Um deslumbre visual. Assim eu defino “O Grande Hotel Budapeste” novo filme do cineasta Wes Anderson.
“O Grande Hotel Budapeste” a principio trata das memórias de um velho concierge M. Gustave(Ralph Fiennes) contadas a um escritor (Tom Wilkinson) mas o longa vai muito além disso.
Admito que não conheço nada do trabalho de Wes Anderson mas esse “Grande Hotel” me deixou impressionado e curioso pra conhecer seu trabalho. Em grande parte pelo requinte e beleza visual imprimidas em seu longa. É admirável o inteligente uso das mais diferentes tonalidades no que diz respeito a paleta de cores que compõe a arte de um filme bem como a sua fotografia.
Embora, a primeira vista o longa possa parecer dotado de uma narrativa mais estática, é só uma primeira impressão pois Wes Anderson desenvolve seu filme como o desenrolar de um grande flashback- muito telegrafado é verdade, mas ainda assim um grande recurso narrativo.
Seu filme se desenvolve em duas bases distintas que se complementam: O Concierge M Gustave(Ralph Fiennes) contando ao escritor(Tom Wilkinson) suas aventuras e o flashback propriamente dito com as aventura de Gustavo e o jovem concierge Zero.
Adotando diferentes formas de filmar em ambos “tempos narrativos”, Anderson utiliza de uma direção mais contemplativa na primeira parte, com poucos movimentos de câmera, priorizando o plano contraplano e destacando ao máximo o exuberante cenário.
Ao passo que do segundo ato em diante, o diretor utiliza de uma forma de dirigir hiper movimentada, com trucagens e movimentos super ágeis, o que lembra muito os primeiros filmes de Tarantino e Guy Ritchie. Até a forma de desenrolar a narrativa em capítulos, lembra os filmes do primeiro acima citado.
Interessante observar a ousadia do cineasta não só por converter uma narrativa aparentemente estática e contemplativa em algo dotado de agilidade e inteligência dramatúrgica impar mas sobretudo, pela ousadia que demonstra logo no inicio do filme ao quebrar a “quarta parede” e se dirigir diretamente ao espectador, recurso que ele volta a utilizar algumas vezes durante o filme.
É preciso enaltecer o incrível trabalho de arte do longa. A maneira como constituíram o requinte da cenografia com muito brilho e “exagero” é exuberante. O uso da paleta de cores foi muito bem pensada na construção da arte pois nota-se que o uso de cores quentes e objetos refinados ajudam a carregar a importância do hotel para a narrativa do longa.
Se há algo em que Wes Anderson pecou severamente em seu filme, foi subestimar a inteligência do espectador. O fato de evocar um narrador em muitos momentos do longa o torna cansativo, sobretudo porque já estamos assistindo a uma narrativa super ágil e tal escolha de “contar a história” muito formalmente quebra a narrativa e a tensão dramática. Outro porém, são os diálogos excessivamente telegrafados, realmente não precisava mas nada que tire a beleza do filme de Anderson.
“O Grande Hotel Budapeste” é um filme de tamanha beleza , deslumbrante, aliado a uma narrativa dinâmica ao extremo e ao carisma talento e química de dois atores excepcionais, Ralph Fiennes e Tony Revolori. Admito que estava com o pé atrás com esse filme, mas ao final lhes digo: Wes Anderson ganhou um fã e está a um passo de entrar pra minha seleta lista de cineastas favoritos. Quero mais dele.
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