quinta-feira, 24 de julho de 2014

Transcendence- A Revolução


“As pessoas temem aquilo que não conseguem entender” essa é a principal mensagem da ficção cientifica “Transcendence- A Revolução” primeira incursão do aclamado diretor de fotografia Wally Pfister na direção cinematográfica e estrelado por Johnny Depp.

Will Caster(Johnny Depp) é um cientista famoso por suas pesquisas e experiências no ramo da inteligência artificial e auto consciência. Entretanto, sua fama atrai a ira de extremistas que tentam mata-lo. O que o leva a uma experiência de consciência coletiva e regeneração celular.

Em primeiro lugar, “Transcendence- A Revolução” é o filme certo em todos os aspectos. É o primeiro filme de Wally Pfister na direção e certamente ele é a pessoa certa pra dirigir um filme tão visualmente tridimensional quanto essa ficção cientifica cyberpunk. A forma com a qual Pfister introduz o visual cibernético gradativamente – mérito também dos roteiristas tornando capaz de o espectador compreender a gênese do enredo antes de desenvolver a narrativa sci-fi presente no enredo.

A direção de Pfister acompanha o ritmo do próprio filme. por isso mesmo, começa de maneira tímida, com o cineasta mantendo sua câmera a espreita , utilizando de agilidade quando necessário , mas sabendo dosar estes elementos muito bem elaborados no roteiro de Jack Paglen e transmiti-los visualmente para que o espectador compreenda a raiz da trama antes de evoluir para a ficção cientifica propriamente dita.

É impossível dissociar o trabalho de direção tão visualmente “real” com a direção de fotografia – função exercida pelo diretor anteriormente, e ainda, acredito num trabalho em conjunto entre Pfister e Jess Hall. A forma com a qual a fotografia cria a ambientação externa para que o “universo paralelo” possa coexistir é sensacional. Com cores frias e um uso habilidoso da luminosidade que a fotografia permite , se criou um ambiente, um universo onde a ficção cientifica presente no enredo pode se desenvolver de forma mais realista possível. Como o subgênero de Sci-fi na qual o filme se encaixa-o cyberpunk, o universo cibernético e online é de grande importância para o desenvolvimento da narrativa, o grafismo virtual se torna parte integrante do “real”.

Toda essa unidade cientifica onde o filme se desenvolve, ganha tons mais frios na fotografia de Jass Hall. O resultado desse trabalho de ambientação do espaço fílmico permite ao diretor Wally Pfister que consegue traduzir e incorporar na narrativa os elementos tecnológicos. A maneira com a qual o cineasta desenvolve o filme permite que os elementos ali expostos soam naturais e principalmente, Pfister consegue quebrar a “quarta parede” presente no filme permitindo assim que a inteligência artificial de Will Caster(Johnny Depp) exista, permitindo ao personagem uma existência mais visual materialmente do que só pela voz.

Um grande acerto do longa foi utilizar a tecnologia da maneira certa a favor da narrativa. Ao utilizar de computadores e outros aparelhos tecnológicos, a câmera consegue captar o grafismo virtual de forma a incorpora-la naturalmente na narrativa. O que quero dizer, é que a maneira com a qual esses elementos são captados e inseridos no filme de forma tão visceral , viva como um espelho para o mundo virtual, quebrando assim a barreira existente entre os dois mundos. As cenas são captadas de forma orgânica e natural e por isso mesmo se encaixam perfeitamente a narrativa.

Parece que coexistir traduz a experiência fílmica de “Transcendence”. Pois, além de criar este “universo inteligente” , o diretor precisou imprimir visualmente o outro extremo do filme. O dos extremistas que são contrários a experiência artificial e usam a violência para tal liderados por Bree(Kate Mara). Para tal, a direção cinematográfica e de fotografia se mostraram alinhados mais uma vez criando um ambiente hostil e evidenciando a luz natural e os granulados. A experiência é tão visceral e sensorial cinematograficamente que o menor grão se desenvolve de maneira inacreditável visualmente. Resultado é claro, das experiências de Will Caster(Johnny Depp) e muito bem recriadas visualmente. Vemos partículas se dissolverem pelo ar e regerarem literalmente. Tudo isso, aliado a um trabalho de união entre direção , fotografia , sonoridade, pois o aspecto sensorial é de grande importância para o longa e direção de atores naturalista, permitindo atuações criveis mesmo controlados por uma inteligência artificial.

Tudo parece perfeito em “Transcendence” de modo que eu não consigo entender porque o público não aceitou bem a história. Talvez porque requer paciência e necessita pensar e as pessoas tem preguiça de pensar, querem tudo mastigado.

Wally Pfister conseguiu usar de sua experiência anterior como diretor de fotografia para criar um universo tecnológico crível visualmente. Jack Paglen criou um roteiro utilizando com inteligência e destreza os elementos da sci-fi cyberpunk pura. Porém antes induziu seu espectador para o universo retratado de maneira gradual. Um acerto. Depois, desenvolveu a sci-fi e os universos presentes de forma crível e imaginativa, sempre mantendo um pé na realidade. O problema é que as pessoas não tem paciência pra esperar o filme se desenvolver. Nem tem o olhar apurado pra entender “além dos olhos” e as metáforas sobre regeneração vital muito bem colocadas por Paglen. Povo preguiçoso e alienado.

Johnny Depp volta a escolher bons papeis e mais uma vez nos mostra porque é um dos melhores atores da atualidade ao construir todas as fases do personagem com intensidade e mais, conseguir dar vida ao papel quase que inteiramente pela voz a maior parte do tempo.

Rebecca Hall faz de Evelyn Caster , a mulher de Will uma mulher totalmente multifacetada. Por um lado, ela quer recriar o marido e a atriz demonstra a obstinação do papel, por outro se revela em conflito com os caminhos da ciência e por fim, duvida do próprio marido. Em todas essas fases, Hall conseguiu dar o tom exato ao papel.

No extremo oposto, está Kate Mara no papel de Bree, personagem terrorista que vai contra os ideais de inteligência artificial. Mara expõe toda a força dominadora da personagem, sua obstinação em aniquilar muito só com o olhar. É lindo ver em uma das sequências finais do longa, a personagem “desarmar” ao ver que nem tudo é como ela acreditava. A atriz deu show.


“Transcendence” veio pra mim no momento certo no qual estou me interessando por Sci-fi principalmente Cyberpunk. E acabou se revelando um filme incrível. Por sua visceralidade visual, pela forma com a qual elabora e desenvolve seus universos, por tudo. “Transcendence” , como o próprio filme diz e é a frase de abertura da crítica, as pessoas temem aquilo que não conseguem entender.




2 comentários:

  1. Eu só ouvi falarem mal desse filme e essa foi a primeira critica que falou bem. Me interessou

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  2. I se um muito bom momento para vê-lo. Eu gostei, havia muitos elementos que pareciam muito atraente para mim, a sequência de ideias foi bom, mas alguma coisa aconteceu durante esse filme que não se conformava Trascender; no entanto, é um muito interessante para quem gosta de filme de ficção científica, o colapso da humanidade e do governo conspirações. Ele tem seus contras, mas é definitivamente interessante perguntar-nos mesmo com filmes, dilemas éticos que existem na ciência e desenvolvimento. Nós dois estamos dispostos a sacrificar a nossa ética e morais, a fim de salvar vidas; um debate que queima quando se trata de células, nanotecnologia e ciência médica-tronco.

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