os que restam: Budd (Michael Madsen)
e Elle Driver (Daryl Hannah) até conseguir chegar ao seu objetivo principal,
Matar Bill (David Cerradine).
Nesta “segunda
parte”, Tarantino se aprofunda no universo estilístico abordado em “Kill Bill”.
Bem como garante embalsamento psicológico aos seus personagens e
consequentemente ao enredo.
Com suas
narrativas não lineares características, o filme se inicia com um flashback
onde podemos conhecer o passado da Noiva que na realidade se chama Beatrix
Kiddo. Tarantino promove aqui um interessante jogo de câmera, focalizando assim
o rosto de seus atores. É necessário salientar, o magnífico trabalho de
fotografia em preto e branco nesse momento. Além de um interessante contra luz
que confere um suspense a respeito dos personagens.
O estilo Tarantino
de filmar está aqui. O filme é recheado de elipses, sobreposições de planos,
plongeê e contra-plongeê, zoom in/out e telas divididas para evidenciar os
momentos da “Noiva”, além de um travelling muito bem executado.
Com um filme
dividido em capítulos, Tarantino se apoia em flashbacks construídos com
perfeição para demonstrar as origens da Noiva. Elipses de tempo e um corte seco
e preciso dos planos garantem agilidade a história.
As cenas de
luta nessa “parte do filme” acontecem em menor número. Mas quando ocorrem são cenas
muito bem coreografadas, Tarantino garante ao longa uma excelente direção cênica.
A montagem
sempre é o principal aliado da direção em um filme (ou pelo menos deveria ser).
Em Kill Bill ela é essencial funcionando como elo entre a parte 1 e 2 e entre
os capítulos do filme. A montagem em flashback. Além disso, a montagem em
flashback é um dos principais pilares do enredo, funcionando como um potente
recurso narrativo.
A música é anti-diegetica (fora do universo
ficcional do filme). A trilha como é comum nos filmes de Tarantino é bastante eclética.
Indo desde o country ate trilhas incidentais de suspense, muitas inclusive de
outros filmes famosos, funcionando como uma espécie de tributo.
O roteiro de
Quentin Tarantino nesse “segundo volume” garante maior embalsamento dramático aos
personagens. Inclusive humanizando o principal vilão Bill (David Cerradine). Há
uma maior construção de personagens, tornando-os ainda mais criveis.
Há também
uma maior preocupação do diretor em contrabalançar as cenas de batalha com o
diálogo. O que acaba resultando em ótimos diálogos cheios de ironia, afinal
estamos falando do criador de diálogos de humor cortante como visto em “Cães de
Aluguel” e “Pulp Fiction”, por exemplo.
A fotografia de Robert Richardson é
extremamente eficiente no sentido que colabora para construir um universo fílmico
impactante. Os flashbacks em preto e branco, assim como o prólogo inicial
acentuam a grandiosidade do enredo.
O elenco é
encabeçado por Uma Thurman que mantém uma interpretação magnífica apoiada nas
diversas nuances da personagem. Uma “encarna” a personagem com perfeição.
Daryl Hannah
(Elle) viu seu papel crescer consideravelmente em comparação ao “Volume 1”.
Daryl compôs sua personagem com a frieza necessária, atuando com brilhantismo. Uma
antagonista á altura da “Noiva” (Uma Thurman).
David Cerradine
compõe um “Bill” frio e humano ao mesmo tempo. As cenas com Uma e Perla Haney-Jardine interprete de B.B a filha dos dois.
David empresta ao personagem todo o seu talento,carregando-o de múltiplas nuances, permitindo ao espectador quase ter compaixão pelo principal vilão do filme (veja bem, eu disse QUASE).
David empresta ao personagem todo o seu talento,carregando-o de múltiplas nuances, permitindo ao espectador quase ter compaixão pelo principal vilão do filme (veja bem, eu disse QUASE).
Aliás, Perla
é a grata surpresa desse “volume” atuando de forma genuína como é comum a crianças
da sua idade. Mas Perla tem um magnetismo diferente no olhar o que permite a
ela estar no mesmo nível cênico de Thurman e Cerradine. Um fato notável, visto
que ela era apenas uma criança na época.
Michael Madsen
(Budd) interpreta o irmão de Bill com uma nuances que beiram a marginalidade.
Michael se destaca pela maneira que resalta os trejeitos marginais, vingativos
e ambiciosos de seu personagem.
Tarantino realizou
em “Kill Bill” mais um fantástico longa, o meu filme favorito dele. Em “Kill
Bill” Tarantino fez mais do que um tributo a um gênero, fez um filme estilizado
mesmo cheio de referências, que consagraria de vez o seu estilo de filmar.
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