O funk é um
ritmo musical que veio das comunidades, das favelas. Contudo, sofre com o
preconceito e tarja de vulgar e de que faz apologia ao sexo. Para acabar com
esses preconceitos e tarjas que os mc´s carregam a cineasta Denise Garcia
dirigiu o documentário “Sou Feia mas Tô na Moda” em que mergulha no universo do
funk carioca em seu próprio território com o objetivo de dar voz a essas
pessoas marginalizadas e quebrar tabus.
Ancorado
por Deise Tigrona, o filme adentra a comunidade Cidade de Deus com o objetivo
de desmistificar os preconceitos que rondam o universo do funk tais como a
marginalidade e como dito acima se as músicas fazem ou não apologia ao sexo.
Entretanto, uma questão maior e mais importante é levantada: Se essas mulheres
que cantam sexo sem cerimônia seriam as representantes de um feminismo moderno.
A diretora
Denise Garcia de posse da sua câmera nervosa acompanha a rotina desses mcs e
moradores da Cidade de Deus no Rio de Janeiro assim contextualizando o terreno
de onde versos marginalizados (porém escutados em qualquer classe social foram
criados).
Denise fez
duas escolhas que foram essenciais para o sucesso do seu documentário.
Primeiro: colocou a funkeira Deise Tigrona como ancora fato esse que ajudou a
“quebrar o gelo” entre os outros mc´s moradores da comunidade e garante ao
filme um aspecto muito pessoal e próximo do espectador. Segundo: A “Sujeira
visual” que as imagens possuem contextualiza a raiz das letras. Como eles
mesmos dizem “a gente canta o que a gente vive” seja o sexo exacerbado de
grupos e Mcs como Tati Quebra Barraco, Deise Tigrona e o grupo Gaiola das
Popozudas ou os funks de protesto como é o caso da dupla Cidinho e Doca do hit
“Rap da Felicidade“.
Um ponto
interessante que o documentário aborda com propriedade (e nesse sentido é
preciso parabenizar a documentarista Denise Garcia por evidenciar os diversos
lados da cultura do funk) é que o filme evidencia a evolução do gênero não só
no Brasil, mas principalmente ao redor do mundo. Nesse quesito a presença do DJ
Malboro é essencial, pois sendo ele a figura responsável por levar o gênero ao
maior nível de reconhecimento (inclusive no âmbito internacional como é
mostrado no documentário).
A proposta
da diretora Denise Garcia é extremamente bem-vinda. Principalmente por quebrar
barreiras, desfazer a imagem negativa que essas pessoas tem aos olhos dos
outros, são realmente marginalizados. Acredito que o documentário faz muito
mais do que entreter e desmistificar os funkeiros. Abre caminho para uma
discussão política, social acerca de temas como as favelas e o feminismo muito
importantes nesse momento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário