Há algum tempo tive a ideia de inaugurar um novo espaço no blog,
analisando a vida e carreira dos cineastas, dessa forma além de aprender mais,
posso compartilhar com vocês os meus comentários sobre os filmes.
O escolhido pra inaugurar este espaço foi o diretor francês François Truffaut,
primeiro falarei sobre sua vida e carreira depois comentarei sua filmografia, ou
melhor, parte dela.
Nascido em 6 de fevereiro de 1932, François Truffaut é filho de filho de
Roland Lévy e Jeanine de Montferrand. O menino François jamais conheceu o pai
biologico e foi rejeitado pela mae ,sendo criado pelos avos maternos.
Aos 10 anos truffaut viu a avó falecer e
foi morar com a mae e seu padrastro, que lhe garantiu um sobrenome, porém a
falta de afeto e problemas escolares fez que o menino abandonasse os estudos
aos 14 anos , vivendo de pequenos furtos para sustentar o seu amor pela setima
arte e o cine-clube que
havia criado, o Cercle cinémane o
cine-clube o permitiu conhecer o
crítico de cinema Andre Bazin , que acabaria se tornando
um pai para Truffaut e lhe daria um emprego na revista Cahiers du Cinéma , onde
François se revelaria um crítico de escrita polemica e defensor de uma
constante renovação no cinema francês vigente na época.
Na obra de François Truffaut, há uma
predominância de certos temas abordados nos seus filmes (infância, adolescência,
amor, arte, noir), portanto o especial será dividido por categorias.
Infância e adolescência:
-
Os pivetes (Les mistons) (1957)
Em seu segundo filme de curta metragem
,adaptado da obra de Maurice Pons, truffaut apresenta
um dos temas que seria recorrente em sua obra : a infancia. Os Pivetes conta a
historia de 3 garotos que vivem o seu primeiro amor por uma mulher mais velha. Como são
muito jovens para namora-la, os garotos se dedicam a atrapalhar os romances de
Bernadete. O curta se destaca pela eficiente narração em over.
Em seu primeiro filme de longa-metragem , Truffaut conta uma historia essencialmente auto biográfica. Através de
seu alter-ego Antoine Doinel (Jean-Pierre Léaud) Truffaut narra fatos de sua infância e
adolescência como: o desprezo no ambiente familiar, à inadequação na escola, o
inicio da paixão pelo cinema e os pequenos furtos. Este é o primeiro dos cinco
filmes com o personagem Antoine Doinel. Obs: O filme foi dedicado a Andre Bazin,
o mentor de Truffaut. (filme vencedor do prêmio de melhor direção no festival
de Cannes de 1959).
Na serie de curtas de 1962 , cujo tema é o amor . Truffaut
retomou as historias de seu alter-ego Antoine Doinel. Na trama, Antoine vive o
seu primeiro amor não correspondido por colette (Marie-France Pisier). O curta se destaca pela maneira delicada com a qual
truffaut conduziu a direçao e roteiro e pela trilha-sonora.
O menino Selvagem (L'enfant sauvage) (1970)
Baseado em uma historia real , o menino selvagem conta a historia de um
menino criado na natureza sem contato com a civilização que recebe o nome de
Victor (Jean-Pierre Cargol) , não acostumado com a vida em sociedade ,
ele passa a ser estudado pelo Dr. . Jean Itard (François Truffaut) que o adota
como um pai. O filme é uma metáfora para a educação e a adequação social. O
filme traz pela primeira vez o diretor atuando em um papel de destaque.
- Na idade da inocência (L'argent de Poche) (1976)
Novamente ,
François Truffaut retoma um dos seus principais temas: a infância. Desta vez o
diretor concentra a trama em um grupo de crianças e seus problemas particulares
em paralelo a escola. Um filme singelo , aonde menos é mais. Um interessante
exercicio onde direção , montagem e roteiro estão em sincronia.
O amor e
relacionamentos :
- Jules e Jim – Uma mulher para dois ( Jules et Jim) (1962)
Neste longa que conta a historia de dois
amigos que disputam o amor da mesma mulher. Neste filme o diretor reafirma os
principios da nouvelle vague , produzindo um filme essencialmente simples na
estética mas forte em
enredo e atuações.
O terceiro filme com o personagem Antoine Doinel. Truffaut construiu uma trama onde o romantismo
esta nas entrelinhas. Tecnicamente falando, o diretor voltou aos primórdios do
cinema mudo ao utilizar vários artifícios dessa época em seu filme como, por
exemplo, escurecer a tela para evidenciar a mudança de planos.
- A Sereia do Mississippi (La sirène du Mississippi) (1969)
Baseado no livro de Cornell Woolrich,
Truffaut levou as telas este interessante jogo de indentidade. Conta a historia
de Luis (Jean-Paul
Belmondo) , um homem
que marca casamento com Julie (Catherine Deneuve) , uma mulher que ele só
conhece por fotografias. Neste filme Truffaut retoma o aspecto Noir que permearam
algumas de suas obras. Podemos dizer que Foi neste filme que Truffaut voltou às
origens na sua maneira de filmar. PS: O filme teve um “remake” em 2001 (de
qualidade inferior), Pecado Original com Antonio Bandeiras e Angelina Jolie.
Arte e cultura:
Adaptado do romance de ficção cientifica escrito por Ray Bradbury , Fahrenheit 451 é um filme pelicular
na filmografia de Truffaut e também o seu primeiro filme em cores. O filme se
passa em um período totalitário onde qualquer tipo de leitura fora proibida. O
primeiro e único filme em inglês do diretor foi um avanço em muitos aspectos,
mas principalmente na sua fotografia, onde o uso de cores quentes nas lentes de
Nicolas
Roeg.
- A Noite Americana (La nuit
américaine)
( 1973)
É um dos filmes de
maior importância do diretor. Neste filme Truffaut utilizou-se da metalinguagem
na sua melhor forma. É o filme dentro do filme . A Noite Americana tem seu
enredo centrado na filmagem do filme Je vous presente Pamela e nos seus bastidores. O diretor
Ferrand (interpretado pelo próprio Truffaut) encontra vários percalços
em seu caminho na tentativa de rodar o seu filme. O filme é uma declaração de
amor de François Truffaut a
arte cinematográfica. A Noite Americana
garantiu o único Oscar da carreira do diretor : de melhor filme em 1974.