terça-feira, 4 de setembro de 2012

Compramos um Zoológico



Em Compramos um zoológico, Cameron Crowe fez um filme carregado de sutilezas sobre a difícil missão de recomeçar. Assim como seus personagens Crowe da um novo sentido a carreira com este filme.





Benjamin Mee (Matt Damon) é um viúvo e pai de família que tenta se reerguer após a recente morte de sua esposa. Ele luta contra as lembranças (físicas e emocionais) da perda da esposa enquanto se encarrega de criar seus filhos, a doce menina Rosie (Maggie Elizabeth Jones) e o adolescente Dylan (Colin Ford), que enfrenta uma fase de revolta e negação pela recente morte da mãe. Após Dylan ser expulso do colégio, Benjamin resolve dar um novo rumo as suas vidas: Compra um zoológico a beira da falência e se emprenha em reconstruí-lo, ao mesmo tempo em que ele e seus filhos reconstroem suas vidas.



Nós compramos um zoológico é o retorno de Cameron Crowe aos filmes de ficção (do qual estava longe desde Elizabethtown de 2005). Trata-se da adaptação cinematográfica do diretor para o livro homônimo de Benjamin Mee, ou seja, é uma historia baseada em fatos reais.



Crowe inicia o filme de modo magistral: em flashforward e com uma narração em off feita pelo personagem Dylan (Colin Ford), que em um epilogo narra um breve introdução sobre o pai Benjamin (Matt Damon), antes de o tempo fílmico iniciar de fato.


Cameron Crowe investiu em uma direção orgânica, privilegiando os atores e seus respectivos diálogos na narrativa. Há sim o dinamismo característico da maneira de filmar do diretor, porém o dinamismo não se sobrepõe sobre o que é mais importante: Os personagens e a historia.


Como disse acima, Cameron Crowe priorizou o poderoso roteiro e os competentes atores que tinha em mãos. Por isso, investiu em planos próximos e closes, tornando a narrativa a mais realista possível.



A fotografia de Rodrigo Prieto se destacou pela naturalidade e pelo magnetismo visual. O uso de um granulado suave em determinado momento expos sua força a favor da narrativa.


O roteiro de Cameron Crowe e Aline Brosh McKenna baseado na obra homônima de Benjamin Mee é repleto de sutilezas. Crowe e Aline concentraram suas forças em criar uma historia que tivesse força visual e diálogos simples, porém carregados de intensidade.


Uma coisa interessante a se observar nos filmes de Cameron Crowe são os arcos de evolução. Seus personagens sempre trilham uma jornada pessoal e evoluem conforme os filmes avançam. Esta característica pode ser observada aqui principalmente nos personagens Benjamin Mee e Dylan Mee (Matt Damon e Colin Ford respectivamente).


O elenco dá a impressão de ter sido cuidadosamente escalado. Matt Damon revela outra faceta de seu trabalho ao interpretar o protagonista. Ele e Colin Ford (Dylan) são responsáveis por alguns dos melhores momentos do filme.


Como eu disse acima, Colin Ford (Dylan), é um dos principais destaques do filme. O ator construiu um personagem complexo com uma interpretação ora carregada, ora sutil. Suas cenas com Matt Damon que interpreta seu pai são o ponto alto do filme.


Maggie Elizabeth Jones (Rosie) tem uma interpretação pautada na inocência e nas singelas nuances infantis. Maggie imprime em sua personagem uma interpretação quase pueril. É interessante observar o contraponto dramático entre Maggie e Colin Ford que interpreta seu irmão, o revoltado Dylan.


Elle Fanning (Lily) é outro destaque. É impressionante o crescimento da atriz conforme o filme avança. Sua parceria com Colin Ford é excelente. Eis uma atriz que vale acompanhar o trabalho daqui pra frente.



A trilha sonora de “nós compramos um zoológico” é uma agradável surpresa para os fãs do diretor, pois todos sabem o papel que a musica exerce tanto nos seus filmes, quanto na sua vida pessoal.


A trilha sonora a cargo de Jónsi tem ares de renovação: ao contrario do rock n´roll vigoroso de filmes como Vanilla Sky e Quase Famosos, aqui o rock e o folk marcam presença se encaixando perfeitamente no contexto do filme.


É inevitável não ser transformado pela experiência cinematográfica de assistir “Compramos um zoológico”.  Cameron Crowe fez um filme carregado de sutilezas e metáforas a respeito do relacionamento humano. Posso afirmar que Crowe deu outro sentido a sua carreira com este filme.







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