terça-feira, 11 de setembro de 2012

Pearl Jam Twenty




Dirigido por Cameron Crowe documentário em homenagem aos 20 anos da banda Pearl Jam funciona tanto como um tributo quanto conquista novos fãs.

 


Desde Elizabethtown (2005) Cameron Crowe não lançava um filme. O longo intervalo, porém resultou em uma volta tripla no ano passado em que Crowe lançou nada menos que três filmes - O longa de ficção “Nós compramos um zoológico” e os documentários “The Union” e “Pearl Jam Twenty” sobre a banda “Pearl Jam”.

 

Narrado pelo próprio Cameron Crowe, o documentário mergulha fundo na historia do grupo liderado por Eddie Vedder. O filme começa por narrar a breve trajetória da Mother Love Bone- banda que acabou devido ao falecimento de Andrew Wood.

 

O documentário narra os primordios do Pearl Jam a sua ascensão meteórica. Combinando entrevistas e imagens de arquivo.  Cameron Crowe realizou um documentário que atende a dois públicos: Para os fãs antigos funciona como um tributo (embora o filme possua uma linguagem atual em sua narrativa) e para os novos fãs é um intenso mergulho na historia da banda.

 

Um mergulho intenso e verdadeiro, diga-se de passagem. Estão presentes ali a camaradagem entre os integrantes, os problemas e o seu já conhecido ativismo, além da recusa de se tornar algo meramente comercial.

 

A opção de Crowe pela montagem paralela lhe permite fazer um painel passado-presente junto aos integrantes devido às imagens de arquivo e entrevistas.

 

Por falar em entrevistas, a escolha de Cameron Crowe de assumir a postura de entrevistador faz toda a diferença. Devido a sua relação próxima com os integrantes esta escolha parece natural e não mecânica como é comum ver em outros documentários.

 

A agilidade e o dinamismo- características da obra de Cameron Crowe estão aqui presentes, contribuindo para tornar o filme mais interessante visualmente do que já é por si só.

 

 

A escolha de Cameron Crowe de realizar um documentário próximo dos fãs (algo que o Pearl Jam respeita muito), tornando-os parte da narrativa do filme foi um grande acerto. O resultado é um documentário extremamente rico, por isso eu ouso afirmar que “Pearl Jam Twenty” é o documentário definitivo da banda.  

 

 

 

  

 

 

 

 

 

 

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Intocáveis





 
Segunda maior bilheteria da história da frança, filme exalta as diferenças, o valor da amizade e tem no seu roteiro e em seus dois protagonistas o seu maior trunfo.

 

Driss (Omar Sy) um jovem que acaba de sair da prisão parisiense é expulso de casa pela mãe adotiva. Desmotivado ele vai em busca do seu seguro-desemprego na mansão do rico empresário Philippe (François Cluzet), um viuvo que ficou paraplegico logo após a morte da esposa. Ao contratar Driss como seu enfermeiro eles constroem uma amizade pautada pela verdade , esquecendo as limitaçoes fisicas e sociais que os separam.

 

 

O filme de Olivier Nakache e Éric Toledano começa com o flashforrard evidenciando a amizade dos protagonistas, criando uma expectativa no espectador sobre o que acontecer. Após esse prólogo a ação salta para o tempo presente com o objetivo de construir a relação de amizade que une os personagens.

 

Os diretores Olivier Nakache e Éric Toledano intercalaram em seu filme planos curtos (sobretudo no primeiro ato) e longos (no segundo ato em diante).

 


Olivier e Éric fizeram bom uso da interpretação naturalista dos atores ao abusar (no bom sentido) do uso de closes na narrativa. O uso de contra plongee acompanhado do movimento de câmera panorâmica também é frequente.

 

O roteiro de Olivier Nakache e Éric Toledano concentrou suas forças em construir a relação de amizade entre Driss (Omar Sy) e Philippe (François Cluzet) e suas respectivas trajetórias pessoais. Entretanto essa escolha acaba deixando os demais personagens à margem na trama.

 

O enredo é centrado principalmente nos personagens Driss (Omar Sy) e Philippe (François Cluzet) foram necessários que os atores tivessem duas principais coisas: química para que houvesse um entrosamento natural quando juntos em cena e intensidade dramática para que pudessem trabalhar as nuances de cada um, além das características pessoais de cada um.

 

A julgar pelo desempenho dos atores em cena eu afirmo que a confiança depositada neles foi um grande acerto. François Cluzet (Philippe) soube transmitir com veracidade em interpretação as diversas mudanças que seu personagem passa, já que cabe a François a trama mais dramática do filme sem duvida.

 

Omar Sy (Driss) por sua vez é responsável pelo humor do filme, ainda que seu personagem tivesse um “passado” dramático. É interessante observar como Omar deixou aflorar sua interpretação, deixando seu personagem mais leve conforme o filme avança.

 

A habilidosa fotografia de Mathieu Vadepied se sobressai nas sequencias noturnas. Mathieu adicionou as suas lentes um granulado suave que dão um brilho especial às sequencias.

 

A trilha sonora a cargo de Ludovico Einaudi possui duas vertentes distintas que representam os protagonistas. Enquanto a música clássica representa Philippe (François Cluzet) e sua personalidade mais fechada e reclusa, a musica “pop” representa a juventude de Driss (Omar Sy) e sua personalidade expansiva.

 

 

O cinema já é uma arte mágica por natureza, o cinema francês por sua vez tem um charme todo especial. Partindo desse principio, eu lhes digo: Assista “Intocáveis” e se permita-se se deixar levar pelos encantos desse filme, pois certamente você sairá modificado da sala de cinema.

 

 

 

 


 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Elizabethtown



Nesta comédia dramática, Cameron Crowe continua suas tramas de personagens focados em suas jornadas pessoais. Desta vez, porém, ele enfoca a busca pelo autoconhecimento e a relação do ser humano com a morte.

 

Drew (Orlando Bloom) é um bem-sucedido designer de calçados, todavia um dos calçados que projetou apresenta problemas, causando sua demissão. Ao mesmo tempo seu pai falece e ele é obrigado a viajar para cuidar do sua cremação, no avião conhece Claire (Kristen Dunst), uma comissária de bordo com quem desenvolve uma relação fraternal ao mesmo tempo em que conhece uma parte da família-e de si mesmo que desconhecia.

 

Cameron Crowe fez de Elizabethtown um filme sobre busca interior em paralelo ao sucesso pessoal. Para tanto optou por alternar sua característica sucessão rápida de planos (sobretudo no primeiro ato) e diminuir o ritmo do segundo ato em diante, ainda que mantivesse certa agilidade natural.

 

Crowe fez uso de closes e do plano próximo em conjunto com a panorâmica com o objetivo de trilhar a trajetória pessoal do protagonista Drew (Orlando Bloom), além disso, o movimento de câmera circular também aparece com frequência.

 

Uma grande sacada de Crowe foi dar ao protagonista Drew (Orlando Bloom), a função de “Contar” a própria historia. Dessa maneira Drew assume a função de narrador Over. Mais tarde Claire (Kristen Dunst) também assume essa função no terceiro e ultimo ato do filme.

 

Quem conhece Cameron Crowe e seus trabalhos como diretor sabe como a música tem papel fundamental na sua vida profissional e pessoal. Em Elizabethtown Crowe não foge a regra e permeia o filme com uma trilha que vai do pop rock a canções com um cunho poético.

 

O roteiro escrito por Cameron Crowe centralizou-se no protagonista Drew (Orlando Bloom) e na sua jornada pessoal. Crowe foi hábil na construção do personagem principal de modo que seu processo de evolução foi evidente ao longo do filme. Cameron também construiu a relação de Claire (Kristen Dunst) e Drew de forma gradativa. Entretanto Crowe não deu o mesmo embalsamento dramático aos personagens coadjuvantes. (nada que prejudique o resultado final do filme).

 

A fotografia de John Troll utilizou-se de luzes naturais a maior parte do tempo, entretanto em alguns momentos evidenciamos a presença de um granulado em contraponto a luz natural.

 

Utilizando um tema que poderia render uma abordagem mais soturna (a morte), Crowe fez um filme muito particular sobre as relações humanas e o crescimento. É o tipo de filme em que as pequenas coisas dão o tom da trama  ao tomarem grandes proporções.

 

 

  

 

 

 

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Compramos um Zoológico



Em Compramos um zoológico, Cameron Crowe fez um filme carregado de sutilezas sobre a difícil missão de recomeçar. Assim como seus personagens Crowe da um novo sentido a carreira com este filme.





Benjamin Mee (Matt Damon) é um viúvo e pai de família que tenta se reerguer após a recente morte de sua esposa. Ele luta contra as lembranças (físicas e emocionais) da perda da esposa enquanto se encarrega de criar seus filhos, a doce menina Rosie (Maggie Elizabeth Jones) e o adolescente Dylan (Colin Ford), que enfrenta uma fase de revolta e negação pela recente morte da mãe. Após Dylan ser expulso do colégio, Benjamin resolve dar um novo rumo as suas vidas: Compra um zoológico a beira da falência e se emprenha em reconstruí-lo, ao mesmo tempo em que ele e seus filhos reconstroem suas vidas.



Nós compramos um zoológico é o retorno de Cameron Crowe aos filmes de ficção (do qual estava longe desde Elizabethtown de 2005). Trata-se da adaptação cinematográfica do diretor para o livro homônimo de Benjamin Mee, ou seja, é uma historia baseada em fatos reais.



Crowe inicia o filme de modo magistral: em flashforward e com uma narração em off feita pelo personagem Dylan (Colin Ford), que em um epilogo narra um breve introdução sobre o pai Benjamin (Matt Damon), antes de o tempo fílmico iniciar de fato.


Cameron Crowe investiu em uma direção orgânica, privilegiando os atores e seus respectivos diálogos na narrativa. Há sim o dinamismo característico da maneira de filmar do diretor, porém o dinamismo não se sobrepõe sobre o que é mais importante: Os personagens e a historia.


Como disse acima, Cameron Crowe priorizou o poderoso roteiro e os competentes atores que tinha em mãos. Por isso, investiu em planos próximos e closes, tornando a narrativa a mais realista possível.



A fotografia de Rodrigo Prieto se destacou pela naturalidade e pelo magnetismo visual. O uso de um granulado suave em determinado momento expos sua força a favor da narrativa.


O roteiro de Cameron Crowe e Aline Brosh McKenna baseado na obra homônima de Benjamin Mee é repleto de sutilezas. Crowe e Aline concentraram suas forças em criar uma historia que tivesse força visual e diálogos simples, porém carregados de intensidade.


Uma coisa interessante a se observar nos filmes de Cameron Crowe são os arcos de evolução. Seus personagens sempre trilham uma jornada pessoal e evoluem conforme os filmes avançam. Esta característica pode ser observada aqui principalmente nos personagens Benjamin Mee e Dylan Mee (Matt Damon e Colin Ford respectivamente).


O elenco dá a impressão de ter sido cuidadosamente escalado. Matt Damon revela outra faceta de seu trabalho ao interpretar o protagonista. Ele e Colin Ford (Dylan) são responsáveis por alguns dos melhores momentos do filme.


Como eu disse acima, Colin Ford (Dylan), é um dos principais destaques do filme. O ator construiu um personagem complexo com uma interpretação ora carregada, ora sutil. Suas cenas com Matt Damon que interpreta seu pai são o ponto alto do filme.


Maggie Elizabeth Jones (Rosie) tem uma interpretação pautada na inocência e nas singelas nuances infantis. Maggie imprime em sua personagem uma interpretação quase pueril. É interessante observar o contraponto dramático entre Maggie e Colin Ford que interpreta seu irmão, o revoltado Dylan.


Elle Fanning (Lily) é outro destaque. É impressionante o crescimento da atriz conforme o filme avança. Sua parceria com Colin Ford é excelente. Eis uma atriz que vale acompanhar o trabalho daqui pra frente.



A trilha sonora de “nós compramos um zoológico” é uma agradável surpresa para os fãs do diretor, pois todos sabem o papel que a musica exerce tanto nos seus filmes, quanto na sua vida pessoal.


A trilha sonora a cargo de Jónsi tem ares de renovação: ao contrario do rock n´roll vigoroso de filmes como Vanilla Sky e Quase Famosos, aqui o rock e o folk marcam presença se encaixando perfeitamente no contexto do filme.


É inevitável não ser transformado pela experiência cinematográfica de assistir “Compramos um zoológico”.  Cameron Crowe fez um filme carregado de sutilezas e metáforas a respeito do relacionamento humano. Posso afirmar que Crowe deu outro sentido a sua carreira com este filme.







segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Losers


 

 
O bullying sempre existiu, porém nos últimos anos ganhou a devida atenção. Trata-se de qualquer forma de exclusão, intimidação, violência física e psicológica. É mais comum ocorrer no ambiente escolar, porém pode ocorrer fora dele também.

 

Particularmente, o tema me desperta grande interesse pelo fato de que eu fui vitima de bullying (algo que deixei claro na minha crítica de Elefante, outro filme sobre o tema).

 

O curta metragem dirigido pelo grupo Everynone, apresenta uma série de jovens no ambiente escolar e em momentos de lazer, colocando em foco a exclusão e os atos dos bullys.

 

O curta utiliza-se da montagem paralela e da sucessão rápida de planos para demonstrar os atos de violência e intimidação.

 

 
Como o objetivo do curta é tratar o tema de forma realista e crível possível, a direção optou pela predominância de closes dos rostos dos atores durante os atos de violência física, verbal e psicológica, dessa forma coloca as potenciais vitimas em primeiro plano.

 

Um fato interessante é que durante as cenas de agressão verbal, o bully, não é colocado em foco, sua voz vem de fora de campo (talvez para evidenciar o poder agressor de simples palavras).

 

 

Concluindo, eu acredito que este curta cumpriu seu papel de alertar e fazer as pessoas refletirem sobre o problema (sem, entretanto ser didático). A qualidade do curta e a forma como o assunto foi tratado é de grande valia para conscientizar as pessoas para este problema.