quinta-feira, 25 de abril de 2013

Boogie Nights- Prazer sem Limites





O show Business em geral, mas principalmente o cinema tem o poder de capitalizar novas pessoas ao estrelato instantaneamente todos os dias. Porém como dizem “o difícil não é chegar lá, mas se manter no topo”. O meio artístico/cinematográfico e a capacidade de ascensão  assim como a queda dos que habitam esse cenário é o mote principal de “Boogie Nights- Prazer sem Limites”.

Eddie Adams (Mark Wahlberg) é um jovem de 17 anos com problemas familiares que encontra nos trabalhos em um bar e em uma lavadora de carros uma válvula de escape para não ficar no ceio da família desestruturada da qual faz parte. Dono de um membro “superdotado” Eddie encanta o diretor Jack Horner (Burt Reynolds) que o transforma em Dirk Diggler a mais famosa estrela erótica da época, porém, o sucesso repentino sobe a cabeça de Dirk e o sentimento de incompreensão que as pessoas sentem pela obra de Jack mina essa relação e a carreira de ambos.

Ambientado nos anos 70 onde a música disco imperava assim como drogas como a cocaína “Boogie Nights” retrata o apogeu e o declínio das figuras do meio artístico que são subjulgadas pelo viés erótico de seus filmes bem como o duelo pessoal desses artistas em realizar um cinema de “arte” assim como a transição da película para o vídeo.

Inspirado em um curta metragem anterior de Paul Thomas Anderson “The Dirk Diggler Story” “Boggie Nights” é um retrato crítico a uma série de temas como o preconceito, o cinema de mainstream em contraponto ao cinema autoral além de ser uma forma “homenagear” “a sétima arte”.

O diretor Paul Thomas Anderson construiu um universo estético “sujo”, condizente com o enredo underground que retrata assim como aprimora o seu estilo utilizando o modo de filmar já visto no seu longa de estreia “Jogada de Risco”. Com planos longos e mais fechados, além de descritivos assim como um travelling utilizado
Com excelência.

Paul Thomas Anderson investe em um interessante e poderoso “jogo de câmera” e longos takes em plano sequencia milimetricamente combinados com um “corte invisível dos planos”.
Mantendo a câmera próxima de seus atores Paul Thomas favorece assim uma interpretação naturalista por parte de seu elenco.

O diretor foi extremamente hábil com dois elementos de seu filme em especial: a utilização da montagem paralela para evidenciar o declínio individual de seus protagonistas Dirk Diggler (Mark Wahlberg) e Jack Horner (Burt Reynolds). E no potente uso da metalinguagem ao transportar o espectador pra dentro das produções eróticas assim Dirk “Interpreta” Block Landers no “filme dentro do filme”. Mais metalinguístico impossível.

O roteiro de autoria do próprio diretor estabelece essa dinâmica metalinguística a todo o momento, sem deixar de privilegiar a vida intima e individual de seus personagens o que rende de seu elenco interpretações realistas como Julianne Moore que vive a atriz pornô que luta pela guarda do filho, Buck (Don Cheadle) que encontra dificuldades para abrir o seu próprio negócio por conta de sua profissão. E a do próprio diretor Jack (Burt Reynolds) que não consegue satisfação pessoal e profissional por realizar filmes comerciais em vez do que realmente quer um “filme de arte”.

“A fotografia a cargo de Robert Elswith realça a atmosfera “marginal” do longa ao construir um universo dotado de cores escuras combinadas com um jogo de luzes” com o objetivo de destacar a “era disco” que serve de pano de fundo ao longa”.

Por falar em música disco, a trilha sonora é recheada de canções desse estilo e época. A música exerce aqui um papel fundamentalmente narrativo e de ambientação temporal do filme.

Paul Thomas Anderson realizou em “Boogie Nights” um filme excelente e atemporal. Além, de abrir espaço para a análise de diversas questões com o que é considerado arte, o apego exacerbado a fama além de ser o reflexo da transição dos filmes de película para vídeo dilema retratado no personagem Jack Horner (Burt Reynolds). Apogeu, glória e declínio de personagens e de uma era.







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