Eu sou um grande fã de Realitys Shows como já
mencionei aqui sobretudo aqueles que possuem um caráter confessional
semelhante a um estilo soap-opera e a proximidade desses filmes com os
documentários. Outro exemplo de documentário nesse estilo é "Um Lugar ao
Sol" do cineasta Gabriel Mascaro.
Neste filme Mascaro adentra o cotidiano de
moradores de uma luxuosa cobertura no Rio de Janeiro onde propõe um retrato de
suas vidas e uma reflexão sobre temas como Status,posição social,luxo,conforto
e poder.
O que realmente torna "Um Lugar ao
Sol" minimamente interessante são os depoimentos dos moradores do condomínio
de luxo. através deles podemos ter um reflexo do significado do "Status
Social", sua relação com o dinheiro , a ideia de superioridade, a
diferença entre luxo e conforto, ambições ,exclusividade e o olhar sobre o
outro.
Tendo depoimentos de todos os tipos desde o
"novo rico" até aquele com consciência da realidade e do conceito de
igualdade social passando por aqueles que revelam uma posição de superioridade
inflada presos as suas próprias "bolhas" particulares que a sua
situação social lhe permite revelando assim um alto e gravíssimo estado de
alienação que chega a níveis tão alarmantes que acaba por assustar o espectador
que aquele individuo teve coragem de falar abertamente aquelas insanidades
perante a presença de uma câmera. Enquanto outros em contrapartida apesar de
cientes da sua posição social privilegiava possuem uma consciência e
preocupação com o próximo.
Esta é a "batalha" conceitual de
"Um Lugar ao Sol" o filme nada mais é do que um estudo dos estados de
consciência e alienação que acomete as classes sociais. Parece que estamos
assistindo a um novo episódio de "Mulheres Ricas" ou qualquer
programa do gênero mas enquanto o Reality Show tem no humor uma válvula de
escape para justificar a extravagância e insanidades cometidas pelos seus
"personagens". Aqui, por outro lado não temos humor o que temos é o
espetáculo degradante da alienação salvo alguns participantes que se
preocuparam em enriquecer também o cérebro e não apenas a conta bancária.
Interessante observar a questão da perda de
pudores e exibicionismo versus a intimidade e privacidade. Os participantes tem
a clara intenção de desfazer ou reforçar - e quando o fazem é sem vergonha
nenhuma os estereótipos que são construídos a sua volta pela hierarquia social
a que pertencem. Ou o rico se preocupa em demonstrar sua preocupação com a
figura do outro ou reforça sua posição de superioridade.
Gabriel Mascaro imprime(ou tenta imprimir) uma
direção pífia ao filme. Investindo nos jogos de câmera que quase destroem
momentos cruciais dos depoimentos. Além de quebrar a continuidade com planos
gerais desnecessários. Seria melhor se Mascaro fosse apenas um mero ouvinte
durante todo o filme e deixasse os reais protagonistas conduzir o documentário.
No fim, "Um Lugar ao Sol" se revela
um estudo dos estados de alienação e consciência social. Uma proposta
interessante que se aproxima dos Realitys Shows sim mas se perde na própria
grandiosidade se revelando um filme vazio.