sábado, 20 de abril de 2013

Jogada de Risco




 Ambientado no mundo dos jogos de azar e dos cassinos “Jogada de Risco” primeiro longa metragem de Paul Thomas Anderson acaba revelando não só um brilhante diretor, mas temas que marcariam seus trabalhos subsequentes.


John Finnegan (John C. Reilly) é um jogador azarado que acaba de perder tudo após uma noite em Las Vegas. Entretanto, John que acaba de perder a mãe e precisa pagar o seu funeral encontra em Sydney (Philip Baker Hall) um expert em jogatina o mentor que precisa. Agora um jogador experiente John se mete em uma verdadeira jogada de risco ao se envolver com Clementine (Gwyneth Paltrow).

O primeiro longa de Paul Thomas Anderson (realizado em função do prêmio recebido no festival de Sundance por seu curta-metragem “Cigarettes and Coffee”) revela-se um trabalho bem realizado esteticamente e com um roteiro primoroso.

Com duas partes distintas, “Jogada de risco” se estabelece na sua primeira metade como um filme plano-sequência apostando em planos descritivos com um movimento circular habilidoso e planos mais fechados de maneira a privilegiar os atores e o texto primoroso que tinha em mãos. Com planos de longa duração o diretor consegue ainda assim embutir agilidade narrativa ao longa.

(Com um interessante jogo de câmera Paul acaba fazendo um uso inteligente do zoom ao utilizar isso para destacar determinado ator e seu respectivo personagem em cena.)

Na segunda parte do filme Paul insere ao longa alguns poucos cortes e sobreposições de planos sem, entretanto deixar de privilegiar a dinâmica “ator-texto” ao longo de todo o filme.

Mesmo na segunda parte quando o filme ganha ares de policial a violência não é algo que predomine na narrativa aparecendo apenas de maneira implícita na maioria do tempo.

O roteiro de Paul Thomas Anderson é essencialmente calçado nas relações interpessoais que cercam os personagens. Paul concentrou suas forças em construir diálogos poderosos de modo que a as relações que cercam os personagens e á própria trama se tornasse crível. Outro aspecto interessante a ser analisado é que a música é utilizada aqui como um elemento narrativo de modo que auxilia o desenrolar da trama como pano de fundo.

Por falar em música, ela exerce aqui um papel essencial como já foi dito. Anderson controla a música de modo a elas exercerem impacto sobre as cenas de maior e menor tensão dramática. Assim, nas cenas de menor tensão a música funciona apenas de pano de fundo e nas cenas de maior tensão a música se sobrepõe aos diálogos dando o tom á cena.
Anderson investiu forte em uma mistura de Jazz e Blues que se encaixam perfeitamente ao cenário enérgico e virtuoso que compõe o filme.

John C. Reilly e Phillip Baker Hall encabeçam o elenco, construindo uma relação fraternal e verdadeira entre seus personagens. Philip imprime uma segurança cênica no seu personagem do inicio ao fim do filme, construindo um personagem forte, carregado e ao mesmo tempo dotado de muito controle psicológico. John ao contrário expõe um personagem em “ciclo de crescimento”. John começa o filme imprimindo ao personagem uma atuação comedida e vai se “soltando” gradualmente sobretudo após a segunda parte onde a timidez inicial da lugar á uma atuação expansiva.

Gwyneth Paltrow constrói sua personagem Clementine com a força dramática que o papel exige. Tendo em mãos uma personagem ambígua e essencialmente marginal Gwyneth carrega sua personagem com tintas fortes. É interessante salientar também que Gwyneth se encaixa perfeitamente entre seus colegas de cena John C. Reilly e Phillip Baker Hall. A atriz se iguala rapidamente ao mesmo nível cênico de seus colegas, atuando de igual pra igual.


O debut de Paul Thomas Anderson como diretor é uma produção caprichosa e um filme muito bem executado tanto do ponto de vista técnico quanto narrativo. É interessante observar que em “Jogada de Risco” permeiam temas e inovações técnicas que se tornariam recorrentes á sua obra.










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