segunda-feira, 30 de junho de 2014

Amazônia




É difícil colocar o longa metragem “Amazônia” em uma categoria. A produção Franco-Brasileira totalmente gravada na floresta amazônica e dirigida pelo francês Thierry Rogobert é um verdadeiro deleite visual para o espectador.

Ao demonstrar as aventuras de um macaco-prego criado em cativeiro na Amazônia em busca da sobrevivência em um mundo que desconhece, o longa metragem abre os olhos do espectador para as riquezas escondidas em nosso país.

Utilizando apenas imagens e sons dos próprios animais, “Amazônia” é um filme com uma estética visual belíssima - o que desperta no espectador a questão ambiental sobre as belezas que temos no Brasil. Sendo um filme extremamente visual, é notável a sensibilidade do diretor Thierry Rogobert em captar tais imagens que falam por si só.

Rogobert demonstra destreza em registrar as imagens como um mero espectador , sem interferir no ecossistema ali presente. A maneira com que o diretor conduz esse registro é tão encantadora e envolvente por algo que pra alguns pode ser um acontecimento trivial que prende o espectador a aquele verdadeiro espetáculo da natureza que acontece ali.

Alias, o diretor parece compartilhar e transmitir o seu encanto com tamanha beleza natural com o espectador que se vê envolto emocionalmente com a trajetória desses “personagens“.  O fato de o cineasta estar diante de tanta beleza e não interferir no percurso natural dos elementos torna o filme mais encantador ainda, pois, quando se propõe a registrar os acontecimentos como um mero espectador e deixando que a natureza seguisse seu curso e as imagens tomassem forma(apenas realçando-as com uma fotografia poderosa e bela), Rogobert coloca seu espectador em contato com um esplendor visual, em estado de inércia em torno daquelas imagens que dizem mais do que mil palavras.

Repleto de simbolismos envolto em suas imagens, “Amazônia” coloca o espectador em questionamentos a par do meio ambiente e a maneira como os seres humanos estão tratando o nosso planeta. Embora não tenha um teor sociológico- nem poderia afinal é um filme ensaio, o longa te provoca a inevitável reflexão sobre o meio ambiente.

Espetáculo puramente visual e sensorial, o longa é repleto de simbolismos e metáforas que provocam o espectador a um verdadeiro oásis visual sobre a magia e o poder das imagens.

Embora o ritmo do longa as vezes incomode não é nada prejudicial, é apenas a natureza seguindo seu curso natural. Sem duvida trata-se de um filme que exige paciência e sensibilidade devido a lentidão do seu ritmo, mas como tudo na natureza prepara-se pra ser surpreendido a qualquer momento.

Em alguns momentos , o filme remete ao estilo de documentário televisivo bem aos moldes do “Animal Planet”, mas a ausência de narração e os efeitos surpresas  que a natureza nos proporciona logo tiram essa impressão.

Eu comecei o texto dizendo que não sabia como definir esse filme. Ainda não sei mas sem sobra de duvidas, estamos diante de um deleite visual capaz de nos fazer enxergar nossas belezas naturais e começar a cuidar melhor do nosso planeta. “”Amazônia” é um despertar de consciência”.



segunda-feira, 16 de junho de 2014

Versos de um Crime



A poesia Beat e seu incontestável legado ecoa até os dias de hoje. Pena que o cinema só recentemente tenha conseguido compreender e traduzir a essência de obras tão magníficas. “Versos de um Crime” é um filme sobre a iniciação do movimento Beat focado nos poetas Allen Grisberg(Daniel Radcliffe) e Lucien Carr(Dane DeHann).

Primeiramente, é preciso dizer que estamos diante de um filme extremamente poético, não só pela natureza literária da fonte da onde o filme bebe mas sobretudo pois o diretor John Krokidas imprimiu uma poética visual nas imagens, potencializadas pela bela fotografia de Redd Morano dotada de um granulado forte.

Com uma direção poética e introspectiva pois Krokidas se deixa valer das belas imagens e da ótima trilha para conduzir longas cenas de introspeção , retratando a união e a criação literária dos jovens poetas beats. Com planos longos e cortes certeiros, o diretor ainda consegue imprimir uma agilidade e ritmo cênico mesmo em cenas mais longas.

Com o uso de trucagens e closes , o diretor consegue retratar a aproximação desses personagens em meio aquele cenário. Conseguindo dosar a introspecção poética própria do movimento com uma agilidade narrativa própria do formato cinematográfico e da criação literária sem entretanto perder sua essência.

Naturalmente esta crítica está caminhando para uma critica da sua parte visual alinhada a narrativa mas isso é inevitável , tendo em vista a beleza cênica pela qual o filme é composto. Com uma direção de arte requintada e fotografia idem, o filme de John Krokidas também possui uma beleza e aparato visual que exala a poética contida em sua narrativa.

“Versos de um crime” é sobretudo um filme de contemplação. A poesia contida na narrativa extrapola o pensamento dos personagens e ganha a forma de cenas muito bem dirigidas por Krokidas que além de conseguir dosar a poética de sua narrativa com um ritmo(com clara intenção de não tornar o filme algo cansativo). “Versos de um crime” é sobretudo um filme visual,de contemplação e reflexão. Há uma beleza admirável em cada cena, cada close, uma poesia visual que se aproxima dos longas da diretora Sofia Coppola.

A trilha sonora repleta de jazz , de certa forma é uma aliada na construção do universo estético na qual o filme transcorre. Dessa forma, a música se revela um componente narrativo de extrema importância pois transporta e contextualiza o espaço cênico para o espectador.


Krokidas se revela também um ótimo diretor de atores , pois consegue extrair de seu elenco uma interpretação naturalmente intuitiva resultando em grandes atuações.

Daniel Radcliffe definitivamente deixou pra trás Harry Potter ao interpretar o poeta Allen Grisberg , uma figura tão controversa com tamanha entrega. Seus colegas de cena Dane DeHann(Lucien) e Jack Huston(Jack Kerouac), os únicos além de Radcliffe que ganham potencial destaque, se mostrando atores competentes e viscerais em suas atuações.

O único porém do filme ocorre em seu derradeiro terceiro ato, onde tudo é mostrado de forma muito rápida e por isso mesmo confusa. Ainda assim, “Versos de um Crime” é um filme poético e belo sendo uma iniciação para os eventos de “On The Road” e joga luz sobre uma parte desconhecida da historia da geração Beat.





quinta-feira, 12 de junho de 2014

Definitely Maybe: The Documentary




Em 2014, se comemora os 20 anos do álbum de estreia do Oasis , “Definitely Maybe” e como infelizmente não teremos uma turnê de comemoração, essa data não poderia passar em branco, o documentário sobre a produção do disco homônimo está sendo relançado.

Sinceramente, devo dizer que esperava mais de um documentário que está sendo relançado pra comemorar uma data tão emblemática para o rock mundial. O documentário é sim interessante para os fãs da banda pois reafirma a posição de renovação que o Oasis trouxe para a música e detalha a composição e produção do cd detalhadamente. Porém, se não fosse o fator curiosidade e nostalgia que assola os fãs da banda, o documentário poderia passar despercebido.

O documentário tem sim preocupação em ressaltar os bastidores da produção do álbum, as histórias por trás de cada música, ressaltando as dificuldades de produção e adaptação da banda ao estrelado mas não sai muito disso.

Sim, o diretor Dick Carruthers lança mão de preciosas imagens de arquivo e tal, deixando qualquer fã da banda empolgado. Mas Charruthers não ousa na estrutura do filme, se assemelhando a um simples documentário ou mais parecendo um talk show americano, onde os convidados respondem as perguntas mecanicamente.

Há sim, uma preocupação com a estética e a montagem do filme, no sentido de ilustrar os depoimentos com as imagens de arquivo e música mas, acaba sempre retomando aquele antigo formato padrão de documentários pautado em entrevistas que cansa.

O documentário conquista o espectador pela nostalgia (seu próprio formato e recursos utilizados evidenciam isto) mas entretanto não se preocupa em conquistar novos fãs. Talvez isso seja um reflexo da data de produção do filme(foi produzido em 2004, quando a banda ainda estava na ativa), por isso não há a preocupação de mostrar o trabalho da banda a uma nova geração.

Duas grandes sacadas do documentário são o de exibir o contexto musical/ cultural na época do lançamento do álbum. E de colocar os especialistas do mercado, equipe da banda e os –na época atuais integrantes Andy Bell e Gem Archer.

O filme também peca por não dar o devido espaço a Liam Gallagher, se centralizando no processo criativo de Noel. Dessa forma, o documentário se revela um retrato belo mas desigual ao não considerar da maneira correta a importância do vocalista.

Pois convenhamos, se Noel compôs as canções FODAS desse álbum, foi a INTERPRETAÇÂO de Liam que contribuiu para eterniza-las no imaginário popular. O diretor até tenta se redimir mais pro fim destacando a figura de Liam Gallagher, não é o suficiente para alguém da sua magnitude.

“Definitely Maybe: The Documentary” é curioso e interessante , mas é mais do mesmo.