“Tudo por Justiça” bem que poderia se chamar “Alta Tensão” , tamanho o nível de dramaticidade que o filme possui e provoca esse sentimento a flor da pele do espectador.
“Tudo por Justiça” aborda a relação entre os irmãos Russel(Christian
Bale) e Rodney(Cassey Affleck). O primeiro, seguindo a trajetória do pai doente
é um trabalhador braçal em uma siderúrgica. O Segundo é um jovem problemático que
é um lutador ferroz das rinhas ilegais. Mas quando tudo parece estar perdido e
os irmãos só tem a eles mesmos, Russel desenvolve seu próprio censo de justiça.
Em primeiro lugar, “Tudo por Justiça” é um daqueles filmes que deixam o
espectador inerte, pelo fato de que além da tensão ser elevada ao limite a todo
o momento provocando o espectador, o elemento surpresa torna tudo mais imprevisível.
O diretor Scott Cooper ciente do alto nível de tensão que o enredo possui
, se preocupa em canalizar esta força sobre-humana que paira sobre o longa,
construindo uma atmosfera fílmica que deixa sempre espaço para o descontrole,
para o embate.
O próprio prólogo do longa é um exemplo da violência que esta por vir.
Cooper situa esses personagens em um ambiente hostil, colocando-os em posição de
explodir a todo e qualquer momento.
Cooper incita o público , ao mesmo tempo que os personagens são incitados
a usar de força bruta(de modo que se você tiver coração fraco, este não é um
filme que eu recomendaria). Dotado de extrema inteligência e destreza fílmica,
o diretor provoca a ação , a explora e depois a corta pela metade em um hábil uso
das elipses e do corte seco , só pra depois voltar a explora-la com a devida
tensidade dramática.
Sempre com sua câmera a espreita a espera de captar reações de seus
atores, Scott Cooper é provocador ao mesmo tempo em que se revela um excelente
diretor de atores. Se de um lado ele investe nos closes, no jogo de câmera e no
corte seco para incitar a tensão , ele ainda conduz os atores a um trabalho
corporal em busca da sua brutalidade.
E você pensa que Cooper se deu por satisfeito com o ALTO nível de tensão dramática
e a raiva saindo pelos poros? Não. Ele ainda converte todos os outros elementos,
principalmente o espaço fílmico como forma de aumentar ainda mais o nível de
dramaticidade.
Utilizando-se de força bruta e intelectual, o diretor molda seu filme
como um filme muito masculino e viril. Os próprios universos, espaço e
personagens tem essa masculinidade aflorada ou ela esta a espreita de aflorar.
O trabalho de conversão dos elementos fílmicos feito pelo diretor torna “Tudo
por Justiça” um filme muito sensorial , no sentido de que a atmosfera e
principalmente a música carregam a tensão dramática.
Dotado de um trabalho de edição primoroso, o filme usa da montagem para
evidenciar a ligação e as diferenças entre Russel (Christian Bale) e Rodney(Casey
Affleck). Através da montagem paralela, o diretor ilustra as personalidades
distintas dos dois irmãos bem como a ligação emocional que eles carregam.
Usando do jogo de trucagens, o diretor brinca com os momentos tensos de cada um,
deixando o espectador sem fôlego.
A Música tem alto poder dramático nesse filme, carregando a tensão eminente,
ela age de forma sensorial, através de uma trilha instrumental que potencializa
a dramaticidade fílmica e tem seu ápice na canção “Release” da banda Pearl Jam
que abre e fecha o filme.
Christian Bale e Casey Affleck estão estupendos- pra dizer o mínimo em
suas interpretações como os irmãos Russel e Rodney. A forma como expressam as
nuances cheia de fúria de seus papeis, não só interpretando mas sim VIVENCIANDO
isso a flor da pele é absolutamente sensacional. Os atores carregam as emoções esboçam
a carga dramática capaz de deixar o espectador estarrecido. Se Affleck
surpreende pela vivacidade de seu papel desde o inicio, Bale, em uma
performance absolutamente memorável , o responsável por deixar o espectador
vidrado e de coração na boca pela brilhante forma que realiza a curva dramática
de Russel.
Eu não esperava muito de “Tudo por Justiça”. Ledo engano, trata-se de um
drama forte, emocionante, violento, sanguinário e muito masculino, de modo que você
precisa ter sangue no olho pra assistir.